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Com comunidade feliz, Dragões da Real promete fazer o enredo para o Carnaval 2024 com resgate histórico e cultural

Presidente Renato Remondini, o Tomate, falou sobre a temática afro chegando na jovem escola de samba de São Paulo

Um enredo com características diferentes da Dragões da Real é a grande aposta da escola para o Carnaval 2024. O presidente Renato Remondini, o Tomate, falou sobre a temática afro chegando na jovem Dragões.

Fotos: Fábio Martins/CARNAVALESCO

“Primeiro que a Dragões gosta do diferente, gosta do novo, de inovar e de ousadia. Um enredo que quando eles trouxeram, a gente ficou realmente apaixonado. Pois é um resgate histórico, cultural, é uma forma de reparação, cada um fazendo sua parte, principalmente nós. Uma escola que não tem tradição alguma em fazer enredos nesta linha do afro, mas sempre fomos muito apaixonados por isso. Vínhamos pedindo essa linha de enredo anteriormente. Não calhou do ano passado por conta do enredo que veio, que era patrocinado. Mas só tem que agradecer, e tenho certeza que será um baita de um trabalho. Vocês viram a resposta da comunidade, em êxtase. É aquele enredo que conversamos lá atrás com o pessoal, falei ‘meu, quero ver alguém falar mal desse enredo, não tem como’. Então é uma grande responsabilidade para nós, mas gostamos desses grandes desafios para fazer um grande trabalho”.

Na época da explicação sobre o enredo, o carnavalesco Jorge Freitas indo para o segundo carnaval na Dragões, falou sobre o surgimento da ideia em conversa com o site CARNAVALESCO: “O enredo surgiu de diversas pessoas, pensando no que fazer de um tema forte para o carnaval de 2024. Nada melhor do que fazer um resgate histórico, de um tema que é tão forte, um tema histórico, que vai ser apresentado totalmente diferente das que vem sendo apresentada. Valorização de um continente, o africano, estamos falando de um continente e diversos países. Essa é a homenagem da Dragões para o carnaval de 2024. E a Simone Sampaio (madrinha da escola) vai desenrolar toda a história”.

Juntos na entrevista, Jorge Freitas fez questão de jogar a explicação para Simone Sampaio, que tem papel determinante no desenvolvimento do tema, e a ela já iniciou com uma resposta sobre o que muita gente questionava…

“O que você vai me fazer, a pergunta que todo mundo faz a respeito de uma escola que sua maioria branca falando da cultura ancestralidade negra. É esperado esse enredo de uma Vai-Vai, Nenê, Mocidade, e tantas outras que tem no seu berço, a grande maioria pessoas negras. A gente vai para a realidade, digo que sabemos a história irreal. Por que é irreal? Pois ela é contada uma parte, os quais meus ancestrais ficavam enrolados em saco de estopa, os meus escravizados, essa é a história da nossa colonização, a qual construiu-se esse racismo estrutural. Mas a história real é de cabeças coroadas, começa antes, e é isso que a Dragões da Real vai contar. A história que não é contada, ela vai revelar mas junto com sua comunidade, que é na sua maioria branca, vai dialogar, desconstruir, vai construir, sabe porquê? Pois só juntos, não dá para combater, o combate não é o homem branco com a mulher negra, ou o homem e a mulher vice-versa, é sobre o racismo, intolerância, o preconceito, a violência. E isso só vai ser combatido juntos, por isso é tão importante em uma escola que sua maioria branca ver como aliado, mas não contando a história que mesmo os que estão preparados, contam”.

Prosseguindo a explicação detalhada, Simone Sampaio complementou: “A história real, onde ela começou, onde seus reis foram escravizados e vendidos. Contar a história, mas não de escravos, de todos os seus reis e rainhas, essa história real entende? Descobri isso, não foi doutrinada, eu não aprendi com alguém que me contou. Costumo dizer que estava aqui ó (mostrando a pele), as pessoas perguntam para mim ‘mas eu sempre fui imponente’, converso com minha filha, meu bendito fruto que é hoje embaixadora da juventude da ONU, e empodera mulheres negras. Mas ela teve que aprender. Essa geração já conta a história real, mas muita gente não conhece, é preciso que a gente reconstrua. Mas tendo o branco como aliado, vivemos juntos, através da arte, da cultura, da música, da alegria, que somos a escola mais feliz do carnaval, por isso eu disse ‘vamos juntos’, é sobre isso. É óbvio que não haverá nenhuma história contada sobre nós, sem nós. Aqui não haverá, porém é digno, é justo, que a Dragões seja uma aliada nesta desconstrução”.

Prosseguindo o tema, Mahryan Sampaio, filha de Simone, que é uma voz forte em lutas raciais e de direito, ressaltou todo o trabalho na construção do tema para 2024.

“A Dragões traz essa história, não somente como enredo né, a gente tem certeza que vamos mergulhar em um ano com muito aprendizado e conhecimento, autoconhecimento, entregando isso para nossa comunidade. E para quem tiver em casa ou na avenida, assistindo o desfile também. É uma coisa muito bacana, a Dragões fala de África em um momento muito propicio para isso, e que a gente finalmente entende que o antirracismo não é feito só pelo movimento e pelo povo negro, mas também pelos aliados, por todos. Pelos guerreiros, aqueles que lutam, e que apoiam. É um ano muito grande, incrível, sabemos que tem muito trabalho para fazer, trabalho de conscientização muito grande, aprendizado que vai ser feito. E isso só me orgulha de maneira absurda”.

A Dragões vai contar a história da África de uma maneira que chamam de ‘a história real, ou seja, não através de escravidão e tudo mais, mas sim o antes de tudo isso. Sua filha, Mahryan reforçou o discurso em conversa com o site CARNAVALESCO.

“O verdadeiro antirracismo é realmente esse, como minha mãe disse, eu faço parte dessa geração que entrou em contato com a história de África dos meus ancestrais, entendendo que não sou filha e descendente de escravos, mas sim de pessoas que foram escravizados, maior crime que a humanidade já cometeu. Pois na verdade nós somos descendentes de reis, rainhas, grandes guerreiros, amazonas, locais como Daomé, então a gente saúda todos esses reis e rainhas. E vem contar essa história para o povo brasileiro, entendendo que o povo negro precisa resgatar sua identidade e sua verdadeira ancestralidade. Para alcançar e resgatar essa força e essa resistência”.

Carnavalesco Jorge Freitas explica o processo da escolha do enredo

Sobre a participação da Simone Sampaio dentro do enredo, e todo o desenvolvimento, Jorge Freitas explicou um pouco e falou com orgulho sobre a aprovação imediata.

“Na verdade foi um conjunto, acho que é o momento. É um momento de estar fazendo essa exaltação, a Simone é uma pessoa muito fundamental dentro do processo hoje na Dragões, e na verdade, conversando, Simone, filha, o pessoal que trabalha com enredo comigo, o Márcio (diretor de carnaval), chegamos a um consenso que fazer esse tema, essa exaltação, valorização e resgate histórico. Apresentamos para a escola e de imediato a escola comprou a ideia, e é isso, estamos no caminho certo”.

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