Quem deu a ideia foi a madrinha, que também era rainha da bateria da Tradição, Luma de Oliveira. Como havia se prontificado a custear as fantasias dos 300 ritmistas, ela também se achou no direito de escolher o figurino: a temível onça preta, símbolo da fauna da Amazônia. O enredo para o Carnaval de 1998 era “Viagem fantástica ao Pulmão do Mundo”, do carnavalesco Orlandinho Jr. E foi neste desfile que a modelo lançou a coleirinha com o nome do marido, Eike.

Os ritmistas adoraram o figurino mas, somente na hora do desfile, já posicionados na concentração, foram informados de que, para ficarem completas, as panteras deveriam usar um rabo.

Enquanto os funcionários do barracão distribuíam os 300 rabos para serem encaixados nos colchetes de pressão, vários batedores protestaram, recusando-se a usar o complemento comprometedor. E ficavam mais irritados ainda, quando passavam sambistas de outras
Escolas, provocando:

– Gostei do rabo…

Uma comissão de ritmistas resolveu protestar com o Mestre Dacopê, alegando que já estavam sendo ridicularizados antes de a Escola entrar na Avenida. Mas o diretor se manteve irredutível:

– Vocês vão ter que fazer um sacrifício. Sem rabo a fantasia fica incompleta e a gente vai perder pontos – justificou.

Timbira, que tocava o surdo de primeira marcação, resolveu interpelar o mestre:

– A gente só vai botar o rabo se você botar também.

Dacopê abriu os braços, lamentando:

– Bem que eu gostaria de ser solidário, mas o meu figurino é outro. Eu venho de domador.

Os 300 rabos foram abandonados junto ao mangue.

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