Na chuvosa noite de sexta-feira, apenas o Camisa Verde e Branco foi abençoado com o tempo, sem grande chuva, entretanto o vento foi muito forte e atrapalhou o casal no Setor B. A agremiação da Barra Funda teve uma evolução bem compacta, e o grande destaque ficou mesmo para a Bateria Furiosa da Barra, que tirou onda nas bossas. Foi o terceiro e último ensaio técnico do Camisa, que retornará ao Anhembi para o desfile no dia 19 de fevereiro, é a terceira escola a desfilar e cantará ‘Invisíveis’.
Comissão de Frente
Comissão com camisa verde, touca branca que é habitualmente usada na esgrima, menos o principal personagem, uma criança, que sempre isolado do grupo. Este tentava participar, estava sempre procurando algo, entrosas com o restante, mas acabava excluído. Em um ato fechavam uma roda em cima dele, e depois todos apontavam o dedo para o mesmo, ele recolhido, ajoelhado. Na primeira cabine, apontaram dedo para os jurados. Outro momento, os componentes levantavam o destaque da comissão, e levavam com as mãos para frente. São alguns atos, que esse ator principal vai tentando se encaixar dentro do grupo, mas nunca consegue, e fica com caras, bocas, correndo ao redor da maioria. Um invisível procurando seu espaço?
Pois vale ressaltar que a agremiação da Barra Funda teve mais uma troca em um quesito. Desta vez na comissão, saiu o coreógrafo Jonathan Paulino e entrou a Gabriela Goulart. Particularmente não senti grandes mudanças na coreografia, até por ser reta final já e a comissão ter tido dois ensaios técnicos no formato, sem contar os específicos, o trabalho será ajustar na questão do andamento, uma ou outra adaptação, e aguardamos o que virá no dia do desfile.
Mestre-sala e Porta-bandeira
O casal Jessika Barbosa e Alex Malbec ensaiou vestidos de faxineira e gari. Intensos nos giros, o vento era forte, a pista ainda molhada. Mas o casal foi ousado e buscou o ensaio com intensidade e passou bem no primeiro jurado. No setor B, o pavilhão deu mais trabalho, e em alguns momentos Jessika Barbosa teve problemas com o pavilhão, que em alguns momentos enrolou. Reduziram um pouco o ritmo e ajustando contra a adversidade. Vale destacar que na dança, os giros estavam bem conectados, o problema maior foi quando paravam e o vento batia forte. Vieram sem proteção de alegoria e apenas comissão e guardiões na frente, um verdadeiro corredor de ventos.
Mas o sorriso no rosto e seguiram apresentação, experientes, passaram bem nas últimas cabines, ou seja, ajustaram sem perder a intensidade. Um detalhe, o apresentador do casal veio vestido de Carteiro. E outra questão para contextualizar do vento, os outros casais da comunidade, que não contam para os jurados, mas ressalto que também sofreram com o clima, estava difícil para todos, vale a menção.
Harmonia
Ao longo dos três ensaios deu para sentir um Camisa melhorando em sua harmonia, componentes mais soltos, desfilando com tranquilidade e cantando o samba. Porém no primeiro setor foi menos intenso, destaco as baianas com a bandeira do Brasil que estavam bem empolgadas e seguidas pela ala das crianças, muito animadas. Tivemos algumas alas do segundo e terceiro setor que destacamos como Guerreiros do Trevo, que tinha passos marcados e cantou, logo à frente do último casal. Ala Guardiões do Trevo estava bem animada e solta na pista, foi uma a destacar. Ala Pérola do trevo estava bem caracterizada, com ‘perucas de carnaval’, bem interessante. Outro momento que o Camisa já trouxe no ensaio, foi que no primeiro carro teremos representantes do movimento LGBTQI+, e junto estará a velha guarda. Mas durante toda a escola dá para sentir que muitos ‘invisíveis’ da constituição aparecerão, como o MST está na última alegoria.
Evolução
A escola passou sem problemas, cerca de 58 minutos, vieram bem compactos, e evoluindo tranquilamente dentro da pista que já estava seca no centro. Ajudando a escola a ficar mais leve e progredindo na avenida. Nesta questão, o Camisa melhorou muito dentro dos seus ensaios, uma escola mais leve e compacta do primeiro para o terceiro ensaio, ajustes importantes foram feitos na composição das alas que ajudam neste aspecto.
Samba-Enredo
A estreia do Igor Vianna como intérprete principal do Camisa Verde e Branco. Já que no primeiro ensaio estava com Clóvis Pê, que acabou saindo. No segundo ensaio, ele estava no Rio de Janeiro, e desta vez o carro de som estava completo com toda a equipe. Sua potência da voz é nítida e faz o samba crescer no Anhembi. Claro que ainda precisam de alguns ajustes no desenvolvimento da melodia e samba, Igor entrou recentemente, conta com Armando Polêmico, Denny Gomes e toda equipe de som para afinar tudo até o dia do desfile. A comunidade tem sentido o samba fluir, e é importante pelo lado da ala musical que trabalha nesta questão.
Outros destaques
Bateria “Furiosa da Barra” cheia de bossas, sustentando o samba, sendo o grande destaque. Melhorou o ritmo dos outros ensaios. Teve um momento que levantou o público já no penúltimo retorno, que apenas um instrumento seguia marcando, baixo, e a bateria apagada. Mas foi retornando o ritmo, instrumento por instrumento, claro que a galera foi à loucura. Deu para sentir que neste quesito a escola ficou bem leve e cresceu nos ensaios, afinação, andamento, todos fluíram melhor em conjunto com o samba.
A corte de bateria do Camisa sempre chama atenção, a rainha Sophia Ferro no look todo trabalhado no jeans, nas costas grafitado um trecho da música do Racionais MC: “Onde estiver, seja lá como for. Tenha fé, porque até no lixão nasce flor”, Hariadne Diaz também chamou atenção com sua roupa trabalhada no verde, preto e a pintura no rosto que remeteu a de tribos africanas. Mas destaque mesmo ficou com a bailarina Talita Guastelli, que por vezes ‘sambava’ com as pontas dos pés, haja equilíbrio.
Como relatado, o Camisa Verde e Branco terá diversos manifestos, trará muitos ‘invisíveis da constituição’, e no ensaio muitos momentos desses foram vistos dentro dos espaços de alegorias, alas, resta aguardar como virá com fantasias e tudo pronto. Mas nos ensaios deu para sentir um gostinho de tudo que estão trabalhando.