A Estação Primeira de Mangueira encerrou a primeira noite de desfiles de domingo do carnaval carioca trazendo para a Sapucaí o enredo “As Áfricas que a Bahia Canta”. O primeiro setor da Verde e Rosa era “A Semente do Recriar D’África em Cortejo”, contando um pouco das Áfricas que a Bahia recebeu por conta da diáspora.
“O Carnaval Preto Pós-Abolição” foi o tema do segundo setor do desfile da Mangueira, falando do início da ancestralidade negra no carnaval da Bahia. É nesse contexto que a ala das baianas está inserida no enredo, denominada de “Pândegos D’África – O Préstito da Rainha Negra”.
A roupa mesclava tons de lilás, roxo, prata, dourado e azul piscina; fazenda uma homenagem ao clube negro chamado Pândego da África, criado no ano de 1897. Toda a feminilidade e a força das yabás serviram de inspiração para a confecção do exuberante figurino das baianas.
“Meu grande sonho era ser baiana, quando veio a chance eu fiquei doida. Enlouqueci. Eu sempre quis ser baiana, porque as fantasias são lindas”, revelou Maria Nazaré, de 65 anos, que é médica pediatra e tem 34 anos de Mangueira, sendo 5 anos desfilando na ala das baianas. Ela ainda valoriza o samba-enredo da escola que diz que ‘quando o verde encontra o rosa, toda preta é rainha’: “Eu acho maravilhoso, porque isso empodera a mulher preta, a mulher pobre. A Mangueira tem essa ação social de fazer com que as pessoas se sintam bem. A escola tem vários trabalhos sociais…”.
Aos 71 anos de idade, sendo 22 de Mangueira, Regina ‘Sereia’ é costureira e enalteceu a fantasia que ela mesma ajudou a produzir. “Está gostosa, leve, confortável… Eu gostei muito. Está muito linda!”. Ela ainda comenta sobre a importância do enredo: “Vem falando de muita coisa, de muitas mulheres guerreiras, da nossa raça negra… Precisamos disso para as pessoas saberem. Esse enredo traz uma informação que algumas pessoas não têm. É muito importante e eu acho muito válido”.
Maria Ignês, de 60 anos, é arquiteta e ficou encantada quando viu a fantasia de baiana pela primeira vez. “Nós somos as pretas rainhas. Olha só como estamos lindíssimas!”. Ela completa, “Estou me sentindo a própria Tia Fé. Foi no terreiro dela aonde a Mangueira começou, lá atrás… Estou muito feliz e me sentindo empoderada!”.
Denise Gomes, de 67 anos, hoje é aposentada e desfila de baiana por conta da herança de sua mãe. “Minha mãe foi baiana e eu sempre falei para ela que quando ela fosse embora eu iria seguir o caminho dela. Então, enquanto eu tiver vida eu serei baiana”. Ela ainda exaltou a fantasia da ala: “Linda demais, confortável. Tudo de bom! Quando a gente entrar eles vão ver o que que é a Mangueira”.
Elza Gomes, de 63 anos, é doméstica e desfila como baiana na Mangueira há 25 anos . Ela foi outra baiana que declarou estar bem satisfeita com a roupa deste carnaval: “Leve e muito linda, super confortável… Está maravilhosa!”.