A centenária águia altaneira inspira a Primeira da Cidade Líder para o desenvolvimento de seu desfile para o carnaval 2024. Após os bons resultados obtidos nos anos anteriores, a escola da Zona Leste se prepara para levar ao Sambódromo do Anhembi a história da maior campeã do carnaval carioca através do enredo “Salve ela! A Majestade do Samba Portela!”, assinado pelo carnavalesco Ewerton Visotto.
Contar a história tão vencedora de uma agremiação que esteve presente em todas as fases daquele que hoje é conhecido como “o maior espetáculo da Terra” é um desafio que requer criatividade, afinal como dizia Monarco: “Se for falar da Portela hoje não vou terminar”. O caminho escolhido pela Líder é narrar a jornada da comunidade de Oswaldo Cruz e Madureira através de seus baluartes desde a fundação até chegar nos tempos atuais. A equipe do site CARNAVALESCO esteve presente no barracão da Primeira e conversou com Ewerton e o vice-presidente Rodrigo Minuetto sobre os preparativos para o desfile.
A sede de conhecimento da Primeira da Líder
A repercussão do desempenho da Primeira da Cidade Líder no desfile anterior sobre os 70 anos de outra escola carioca, o Salgueiro, foi positiva. O samba foi aclamado como um dos melhores de 2023 e na Avenida a história de uma das entidades mais vanguardistas do carnaval foi contada de maneira digna. A Líder gostou de beber da fonte de conhecimento proporcionada por essa experiência, e de acordo com Ewerton Visotto, surge daí a vontade de falar novamente de uma gigante agremiação.
“A ideia surgiu de aprender com gigantes. A gente teve uma experiência em 2023 bastante assertiva com os 70 anos de Salgueiro em que a comunidade comprou a ideia, cantou, foi a campo e a gente enriqueceu com isso entendendo sua vanguarda. Para 2024 a gente vai fazer com o mesmo gabarito, com o mesmo teor, agora com os 100 anos de Portela entendendo sua tradição. A Portela trouxe essa questão para a escola com o seu centenário. Como que ela funciona, como não funciona e como ela cresceu nesse cenário todo, respeitando o carnaval que veio da rua até chegar nesse profissionalismo que está hoje. A gente quer aprender com os gigantes e a Portela está nos ensinando a trabalhar em cima desse crescimento. A expectativa era alta, e a aceitação da comunidade foi muito grande. Conseguimos surpreender com essa dinâmica de trazer ‘Salve ela, a Majestade do Samba Portela’. Trabalhando esse enredo para 24, a gente espera atender uma expectativa muito grande não apenas de quem é da comunidade, mas do carnaval como um todo”, declarou o carnavalesco.
A história da Portela contada através dos baluartes
A Portela foi fundada em 11 de abril de 1923 por Paulo da Portela, Antônio Caetano e Antônio Rufino, originalmente como um bloco chamado Conjunto Carnavalesco Oswaldo Cruz, passando a ter o atual nome nos anos 1930. O azul e branco do pavilhão portelense é em homenagem a Nossa Senhora da Conceição, padroeira da escola, e a águia foi escolhida como símbolo por Caetano por ser em sua visão “a ave que voa mais alto”. O desfile parte dessas simbologias para referenciar aos primeiros baluartes que serão o fio condutor do enredo.
“A gente trabalhou a questão dos ícones da Portela nesses cem anos, com as suas referências a cada ano trabalhado. A gente vem dividindo a escola nesse cenário, trabalhando essa construção em quatro tempos. Desde a inspiração, que é a questão do manto sagrado da padroeira até chegarmos a Clara Nunes lá na ponta. Ela vem nessa divisão de personagens da Portela que marcaram a escola e que a gente vem contando nesse cenário todo. A gente fala de Monaco, de Clara Nunes, de Paulo, Caetano e Rufino, que estão no começo da letra do samba. Natal, Candeia, Tia Surica, Paulinha da Viola, Manacéia e entre outros. A gente tenta fazer um apanhado de todos os grandes baluartes da Portela, que são muitos”, explicou Ewerton.
“No início, a gente conta a fundação da Portela através de Paulo, Caetano e Rufino. Paulo da Portela, o grande mestre de tudo isso, chega em Madureira com a irmã e com a mãe, e vai morar em Madureira, na Estrada do Portela, onde tem a ideia da fundação. Logo em seguida, a gente conta do Natal, que foi um grande precursor para as coisas acontecerem na Portela também. A gente, em seguida, também fala de Candeia, que foi um grande poeta da Portela, consagradíssimo. Logo em seguida a gente também passa por Clara Nunes, Monarco, que foi o presidente de honra há alguns anos atrás. E a gente finaliza fazendo uma menção ao centenário da Portela, a esses baluartes e aos enredos. Não dá pra citar todos, mas a gente vai tentar citar os mais importantes, os que fizeram mais história. São 100 anos, 22 títulos, a maior campeã do carnaval carioca. Imagine para gente como foi destrinchar a forma de falar da Portela. Para nós foi bem difícil, então a gente escolheu alguns baluartes para contar esse determinado período de que eles fizeram história na Portela”, detalhou Rodrigo Minuetto.
“É uma celebração que a gente pretende trazer dessa essência da alegria da Portela com o que a Líder propõe na Avenida. Ninguém é Líder por acaso, então venha! Vamos cantar e vamos acontecer! A gente destaca esses principais momentos, a influência da Portela nesse carnaval brasileiro, essa alegria contagiante, as cores vibrantes. A gente propõe fazer jus a essa grandiosidade que a Portela tem buscando encantar agora o público do Anhembi. A gente vem ousando aprender com essa gigante que com 100 anos de história permitiu que a gente buscasse entender como ela fez história e como a gente pode construir a nossa. Essa é a linha do pensar”, completou o carnavalesco.
O carinho da Portela com a homenagem da Líder
Quando uma escola de samba é homenageada por outra, é inevitável que hajam questionamentos a respeito da forma como ela irá reagir e se comportar diante dessa homenagem. Os portelenses não apenas receberam a homenagem de maneira positiva como também se demonstraram animados e dispostos a participar do desfile da Primeira da Cidade Líder, algo que Rodrigo fez questão de destacar.
“Além de tudo isso eu queria falar da recepção que a Portela fez para a nossa escola lá no Rio de Janeiro. Foi uma coisa sensacional. O presidente Fábio Pavão, o vice-presidente Junior Escafura, o diretor de carnaval Higor Machado, o Felipe do financeiro, a Nilce Fran. Muita gente nos recebeu muito bem quando fomos até lá pedir para fazer o enredo sobre a Portela. Algum tempinho atrás nós fomos visitar eles lá na Feijoada e a gente foi muito bem recebido. Fomos com o nosso casal, cantamos samba lá no palco. Fizemos umas entrevistas com personalidades da Portela como a Tia Surica, o próprio presidente Fábio Pavão deu uma entrevista para nós. De verdade, está todo mundo muito empolgado. Eles confirmaram a presença. Se bobear, a galera vai vir toda de lá para desfilar a gente. Está todo mundo muito empolgado não só aqui na escola, mas a galera de lá também está todo mundo muito empolgada para participar. O presidente Fábio Pavão disse que vem para participar do nosso desfile, então a gente está muito feliz com essa recepção que eles tiveram com a gente. Então é isso, vamos arrebentar se Deus quiser”, exaltou.
“Não é só uma homenagem. É mais um respeito e amor a essa escola de samba pelo que ela contribuiu. De novo, a gente está aprendendo com os gigantes. O desafio está aí. O que encantou a gente foi a receptividade deles, até em permitir que a gente cantasse o samba lá. Foi esplendoroso a ponto de serem convidados para o desfile e aceitarem vir aqui ficar com a gente”, concluiu Ewerton.
Ficha técnica
Enredo: “Salve ela! A Majestade do Samba Portela!”
700 componentes
2 alegorias
13 alas
Ordem de desfile: Oitava escola a desfilar no dia 3 de fevereiro de 2024 pelo Grupo de Acesso 2