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Componentes de Beija-Flor e Salgueiro contam orgulho e admiração por enredos que valorizam a cultura negra

Temas tão próximos da história de sua gente, dos componentes, das comunidades de Nilópolis e do Morro do Salgueiro, é de se imaginar que haverá um gás maior para o desfile, além de um orgulho pela defesa de tão importante bandeira

Duas das escolas mais tradicionais do Rio de Janeiro levarão para a Avenida em 2022, enredos que valorizam a contribuição do negro para a humanidade, reagindo ao racismo e a discriminação, temas ainda tão presentes infelizmente em uma realidade não só do país onde vivemos, mas no mundo em geral. “Resistência” e “Empretecer o pensamento é ouvir a voz da Beija-Flor” trazem muito da história e da essência do Salgueiro e da Deusa da Passarela que sempre tiveram em seu passado carnavais voltados para esta temática.

Do lado da Beija-Flor, a aposta para o Carnaval 2022 é trazer toda a contribuição intelectual do negro para a constituição de um Brasil mais africano, valorizando, é claro, a sua gente de Nilópolis. Já o Salgueiro, vai lembrar que foi pioneira na introdução da temática africana nos desfiles de escola de samba, indo na contramão de “narrativas oficiais”, valorizando personalidades negras como Xica da Silva e Zumbi, além da história do próprio Morro do Salgueiro.

Com temas tão próximos da história de sua gente, dos componentes, das comunidades de Nilópolis e do Morro do Salgueiro, é de se imaginar que haverá um gás maior para o desfile, além de um orgulho pela defesa de tão importante bandeira, que é a própria razão do carnaval de escolas de samba existir. Por isso, a reportagem do CARNAVALESCO conversou com os protagonistas do enredo e entrevistou componentes da Beija-Flor e Salgueiro que desfilaram na festa de Abertura do Rio Carnaval.

Dona Nilcéia Alves da Silva da ala das baianas do Salgueiro, desfila na escola já há 13 anos. Para a componente, os enredos levantam questões importantes não só para o carnaval mas para toda a sociedade.

“Eu acho muito importante porque é a história da nossa gente, do nosso povo. Na verdade, a nossa gente, o nosso povo está sempre resistindo a tudo. É importante nesse sentido, não só do carnaval, mas a resistência em todos os sentidos. O carnaval, o samba não pode morrer, e, eu acho que com todas as dificuldades, com tudo que nós estamos passando, será um carnaval bom sim por esses temas levantados também”.

A integrante da ala “arte e folia” da Beija-Flor, comandada pela coreógrafa Valéria Brito, Shayana Baptista, após o desfile realizado na Abertura do Rio Carnaval, falou daquilo que entende ser “empretecer o pensamento”, enredo da Soberana.

“Empretecer o pensamento é lutar contra o racismo, é valorizar a nossa cultura preta, é mostrar toda a nossa raiz linda, forte, isso é empretecer o pensamento, é isso que a Beija-Flor quer mostrar. Essa força, essa resistência, essa luta diária, mas que também traz muito samba, e traz muita alegria para todos nós”.

Para Amauri Júnior, da ala dos passistas do Salgueiro, o momento é propício para a defesa do tema, já que os atos de racismo e de discriminação tem acontecido com rotina. O passista também aproveitou para pedir que o grito de resistência também seja estendido para outros grupos também discriminados.

“Olha, acredito que a importância é a máxima possível, porque, além de estarmos vivendo um momento muito difícil, precisamos muito viver e registrar que somos resistência de verdade, estamos aqui demonstrando a nossa força, o nosso poder, a nossa palavra, o nosso samba, e abrilhantar a cultura do carnaval. O momento é esse, de mostrar nossa resistência de verdade e mostrar que o negro, o gay, o macumbeiro, que estão passando tantas coisas difíceis, hoje e no desfile vão poder mostrar o potencial”.

Welton Miranda, integrante da comissão de frente do Salgueiro, comandada por Patrick Carvalho, entende ser natural para ele essa luta apresentada no enredo de Beija-Flor e da Academia por ele presenciar as dificuldades na própria pele.

“Para mim, não é só defender, né, porque faz parte da minha ancestralidade já vem do meu sangue, isso está em mim. Se eu fosse falar que eu estou defendendo uma coisa que estou agarrando, isso já é meu. E, é de grande importância defender isso com unhas e dentes, a resistência, ela não pode nunca ser calada, ela tem que continuar resistindo, resistindo, para a voz da liberdade vir”.

Lucas Eduardo, passista da Beija-Flor, também falou sobre os enredos do Salgueiro e da Soberana. O passista relembrou grandes personalidades negras que foram criadas dentro da própria escola e que hoje são referências dentro e fora do carnaval.

“A Beija-Flor sempre foi uma escola de dar valores a sua comunidade. E a comunidade da Beija-Flor, de Nilópolis, sempre foi preta. Sempre tivemos boas referências: Neguinho da Beija-Flor, Selminha Sorriso, Claudinho, Piná. Não tem como ser diferente. Eu sou passista da Beija-Flor, negro, jornalista, e também representante desse povo negro, que tanto luta, que tanto batalha pela nossa liberdade, pelo nosso reconhecimento, isso é muito importante.

Nos desfiles que acontecerão em abril, o Salgueiro será a terceira escola a desfilar no primeiro dia do Grupo Especial, e a Beija-Flor vai encerrar o mesmo dia, já na madrugada do dia de São Jorge.

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