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Camisa Verde e Branco conta com ótimo conjunto musical para abrir desfiles do Grupo Especial de São Paulo

Por Will Ferreira e fotos de Fábio Martins

Doze anos após o último desfile no pelotão especial do carnaval paulistano, o Camisa Verde e Branco, enfim, cumpriu a promessa feitas nos longos anos no Grupo de Acesso I e homenageou Oxossi ao retornar para o Grupo Especial. Abrindo a primeira divisão da folia de São Paulo com o enredo “Adenla – O Imperador nas terras do Rei”, idealizado pelos carnavalescos Renan Ribeiro e Leonardo Catta Preta, a agremiação. contou com uma ótima apresentação da Furiosa, histórica bateria da agremiação e uma das mais celebradas da folia na maior cidade da América do Sul. O Trevo da Barra Funda, entretanto, teve dificuldades em outros quesitos na apresentação, encerrada em 01h02.

Comissão de Frente

Destaque nos ensaios técnicos da agremiação e intitulada “Os Súditos De Oxossi e o Pedido de Passagem Para As Terras Do Rei”, o segmento comandado por Gabriela Goulart já se destacou por não apresentar tripé algum durante o percurso no Anhembi. Com uma dança forte e expressiva, dois personagens ganham destaque – um representando Oxossi, outro fazendo o papel de Exu. Apresentando claramente o enredo da escola, com a entidade yorubá das florestas pedindo licença ao guardião (como relata o samba-enredo), o segmento, embora estivesse com menos impacto que nos ensaios técnicos, foi bastante seguro ao se apresentar e não teve erros a se apontar.

Mestre-Sala e Porta-Bandeira

Enquanto Alex Malbec fazia mais uma representação de Oxossi na avenida, Jessika Barbosa encarnou Oxum, esposa do orixá e tido como um dos casais mais importantes de toda a mitologia de religiões de matriz africana. No primeiro módulo, para sentir a passarela, ambos buscaram a segurança – e conseguiram. Nos segundos e terceiro módulos, entretanto, desafios aconteceram. Na hora em que ambos estavam se apresentando na segunda cabine, os ventos começaram a soprar (bem) mais forte que o normal, e Jessika sentiu a dificuldade para defender o histórico Trevo – uma enrolada parcial foi notada. Já no terceiro, eles seguiram evoluindo enquanto o restante da escola havia parado para não abrir espaços durante o recuo da bateria – e, novamente, com forte presença dos ventos. Buscando se recuperar, Alex e Jessika voltaram com giros mais morosos no último jurado – e conseguiram sustentar bem a dança em tal momento.

Enredo

Criticado inicialmente ao ser revelado, a história contada pelo Trevo ao longo de toda a avenida é, antes de mais nada, um reencontro da agremiação com si própria. Explica-se: doze anos depois, o Camisa Verde e Branco, nove vezes campeã do carnaval paulistano e quarta maior instituição em número de títulos no Grupo Especial, fez uma promessa quando ainda estava no Grupo de Acesso I. O comprometimento dizia respeito ao primeiro enredo ao voltar para o pelotão de elite, que deveria ser sobre Oxossi – orixá que guia os caminhos do Camisa. E assim foi feito. A temática, entretanto, também homenageia outras figuras – que, no desenvolvimento do enredo, são regidos pela entidade: Faraó Piye (primeiro líder negro do Antigo Egito), Mansa Musa (antigo imperador do Mali reconhecido como o homem mais rico dos últimos mil anos) e Adriano (ex-centroavante de Flamengo, São Paulo, Corinthians, Internazionale, Roma e Seleção Brasileira). Ao exaltar cada uma de tais figuras, a história foi bem desenvolvida ao longo de todo o desfile, com fantasias de fácil assimilação.

Alegorias

Todos os carros do Camisa estavam muito adequados ao enredo, e um dos momentos em que a agremiação mais mexeu com o público foi justamente durante a passagem de Adriano, um dos homenageados no enredo, na última alegoria. Sem erros de acabamento ou de execução, houve, entretanto, um grande pecado: no setor C, o abre-alas, que tinha dois chassis acoplados, desacoplou. Até o quarto módulo, apesar dos esforços para que os merendeiros tentassem o reacoplamento, tudo estava sendo em vão. O mesmo abre-alas, em alguns instantes, tinha algumas oscilações na iluminação – que, por ora, apagavam e reacendiam.

Fantasias

É bem verdade que as fantasias estavam com materiais simples e sem tantos luxos em costeiros e adornos, mas é necessário ressaltar o ótimo acabamento de absolutamente todos os agrupamentos do Camisa Verde e Branco. Não foram notados erros de execução ou de finalização, bem como houve uniformidade ao longo de todo o desfile. Também é importante ressaltar as duas últimas alas antes do último carro alegórico: a 15, das Crianças, “O Sonho de Meninos e Meninas”, com o uniforme da Seleção Brasileira estilizado com a camisa 7 (a utilizada por Adriano no auge da sua carreira, como na Copa do Mundo de 2006); e a 16, “O Campo de Batalha Para Vencer Na Vida”, com um campo de futebol estilizado em cada fantasia.

Harmonia

Ao longo de todo o desfile, foi nítido que a imensa maioria dos componentes estava cantando o samba-enredo de maneira evidente e uniforme – o que, por si só, já faz com que descontos na nota sejam difíceis na apuração. É importante destacar, também, que todas as alas, carros e segmentos apresentavam volume na passarela – o que colabora com o relato anterior. É necessário apontar, entretanto, que a empolgação da agremiação ao colaborar com o canto parecia menor que em ensaios de quadra e técnicos do Trevo visitados pela reportagem – o que, é bom frisar, não interfere na nota do julgador.

Samba-enredo

Das obras mais aclamadas do carnaval paulistano, a canção, composta por Biel, Fabiano Sorriso, Marquinhos, Aquiles da Vila, Salgado Luz, Tomageski, Chanel Rigolon, Diogo Corso, Marcio André e André Cabeça, teve ótima condução por parte de Igor Vianna – também dos intérpretes mais elogiados no ciclo do carnaval da cidade de São Paulo. Cantando Oxossi e seus filhos de maneira bastante animada e de forma leve, a canção ajudou bastante também na Harmonia, facilitando o canto dos componentes. Também vale destacar o desempenho da Furiosa, das baterias mais históricas da cidade de São Paulo, há anos comandada por mestre Jeyson Ferro, que sustentou muito bem a obra, teve ótimo desempenho nas bossas e contou com o característico toque da caixa rufada – citado, inclusive, no samba-enredo.

Evolução

A agremiação começou a apresentação de maneira bastante cadenciada, sem se apressar tanto. A chega da bateria ao recuo, por exemplo, foi acontecer com cerca de vinte e oito minutos – tempo pouco alto em comparação ao de outras coirmãs de grupos inferiores. A Furiosa, por sinal, optou por paralisar os movimentos em paralelo ao box, girar o corpo dos ritmistas de maneira uniforme e, só então, caminhar para chegar ao destino. O movimento durou pouco mais de dois minutos, e a agremiação ficou inteira sem se movimentar – com exceção do Casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira, como já relatado, o que causou um espaço maior que o normal entre eles a Ala das Baianas, intitulada “O Pássaro Raro”. No final da apresentação do Trevo, a agremiação acelerou discretamente o passo para não ter grandes problemas com o cronômetro – algo que não aconteceu.

Outros Destaques

Historicamente uma das mais aclamadas baterias de São Paulo, a Furiosa, comandada por Mestre Jeyson Ferro, usou e abusou das convenções na frente da Arquibancada Monumental – o Setor B. Foi, certamente, um dos pontos em que o Camisa mais fez o que mais sabe: mexer com o público. À frente dos ritmistas, por sinal, estava Sophia Ferro, a rainha, e um pandeirista.

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