Fechando o final de semana de ensaios em São Paulo foi a vez da Colorado do Brás voltar ao Sambódromo do Anhembi depois de dois anos e com um enredo perfeito para comunidade: “Carolina, A Cinderela Negra do Canindé”. Ensaiando perto do Canindé, a escola vestiu a camisa literalmente. Ou seja, muitas alas ensaiaram com camisas variadas de Carolina de Jesus e cantaram bastante principalmente o trecho marcante: “Vencer o preconceito, lutar é o nosso direito. Não duvide da bravura da mulher”. O que mostra que o samba e o enredo estão juntos com a comunidade.

Harmonia cumpriu dever

Com quantidade menor de componentes no ensaio técnico, a Colorado do Brás mostrou um canto positivo, assim como seu carro de som e a bateria. Vale ressaltar a comissão de frente veio toda de branco e com rosto pintado de vermelho e branco. Com uma dança forte e bem encenada. A ala das baianas ensaiou vestida de branco e com colares.

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Fotos: Fábio Martins/Site CARNAVALESCO

Analisando o primeiro ensaio do aspecto da harmonia, um dos diretores do quesito, João Daniel falou com o site CARNAVALESCO: “Dentro do nosso trabalho, o que a gente está dois anos trabalhando foi esperado. O povo cantar, se divertir e correções tem a fazer, normal, mas dia 10 estamos de volta e corrigir tudo isso”.

O diretor de carnaval, Jairo Roizen, avaliou esse primeiro momento da Colorado em 2022: “Faz mais de dois anos que a gente não vem com a escola aqui na pista. Desde o carnaval 2020, a expectativa era grande, ansiedade, de poder vir passar aqui. Fazer o que a gente gosta. Esse primeiro ensaio foi lógico para a gente tecnicamente pensar no que a escola vai fazer no desfile oficial, dia 22 de abril. Pensar no nosso andamento, na nossa bateria. Mas principalmente para se divertir e celebrar esse momento que a gente pode estar aqui no Sambódromo, pode brincar o carnaval. E a partir de agora, sabendo o que fizemos aqui e o que precisamos fazer”.

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Em outro momento, Jairo revelou um acontecimento do início do ensaio: “As ligações hoje, fiquei sabendo aqui na dispersão, agora mesmo, hora que o André Machado (carnavalesco) estava na concentração, uma borboleta pousou no ombro dele, isso só pode ser um bom sinal de que a gente vai ter um grande desfile e um grande carnaval. A gente está precisando, não só a Colorado, mas o carnaval de São Paulo precisa de grandes desfiles, de uma grande festa para a gente poder celebrar que estamos passando esse momento tão difícil que foi a pandemia, que ainda é, mas estamos vencendo”.

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Por fim, Jairo finalizou: “Ponto alto neste ensaio foi o nosso samba. É um dos sambas, não vamos dizer se é o melhor ou pior, não estamos aqui para avaliar isso. Mas sem dúvidas é um dos sambas mais alegres do carnaval de São Paulo. Samba para cima, com a característica do Chitão que é nosso interprete, que na largada foi difícil não emocionar. O samba casado com a bateria do Mestre Allan que está cada dia melhor e mais bem ensaiada. Mas vamos melhorar ainda, dia 10 estará melhor, e no dia 22, vai estar melhor ainda, vai ser o melhor desfile, repete isso quantas vezes quiser, vai ser o maior desfile da história da Colorado do Brás”.

Vento atrapalha o casal de mestre sala e porta-bandeira

Em boa parte do desfile, o casal encarou um dos piores desafios para eles, o vento. Portanto acabaram sendo prejudicados por essa situação climática, e claro, o desenvolvimento da dança foi comprometido. Vestidos de amarelo, Ruhanan e Ana Paula, tiveram que adaptar coreografia. O mestre-sala avaliou o treino: “Como somos um casal mais experiente e dançamos faz muito tempo, para a gente mudar a coreografia por causa de intempéries da natureza a gente consegue desenrolar bem. Mas que isso dificulta muito, dificulta. Quem for devoto de Iansã, quem for católico, de Santa Bárbara, o santo que for, reza para ajudar a gente a vencer essa garoa. O chão escorregadio foi o de menos comparado ao vento. O vento é horrível”.

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E a porta bandeira Ana Paula complementou seu desafio em manter o pavilhão: “Minha mão está aqui formigando porque o vento foi demais. Eu chorava por causa do vento contra o meu rosto. Era muito vento, aí o pavilhão pesa o triplo”, e completou: “Mas é um desafio que temos que estar sempre atentos para vermos o que fazer o pavilhão não enrolar ou alguma coisa no meio do caminho”.

Apesar das dificuldades, o mestre-sala Ruhanan Pontes, diz que o principal foi feito: “E eu acho também que no dia do desfile, com alegoria na concentração, venta menos. E como viremos na frente da abre-alas, provavelmente ele dá uma segurada no vento, porque hoje, aqui, foi bravo. Mas desenrolamos bem, e se fosse hoje o desfile, 40 pontos garantidos, fechadinho”.

Samba-enredo é trunfo

Com um samba vindo da comunidade é um trunfo revelado por muitos diretores da Colorado do Brás. E deu para sentir isso principalmente em trechos antes do refrão, e claro, o próprio refrão, isso na partida da comunidade. O carro de som comandado por Chitão Martins funcionou com o ritmo que o samba pede. Ao CARNAVALESCO, ele avaliou o desempenho: “Depois de dois anos voltando e sem o som da avenida, julgando a nossa parte musical, foi um bom ensaio. O coro veio pesado e a ala musical veio animada como sempre. Acho que têm coisas para melhorar ainda, mas eu gostei muito, a escola veio animada, apesar da chuva e do frio que espantou um pouco os componentes, mas tenho certeza que o próximo vai ser melhor”.

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Sobre a importância do entrosamento de carro de som e bateria do mestre Allan, o interprete da Colorado comentou: “Eu vou para o meu décimo ano no Colorado e a gente começou junto, temos uma amizade há anos, já nos entendemos só de olhar um para o outro, nos sinais também. A gente conversa bastante sobre bossa, melodia, esquenta. Temos um bom relacionamento que dá certo na avenida”.

Bateria: Ritmo Responsa supera chuva no ensaio

O Ritmo Responsa, comandado pelo mestre Allan Meira, teve o ponto alto no apagão na hora do ‘vencer o preconceito’. Claro que devido à chuva, também acaba atrapalhando um pouco nos instrumentos, mas a bateria conseguiu conduzir sem problemas. Mestre Allan ressaltou superação da escola.

“A avaliação é muito positiva. Não esperava tudo isso. É claro que a gente tem muito o que melhorar, mas viemos de uma dificuldade muito grande de ensaios porque não temos quadra, não conseguimos quadra até pouco tempo atrás. E quando a gente ensaiava tinha chuva, teve pouco ensaio, então a dificuldade era muito grande. Aqui é o nosso segundo ensaio, ensaiamos no primeiro só de bateria, que já foi bom mas poderia melhorar, e hoje surpreendeu bastante positivamente. Foi tudo muito bem encaixado, dentro do que a gente planejava. É claro que podemos melhorar, teremos outro ensaio técnico dia 10 de abril, então a avaliação é muito positiva e espero que a gente continua nesse caminho para conseguir o sucesso”.

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Confidenciado pelo mestre Allan ao CARNAVALESCO, a bateria virá vestida de “Malandros do Canindé” no desfile oficial, enquanto neste ensaio vieram com a camisa preta da Ritmo Responsa.

Evolução fluiu, mas…

A Colorado do Brás vai amadurecendo ao longo dos anos, mesmo com essa pausa sem carnaval em 2021, mostrou que estão aprimorando pontos técnicos na evolução. Apesar que a escola não veio com tantos componentes em relação as outras que já ensaiaram no Anhembi neste ano. Com sua comunidade mais compacta, a escola fez um ensaio que fluiu bem no quesito evolução.

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Outros destaques: Rainhas e musas da escola

A Colorado do Brás conta com a rainha LGBTQIA+, a bailarina transexual, Camila Prins, que roubou a cena na frente da bateria, toda produzida como domadora de circo. O motivo é que Carolina de Jesus foi moradora de um circo, portanto mais uma homenagem da escola. A rainha da bateria, Maisa Magalhães, veio com uma fantasia muito brilhante, e em roxo. E também a jovem princesa Yasmim Lagatta fechando o trio a frente da bateria da Colorado. Por fim, a musa do carro de som, Kethellen Soares roubou a cena com seu look transparente e com borboletas. Vale ressaltar que a ala dos passistas mostrou samba no pé. Dentro do que será uma alegoria, vimos a Ala Ginacros, aparentemente com ginastas, ensaiando passos.

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