A Unidos de Bangu abriu a última noite de ensaios técnicos da Série Ouro na avenida Marquês de Sapucaí. O enredo une a história do bairro da Zona Oeste carioca, do tradicional clube de futebol e de Castor de Andrade. A cadência da bateria Caldeirão da Zona Oeste e o bailado do primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira foram os destaques do treino. A passagem da vermelho e branco pela passarela durou 58 minutos. Menção especial a presença da mascote Cartorzinho que participou do desfile com direito a blusa do Bangu, realizando embaixadinhas e saudando o público. * VEJA AS FOTOS

Harmonia e Samba

Alguns componentes das alas iniciais da Unidos de Bangu pareciam ainda não ter decorado o samba-enredo. Muitas pessoas cantavam apenas o refrão principal, o que de certa forma acabava diminuindo a empolgação dessas alas nos demais trechos do samba. A ala da “Melhor Idade” foi uma das que mais cantou o samba por completo.

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O refrão foi sem dúvida a parte do samba-enredo da Unidos de Bangu cantada com mais intensidade. “O meu palpite é forte. O mundo já sabe, respeite meu nome: Castor de Andrade!” ganhava força a cada passada. O trecho “Vai dar Bangu na cabeça” também foi gritado por todas as alas em coro.O carro de som conduziu com empolgação e segurança a obra ao longo do ensaio. O intérprete Thiago Brito, juntamente com as vozes de apoio e os instrumentos de corda mostraram entrosamento na avenida.

“O samba rendeu e o pessoal que estava na escola cantou. Esse é um samba que a comunidade abraçou com um apelo muito forte ao Castor de Andrade. A impressão que eu tive do carro de som sobre o nosso trabalho foi bem bacana. Tem algumas coisas que nós podemos ajustar, mas é normal devido ao som que não é o oficial da pista que será utilizado no dia. Senti que a galera respondeu bem, principalmente, sobre o refrão “Vai dar Bangu na cabeça”. No dia do desfile, com a Sapucaí lotada, o pessoal vai aderir ao refrão e abraçar”, garantiu o intérprete.

“Hoje foi um dia muito especial pra gente. Conseguimos desenvolver um trabalho que já estamos fazendo no Largo de Bangu. A comunidade toda abraçou a ideia, nosso projeto. A nossa equipe de harmonia nos ajudou. Eu considero a avaliação como positiva, por mais que tenha erros que serão corrigidos ainda. Foi positiva graças a comunidade e de toda a diretoria que vem trabalhando arduamente nos bastidores. Tem algumas coisas que podemos melhorar, como o recuo da bateria que precisa de alguma ajustes. Não tivemos alguns ensaios de rua por causa das fortes chuvas e isso prejudicou um pouco, porém vamos ajudar tudo isso para o dia do desfile”, explicou Vitor Oliveira, um dos diretores de harmonia.

Mestre-sala e Porta-bandeira

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Fotos de Nelson Malfacini/Site CARNAVALESCO

O casal de mestre-sala e porta-bandeira, Anderson Abreu e Eliza Xavier, apresentou o pavilhão da escola com graça, elegância e bastante sincronia. Anderson veio praticamente todo de vermelho, apenas com um lenço branco e calçando sapatos branco e dourado. Eliza vestia uma saia no mesmo tom de vermelho com muito brilho na parte de cima, usando uma sandália dourada. Além de sorrir e de cantar o samba da escola, os dois realizaram um lindo bailado ao longo dos 2min22s de apresentação em frente à cabines de julgamento.

Muito bem coreografados, o mestre-sala apontava para o público em uma parte do samba em que dizia “eu acredito” e simulou uma batida de pênalti no momento em que a letra tocava “é gol de placa”. Rolou até uma pedalada. Os dois ainda corriam do fundo para a frente da pista em determinado momento da coreografia onde seguravam juntos a bandeira firmemente, parando de forma coesa e ao mesmo tempo, enquanto olhavam com muita garra e força para os módulos pelos quais passavam.

“Foi muito bom, deu para a gente sentir a energia do desfile, quer dizer… claro que não é a mesma, né? Até, porque no dia a arquibancada vai estar bombando, mas foi tudo ótimo hoje, as nossas entradas e a sincronização com a comissão de frente. Depois nós vamos sentar para ver direitinho como é que foi, mas a empolgação e a energia foram muito boas. Eu costumo dizer que somos um dos poucos casais que passam na Sapucaí e podem estar ensaiando na sala, na cozinha, no quintal, então isso é bem legal. Também é facilidade de estar com minha esposa o trabalho emocional, fica fácil mostrar o olhar apaixonado. Tem a questão que nós somos de Bangu, então esse amor que eu olho para o pavilhão e para minha porta-bandeira é um amor super legítimo, então acaba sendo uma experiência que não tem preço. O que podemos dizer é que o que o primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira da Bangu vai fazer esse ano, nunca foi visto antes na Marquês de Sapucaí”, disse o mestre-sala.

“Acho que botamos tudo que a gente ensaia em prática, a energia foi maravilhosa, a escola também veio com uma pegada bacana então acho que vai dar bom. Eu amo o carnaval, acho que posso dizer que nós somos carnaval, o samba em si, porque a gente vive isso. Estar aqui agora é incrível, é emocionante”, completou a porta-bandeira.

Bateria

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Comandada por Mestre Capoeira, a bateria Caldeirão da Zona Oeste deu sustentação ao ensaio da Unidos Bangu e executou suas bossas com sucesso. Em uma das convenções, durante o trecho “Minha palavra é lei, Nunca se esqueça” acontecia um ‘apagão’ para que a escola cantasse forte “Vai dar Bangu na cabeça”. Em outro breque o repique fazia uma chamada para a bateria voltar, o que é comum em torcidas de times de futebol. Cada ritmista do naipe de chocalhos usava um meião de futebol na cor vermelha.

Em frente ao setor 10, mestre Leo Capoeira e seus ritmistas realizaram uma bossa que lembrava o ritmo de uma marchinha, mostrando versatilidade e criatividade. O recuo foi feito de maneira tranquila com a escola entrando de trás para frente.

“A avaliação de hoje, pra mim, o ensaio foi mil. Graças a Deus, deu tudo certo e agora, mais um ensaio para poder finalizar e passar aqui no dia 20, nessa mesma energia, mesma pegada , que passamos hoje e estou feliz demais que deu tudo certo e, mesmo com muita dificuldade, com sabedoria e ajuda da minha diretoria, que me atura esses anos, a gente conseguiu fazer um ótimo ensaio e dia 20 estamos aí”, contou mestre Léo Capoeira, que vai desfilar com 230 ritmistas, fazendo seis bossas e a fantasia vai representar o time do Bangu.

Evolução

A evolução da Unidos de Bangu foi contínua, dinâmica e sem grandes erros durante o ensaio, que prosseguiu no mesmo andamento até o fim. Porém, algumas alas não preenchiam completamente a pista de desfiles, ocasionando um certo espaçamento nas laterais. Enquanto a bateria ia saindo do segundo recuo a ala que vinha à frente continuou evoluindo, o que formou um pequeno buraco no final, corrigido logo depois pela direção da escola. Cada setor da escola apresentou um tripé representando as alegorias com frases de Castor e desenhos que ajudavam a ilustrar o enredo e o samba da agremiação da Zona Oeste.

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Outros destaques

As baianas da Bangu vieram todas de branco, com seus colares e fitas em rosa choque amarradas na cintura e na cabeça. Em seguida, vinha a ala do jogo do bicho, onde cada um estava fantasiado e maquiado como um dos 25 animais utilizados neste jogo tipicamente carioca. Com os homens vestidos de branco e as mulheres trajadas de vermelho, a ala dos passistas mostrou empolgação e muito samba na pé.

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A comissão de frente, coordenada por Vinícius Rodrigues, iniciou o ensaio com muita alegria. Os integrantes desfilaram descalços, vestidos de amarelo, com uma pintura dourada pelo rosto, pescoço, braços, pés e outras partes do corpo. Eles fizeram uma coreografia com muita gingado no pé e irreverência, sem deixar de cantar o samba-enredo. Na frente do grupo, um homem representava um jogador de futebol com as cores do clube (e da escola) que leva o nome do bairro.

A Unidos de Bangu realizou um bom ensaio técnico de modo geral, com alguns pontos a evoluir até o desfile. Com o enredo “Deu Castor na cabeça” para o carnaval 2022, a agremiação será a sexta a desfilar na quarta-feira, dia 20 de abril, pela Série Ouro.

Participaram da cobertura: Eduardo Fróis, Lucas Santos, Dyego Terra, Gabriel Gomes, Nelson Malfacini, Leonardo Damico, Ingrid Marins, Karina Figueiredo e Walter Farias

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