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Capitão Guimarães sobre descarte de notas: ‘Se há honestidade no corpo de jurados todos notas tem que ser válidas’

'Quando você tira uma nota baixa e aquela nota é descartada. A escola pode ser campeã comentendo um erro grave', disse

Ex-presidente da Vila Isabel e da Liesa, Ailton Guimarães Jorge, o Capitão Guimarães, foi o convidado da estreia do podcast “Só se for agora”, comandado por Jorge Perlingeiro. Confira abaixo os principais tópicos da entrevista dada pelo dirigente.

Julgamento
“A arquibancada é mais distante da pista. Ficou mais difícil para o julgador. O carnaval precisa acertar o julgamento. Por mais que a Liga se esforce, o julgamento é uma coisa pessoal. Gosto pessoal. Uma alegoria que custa R$ 700 mil, às vezes demora 15 segundos na frente da cabine e eu pergunto se em 15 segundos alguém pode julgar? É tudo no chute. Você para julgar terá que exigir um bom tempo. Ainda não descobri uma fórmula melhor para se julgar do que essa. Sou favorável a todos julgadores julgarem, mas o plenário é soberano e acharam que não. Quando você tira uma nota baixa e aquela nota é descartada. A escola pode ser campeã comentendo um erro grave. Se há honestidade no corpo de jurados todos notas tem que ser válidas. O plenário da Liga precisa de uma sacudidela. O quesito Conjunto, no meu ponto de vista, é importante. Eu daria 0,1 (1 décimo) para melhor escola no conjunto. Quando você sete escolas tirando nota 10 é porque não existe julgamento. Os julgadores querem acertar, agora, o plenário precisa acertar também”.

Enredo
“Não estou gostando da temática que as escolas estão fazendo. Se você põe oito escolas falando sobre escravidão e África, ninguém aguenta mais ver isso, todo ano tem, devem ter dez caravelas na Avenida esse ano. Isso enfraquece o espetáculo. É muito melhor ter temática diversificada. Estou achando muito grande o uso de palavras afro, você canta, mas não sabe o que está cantando. Acho um defeito que estou desabafando para escolas pensarem melhor nisso. Tem escolas com 20 palavras e eu não conheço nenhuma”.

Samba
“Quando os enredos começaram a ser patrocinados, eu pergunto o que isso culturamente contribui? O enredo é fundamental. Só que os presidentes dialogam pouco com os carnavalescos. Isso enfraquece o carnaval. Temos temática vasta. Ninguém faz samba bom com enredo ruim. O carnaval tem provado nos últimos anos que o samba-enredo é o quesito que pesa na hora h. Já vimos escolas não tão boas serem campeãs e maravilhosas perdem o título pelo samba”.

Papel dos desfiles das escolas de samba
“Culturalmente, o carnaval é o que preserva as coisas brasileiras. O desfile é uma ópera popular. O desfile por mais que a televisão aprimore não corresponde a magia da Avenida. Isso deveria ser mais aproveitado pelas autoridades e não achar que aquele dinheiro do apoio público vai para o bolso. Temos 90% das fantasias doadas. Sempre tive visão da escola de samba funcionando não só como samba, mas também como escola. Aproveitando a comunidade carente e fazer curso de informática e inglês. Quando fui presidente comprei 14 gabinetes dentários para que as escolas pudessem cuidar das crianças de suas comunidades. Para isso, é preciso de verba. Essas pequenas coisas, no final vão crescer, e não são aproveitadas. A escola de samba tem papel fundamental na comunidade. Se considerarmos as coisas na sociedade brasileira, a única positiva é o resultado do carnaval. O carnaval traz alegria e esperança para o povo brasileiro”.

Criação da Liga
“A Liga das escolas foi fundamental até nos clubes de futebol, quando criaram o Clube dos 13. Quando entrei não tinha peso e nome no samba. Procurei o Castor. Ele ficou no mandato tampão de 84 a 85, ele gostava mesmo do futebol e depois do carnaval falei com ele que a gente tinha que fazer o Anísio de presidente e eu de vice. Aí, quando acabasse meu mandato na Vila, iria para Liga. A Liga atravessou fases difíceis. O único lugar do Rio de Janeiro que tem o centro de memória é a sede da Liga, já que o Museu, tão falado ao longo dos anos, não saiu”.

Disco do carnaval já vendeu 1,5 milhão de cópias
“Vendemos 1.5 milhão de discos e hoje não existe mais. Andava na Rua da Carioca, que está morta, e já ia ouvindo os sambas-enredo. Fim do ano era Roberto Carlos ou samba-enredo. No Brasil, as coisas vão funcionando e param. Começou a pirataria e isso foi matando a venda dos discos. Se você comprar o disco nem sei onde vende. Hoje, é pen-drive. Ainda sou da cultura do CD, mas faz parte da vida”.

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