Sexta escola a desfilar na abertura dos desfiles do Grupo Especial, a Beija-Flor de Nilópolis apresentou o enredo “Empretecer o pensamento é ouvir a voz da Beija-Flor”. A reportagem do CARNAVALESCO esteve disposta nos módulos de julgamento do Sambódromo e realizou uma análise da apresentação da agremiação em oito quesitos, exceto bateria.
Comissão de Frente
A comissão de frente da Beija-Flor abriu os trabalhos já mostrando sua imponência. Coreografada por Marcelo Misailidis, a comissão trouxe os componentes representando Macuas, povo originário de Moçambique e, a partir deles, refletir sobre o apagamento da cultura negra na nossa sociedade. Com um tripé de apoio, homens brancos carregavam um elemento cênico representando um navio, com os escravos no porão do navio. Ainda que tenha faltado um ápice, um “algo a mais”, a escola cumpriu a função, apresentou bem a escola.
Mestre-Sala e Porta-Bandeira
O casal de mestre-sala e porta-bandeira Claudinho e Selminha Sorriso vieram representando o “Esplendor de Kemet”, terra negra, com uma coreografia que trouxe diversos elementos africanos nela. Bem executada no módulo 1, garantiu a eles um bom desempenho. Destaque para a fantasia de ambos, nas cores preta, azul e dourado, simplesmente impecável, além, claro, de Selminha Sorriso com sua caracterização e seu bailado. A partir do segundo módulo, o casal teve problemas. O mestre-sala deixou escapar o pavilhão de suas mãos e houve um erro de sincronia quando ele vai beijar a mão da sua dama, uma pena.
Harmonia
Nesse quesito, a escola foi simplesmente impecável, mostrando o porquê de ser tão reconhecida e admirada. A força de Nilópolis se fez ouvir na avenida, com o samba sendo fortemente cantado por todos, absolutamente todos os componentes. Dentre as alas com canto mais forte estão “Por que o Negro é isso que a Lógica da Dominação tenta domesticar?” e “Escrevivências”, mas o canto foi bastante ecoado por todos no desfile. De longe, o refrão principal foi gritado por toda a comunidade.
Enredo
A escola foi precisa em questão de enredo, com clareza, mas sem perder de forma alguma a qualidade. Sem dúvidas a escola deu show em relação ao quesito enredo, com uma estética impecável, mas que contribuiu para contar o enredo, para o entendimento de toda a história contada. Da África no primeiro setor ao protagonismo do povo preto em todas as áreas e espaços, a escola deixou sua mensagem com clareza a precisão. Desafio muito bem executado, afinal, é o enredo mais denso do carnaval 2022.
Evolução
A escola, como diversas outras na noite, enfrentou problemas ao passar pela avenida. Logo no começo do desfile, houve dificuldades na entrada de alegorias, como a segunda, forçando a escola a dar uma segurada e passar mais lenta. O atraso no começo gerou correria no final, comprometendo o bom desempenho em enredo. Um verdadeiro caos a entrada da escola no começo por conta desse atraso causado pela demora em colocar destaques nas suas alegorias. Tais erros refletiram no andamento da agremiação nos setores seguintes. A escola que sempre deu aula em evolução, esse ano pecou e deve perder alguns décimos que comprometem a disputa pelo título.
Samba
Em samba, a escola mostrou que dá aula. Impecável, com um carro de som arrebatador e cantando forte, sincronizado, entrosado. O rendimento da escola e de seu samba na hora, no desfile, foi impecável, arrebatando a Sapucaí.
Fantasias
Um grande destaque no desfile da Beija foi a paleta de cores, com muito preto aliado ao dourado, com uma clara ideia de realeza, de poder do negro. Fantasias lindíssimas, desde a comissão, passando pelo casal, com trabalhos minuciosamente trabalhados. Apesar de várias alas lindas, um grande destaque foi a fantasia do casal de mestre-sala e porta-bandeira, simplesmente divinos.
Alegorias
A Beija-Flor mostrou que veio para brigar logo de cara, com um beija-flor incrível, divino, com preto e dourado, simplesmente imponente. A iluminação também aumentou fortemente a beleza dos carros. Muita imponência e beleza. Além de um impecável abre-alas, vimos a segunda alegoria belíssima com os pensadores negros, o terceiro com muita beleza ao tratar sobre as origens da ancestralidade. O mesmo se deu nas demais alegorias, todas, no geral, estavam belíssimas, muito bem acabadas. Entretanto, devido dificuldades na entrada dos destaques na concentração, a segunda alegoria passou com queijos vazios e deve perder pontos.
Participaram da cobertura: José Luiz Moreira, Yuri Neri e Leonardo Damico