Com enredo em homenagem a Oxóssi, padroeiro da escola, a Mocidade desfilou na madrugada deste domingo na Marquês de Sapucaí. A escola se destacou bastante com a Comissão de Frente, no samba, que foi bastante cantado no Sambódromo, e no bom conjunto de fantasias. Contudo, a agremiação apresentou graves erros de evolução por conta um problema no abre-alas. A Estrela Guia também pecou no acabamento de algumas alegorias, em apresentação que durou 68 minutos. * VEJA FOTOS DO DESFILE

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Comissão de Frente

Coreografada por Jorge Teixeira e Saulo Finelon, a Comissão de Frente, nomeada como ‘Oxóssi é Caçador de Uma Flecha Só’, teve 15 componentes, todos homens. O primeiro segmento da escola promoveu uma encenação de um dos itans de Oxóssi, onde o orixá encerra sofrimento de uma aldeia enfeitiçada por uma bruxa. Caçadores tentaram eliminar o mal, mas sem sucesso, aí é a vez de Oxóssi, conduzido por guias da natureza, que com a flecha única e certeira, consegue acertar a ave assombrava a região.

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Os caçadores vieram com tambores, que acendiam em led aos batuques dos dançarinos. No módulo três, no setor seis, no entanto, dois elementos não acenderam. Alguns tambores também apresentaram acabamento deficitário. Contudo, a coreografia foi executada de forma impecável e no fim, a flecha de Oxóssi, em verde neon, era lançada ao ar com um drone, e acertava o pássaro, representado por um homem em um alto elemento cênico. Toda apresentação durou cerca de três minutos.

Mestre-Sala e Porta-Bandeira

O primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira simbolizou Mutalambô, a face divina da natureza do caçador. A intenção foi passar a mensagem a força das mulheres caçadoras e valentia dos guerreiros. Ainda na simbologia da coreografia, ao unir virtudes dos dois, Oxóssi se converte em Mutalambô, deus da caça, fartura e abundância. Diogo Jesus vestia roupas em dourado com tons de verde, esplendor com flecha e riqueza de detalhes na fantasia. O figurino de Bruna Santos tinha saia branca com detalhes verdes nas pontas e esplendor com flechas atrás. Os dois passaram sem erros em todos os setores, demonstraram sincronia, e elegância na apresentação, que durou cerca de 2m15s.

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Harmonia

A escola se destacou bastante no canto, e teve o samba bastante entoado na Sapucaí. As bossas da bateria também impulsionaram ainda mais a escola, que gritava o refrão, assim como as arquibancadas. As alas também passaram bastante animadas, cantando e brincando. Destaque para a ala 11, ‘As Penas de Oxalá: Ministro Sagrado do Reino’ que evoluiu muito bem no canto, assim como a ala seguinte ‘Os Alaketus: Os Reis da Cidade de Ketu’.

Enredo

No primeiro setor, a Mocidade promoveu uma grande anunciação a Oxóssi. Naquele momento, foi abordado a ancestralidade desse grande batuque com o toque do agueré. Na sequência, a escola explicou as origens do orixá, onde nasceu, família, com outros orixás, como Exú, Ogum, Iemanjá. A intenção aqui também foi explicar o motivo de Oxóssi ser o orixá da caça, com ajuda de Ogum e conselhos de Ossain. No terceiro setor, a Mocidade contou os itans, lendas relacionadas a Oxóssi com outros orixás como Iansã, Otim, Oxumaré e Oxalá.

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O quarto setor da escola já faz uma abordagem de Oxóssi na chegada ao brasileiro passando pelo sincretismo religioso, onde no catolicismo se transforma em São Sebastião. Mostra também a mistura das religiões de matriz africana com a indígena brasileira para o surgimento também da Umbanda. O setor também fez uma referência às casas de Candomblé pelo país com tema central na casa de Tia Chica, por onde chega a cultura dos ritmos africanos, como o agueré. O último setor rendeu uma grande homenagem à bateria ‘Não Existe Mais Quente’, que tem como marca essa ancestralidade do agueré.

Evolução

A questão mais problemática da Mocidade ficou por conta do quesito evolução. Logo no início, a escola abriu um buraco em frente ao primeiro módulo por conta da dificuldade de locomoção do abre-alas. Os tambores acoplados à frente do carro tiveram não avançaram e precisaram ser empurrados. Ao passar pelo último módulo, os elementos foram desacoplados. O problema com o carro abriu outros buracos na Avenida, como no último setor. A escola evoluiu de forma retardada, ficou parada por vários minutos e no final precisou correr, e alas passaram rápido nos últimos setores. A primeira alegoria ainda soltou bastante água na pista, o que causou impacto na parte dos pés das fantasias de alguns componentes.

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Samba

O samba, que já era elogiado no pré-Carnaval, correspondeu na Avenida e foi bastante cantado pela escola. O refrão foi gritado pela comunidade, assim como o refrão do meio. Outras partes, como de ‘Samborê, pemba, folha de jurema’ até ‘Quem rege meu Orí, governa minha fé’. De ‘Oh, juremê, oh, juremá’ até ‘Mandiga de Tia Chica fez a caixa guerrear’ é outro momento do samba que se destacou. O carro de som, comandado por Wander Pires também teve ótimo desempenho.

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Fantasias

Logo na primeira ala, ‘Ancestralidade Independente’, a Mocidade mostrou beleza nas fantasias com bonito acabamento, muitos detalhes em verde e um grande elemento na cabeça. Os componentes vieram com bengalas, representando essa essência ancestral. Na sequência, a Mocidade trouxe alas fantasiadas com orixás que tem histórias ligadas a Oxóssi, como Exu, Ogum, Iemanjá, Ocô, Ossain, Otin, Iansã, Oxumaré e Ikú. Todos os figurinos apresentaram riqueza de detalhes, cores vibrantes, acabamentos impecáveis e criatividade de Fábio Ricardo.

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A ala das Baianas veio como ‘As Sacerdotisas do Terreiro’, como uma homenagem às ialorixás, as mães de santo. Com amuletos, riqueza de detalhes e bonita cabeça, a ala chamou atenção. A ala 18, ‘Caveiras e Muralhas: Os Guerreiros de Ketu’ apresentaram grandiosidade, em esplendores verdes, nas cores do orixá. No último setor da escola, a Mocidade reproduziu algumas fantasias de baterias da agremiação nas últimas décadas, de desfiles memoráveis da Estrela Guia, como ‘Ziriguidum 2001’, de 1985; ‘Chuê, Chuá, as Águas vão Rolar’, de 1991; ‘Sonhar Não Custa Nada’, de 1992; e ‘As Mil e Uma Noites de Uma Mocidade pra lá de Marrakesh’, de 2017, ano do último título da escola.

Alegorias

A primeira alegoria, ‘Toque da Anunciação: Um Destino Escrito nas Estrelas’ trouxe Orunmilá com seu Ozum. O símbolo da Mocidade é posicionado por Orunmilá no opon, tábua sagrada, enquanto olodés apontam ao arco e a flecha para todos os lados. Tamobores aparecem no primeiro carro, assim como nos demais, para simbolizar o batuque e o toque do agueré. A alegoria chamava atenção por muito verde e muito dourado e a escultura gigante giratório de Orunmilá. Contudo, a alegoria, contudo, apresentou problemas com os dois tripés que estavam acoplados, e estes exigiram muita força dos membros de apoio. Na sequência, Iroco, orixá do tempo, na figura de uma grande árvore, foi levada para a Avenida. Esta foi conduzida por odés, que se alimentam da árvore.

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O segundo carro da Mocidade trouxe um grande elefante como consta em um dos itans de Oxóssi. O carro remetia às savanas africanas com espumas em bege, contudo, o acabamento da alegoria deixou a desejar e forma vistas pedaços de pano soltos e partes coladas com fita aparente. Na sequência, a Mocidade trouxe a alegoria ‘Entre Tambores e Dores: Uma terra devastada’. O carro representava a destruição de Ketu com um africano esculpido e martirizado como parte central. O carro, contudo, também teve problemas de acabamento. Na sequência a escola trouxe um grande terreiro de candomblé com Tia Chica como destaque em escultura gigante. O carro era predominantemente branco e verde. Por fim, a escola trouxe uma grande homenagem aos mestres da escola em carro prateado, com a imagem de grandes personalidades da bateria, como André, Coé, Quirino, Jorjão, Bira. Os queijos dos destaques eram nos formatos de estrela e luzes verdes davam bom impacto visual.

Outros Destaques

A bateria do mestre Dudu, que veio na representação de Oxóssi, foi um dos destaques com bossas que levantaram a comunidade e as arquibancadas. O Castorzinho também chamou atenção na Sapucaí e foi requisitado pelo público para fotos.

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