InícioGrupo EspecialCARNAVALESCO acompanha eliminatória e analisa sambas semifinalistas da Mocidade

CARNAVALESCO acompanha eliminatória e analisa sambas semifinalistas da Mocidade

Dez obras se apresentaram neste domingo na histórica quadra da Vila Vintém na primeira etapa de chave única do concurso de samba-enredo da Mocidade Independente de Padre Miguel. Cada samba teve direito a três passadas, sendo a primeira sem bateria e as outras duas com a Não Existe Mais Quente de Mestre Dudu. Após as apresentações, as parcerias de Jaci Campo Grande, Sandra de Sá, Tiãozinho e Rafael Drumond foram cortadas e deixaram a competição. Seis obras seguiram para a semifinal que será realizada no próximo dia 08 de outubro. O site CARNAVALESCO esteve presente e conferiu tudo dando continuidade a série “Eliminatórias”. A análise do rendimento de cada samba, você confere ao longo deste texto.

quadra mocidade
Foto: Eduardo Hollanda/Divulgação

Em 2024, a Mocidade Independente de Padre Miguel vai apresentar o enredo “Pede caju que dou… Pé de caju que dá!”, que vai levar para a Sapucaí toda a brasilidade e a leveza de uma fruta genuína brasileira, o caju. No próximo carnaval, a Verde e Branca da Zona Oeste vai abrir a segunda noite de desfiles do Grupo Especial.

Parceria do Zé Glória: A parceria de Zé Glória, Trivella, Chacal do Sax, Renilson, Mumu do Gás, Guilherme Karraz, Simões Feiju e Myngau foi a primeira a se apresentar. Sem Emerson Dias, voz na gravação oficial da parceria, apesar de não ter trazido nenhum nome de peso para comandar o samba, a atuação dos cantores mostrou bastante energia, focando mais em apresentar a composição com força e correção. A obra teve um andamento um pouco mais para frente nesta eliminatória, o que é diferente do que normalmente a “Não Existe Mais Quente” costuma levar para Sapucaí. Ainda assim, não se viu correria e pode-se considerar bastante satisfatório. Destaque na melodia para o trecho “Mas o invasor chegou de lá/E provou do nosso mel/Pro nativo, o que era doce /Se tornou amargo fel”, logo após o bis na cabeça do samba, pelo campo harmônico utilizado. Os refrãos “Tem Cajuína na Vila Vintém” e “Caravelas ao mar, cadê” foram os momentos de maior impacto. A torcida teve um canto regular, suficiente e o contingente de componentes cantando a obra foi considerável. Já na quadra, se viu pouco canto e pouco envolvimento de público e segmentos. A torcida não trouxe efeitos, mas todos vieram com a mesma camisa. No geral, uma apresentação suficiente para passar em um momento ainda bastante morno da quadra por ser a primeira composição a subir no palco.

Parceria do Diego Nicolau: A segunda obra a se apresentar foi a dos compositores Diego Nicolau, Paulinho Mocidade, Marcelo Adnet, Richard Valença, Orlando Ambrosio, Gigi da Estiva, Lico Monteiro e Cabeça do Ajax. Diego Nicolau. Tradicional parceria da Verde e Branca da Zona Oeste, o grupo trouxe Tinga para defender o samba, apoiado por entre outras vozes, do próprio Diego Nicolau. Paulinho Mocidade abriu a apresentação com um trecho de “Eu vejo a lua no céu, a Mocidade a sorrir…”. O samba em termos de letra e melodia parece ter incorporado bem a ideia do enredo, de forma leve, brincante e irreverente. Destaque para o refrão do meio “Provou porã, fruta do pé se lambuzou, Tamandaré…”, que tem um bonito encadeamento de notas. O andamento do samba casou muito bem com a “Não Existe Mais Quente”, sendo mais cadenciado, sem ficar arrastado. Tinga levou muito bem e trouxe sua energia acompanhada do restante dos cantores e também da torcida que apresentou bom canto e muita animação. Também o volume de componentes foi expressivo. O ponto de maior impacto no canto foi o refrão principal com o “Meu Caju, meu cajueiro”. Na segunda do samba destaque também para o trecho “Carne macia com sabor independente/A batida mais quente, deixa o povo provar”. No geral, uma boa apresentação e um momento de maior envolvimento da quadra.

Parceria do Jefinho Rodrigues: Jefinho Rodrigues, Dudu Nobre, Marquinho Índio, Gustavo Clarão, J. Giovani, Lauro Silva, Prof. Renato Cunha e Luciano Chuca são os compositores do terceiro samba da noite.Jefinho. Wander Pires foi o responsável por conduzir a obra da parceria. Como apoios o Wander Nunes, filho do intérprete, além de Millena Wainer, do carro de som da Mocidade, que trouxe à apresentação a força da voz feminina, e o conhecimento de já ter trabalhado muitos anos com Wander. O resultado foi uma ótima combinação de timbres, com o intérprete da Unidos do Viradouro cantando o samba dessa vez de uma forma mais reta, com poucos cacos, até por se tratar de três passadas apenas, empregando assim muita potência. O samba é bastante peculiar, com alguns pontos a se destacar. O andamento, por exemplo, encaixou de forma eficiente com a bateria de mestre Dudu. Na composição, no meio, a aposta foi pelo falso refrão “O Nativo dançou, bebericou”. Ponto de destaque da melodia e bastante cantado, assim como o refrão principal “A batida mais quente…”. Outro ponto interessante, foi a utilização do pré refrão “Espelho meu a que será que se destina”. Uma obra muito rica em melodia. Já a torcida trouxe alguns adereços em um caráter bem tropicalista, as blusas coloridas, foi destaque pelo canto e por ter um contingente bastante volumoso. Na quadra se viu um bom envolvimento e um canto satisfatório, ainda que mais tímido que o da torcida. No geral, boa apresentação, eficiente e direta.

Parceria do Paulo Cesar Feital: A quarta obra foi a dos compositores Paulo Cesar Feital, Denilson do Rozario, Léo Peres, Alex Saraiça, Marcelo Casanossa, Marcelo do Rap, Carlinhos da Chacara e Nito de Souza.PC Feital. Três vozes principais sustentaram o samba da parceria: Thiago Britto, da Inocentes de Belford Roxo, Daniel Silva, do Império da Tijuca, e Roninho, que faz parte do carro de som da Verde e Branca de Padre Miguel. Ótima ideia para a apresentação, pois a voz mais aguda de Thiago Britto produziu um ótimo efeito em contraste com as vozes mais graves dos outros dois. O samba tem uma melodia bem original, bem cara de Brasil mesmo, importante em um enredo que fala muito de brasilidade. O andamento foi muito agradável, bem encaixado com a “Não Existe Mais Quente”, cadenciado, mas não arrastado. Destaque para a melodia do refrão principal “Pisa forte nesse chão, comunidade”. No meio, a parceria apostou em dois “Bis” mais curtinhos “Então a “Gota d’agua” foi toró/Alegria, Alegria porre de mocororó” e “Roubaram o coração nacional, Mas deixaram o principal, o perfume da paixão”, que produziam mais força de canto, até no trecho do meio que não se repetia. A torcida foi uma das que mais cantou na noite, não trazendo adereços ou efeitos, mas mostrando animação. O restante da quadra e segmentos tiveram um envolvimento mais tímido, poucas pessoas dançando e cantando a obra. O samba tem potencial para crescer pela melodia e estrutura original.

Parceria do Franco Cava: Franco Cava, Rute Labre, Eloi Ferreira, Flavinho Avellar, Victor do Chapéu, Arnaldo Rippel, Tony Negão, Breno Melo foram os nonos a se apresentar na Vila Vintém. Wic Tavares e o intérprete Thiago Acácio, do Arranco, foram os responsáveis por conduzir a obra da parceria, apoiados ainda por Tuninho Junior. O grupo mostrou bom entrosamento, e produziu interessantes contrastes melódicos, alimentados pela combinação dos timbres das vozes. Destaque para Thiago Acácio, pela potência e força da voz, e o alcance das notas, mostrando uma facilidade para sair da nota mais grave para a aguda, assim como Wic, o que permitiu uma maior exploração da melodia riquíssima da composição. A obra tem bastante características daquilo que pede o enredo: muita leveza, irreverência e brasilidade. O andamento foi satisfatório, não chegou a impactar, mas poderia ter sido um pouco mais cadenciado. A torcida foi uma das melhores, trazendo inclusive uma mulher fantasiada de Carmen Miranda, representação histórica do estilo tropical. Diversos componentes estavam vestidos em um mesmo tom rosa. O canto foi bom entre os torcedores. No restante da quadra, foi tímido assim como o canto. Destaque para o refrão “Tem caju no galho, sacode que eu quero ver”. Obra com muito potencial para crescer na fase seguinte com mais tempo de apresentação.

Parceria do Igor Leal: Igor Leal, Arlindinho Cruz, Igor Federal, Rodrigo Medeiros, Guto Listo, Bruno Serrinho, Cristiano Plácido e Gabriel Teixeira são os compositores do último samba da noite. Bruno Ribas, da Unidos de Padre Miguel, e Pixulé, do Paraíso do Tuiuti, comandaram o time de vozes da parceria e encerraram muito bem a noite de eliminatórias. Combinaram bem as vozes e produziram muita força, animação e algumas vocalizações, terças, etc. O samba tem bastante energia mas se encaixou muito bem à Não Existe Mais Quente, mantendo forte tanto suas características melódicas, como a explosão dos refrãos. O refrão do meio “Sou tipo mancha densa”, além da boa melodia, faz uma boa relação entre o caju e o que é ser Mocidade, comparando a escola com uma fruta madura. A obra faz uma referência no refrão principal da música “Morena Tropicana” de Alceu Valença, de uma forma criativa e com uma excelente melodia, pode “pegar” entre os independentes. A torcida esteve em um contingente mais reduzido do que outras parcerias, mas mostrou energia e canto. Na quadra o envolvimento também foi bastante satisfatório com a obra. No geral, é um samba que tem pontos altos que podem crescer a partir de próximas apresentações.

- ads-

PodCARNAVALESCO RJ: veja o programa com Marquinho Marino e João Vitor

https://www.youtube.com/live/m0UzicyZb-c

Em dia de novo papa, conheça a escola de samba de São Paulo que tem padre como presidente

Na Zona Leste de São Paulo, um padre comanda uma escola de samba que vem conquistando espaço no carnaval paulistano. Padre Rosalvino, salesiano, de...

Freddy Ferreira: ‘Enredo da Viradouro sobre mestre Ciça emociona sambistas e cativa ritmistas’

O “conclave” festivo da Unidos do Viradouro realizado em sua quadra de ensaios na noite de terça-fera decretou que mestre Ciça (o Papa do...