InícioGrupo EspecialCucumbis: festa dos escravizados é homenageada no abre-alas da Mangueira

Cucumbis: festa dos escravizados é homenageada no abre-alas da Mangueira

O abre-alas da Estação Primeira de Mangueira traz a festa dos Cucumbis carnavalescos. Os cucumbis são grupos de foliões negros que surgiram na metade final do século XIX que se manifestavam através do canto e da dança com dramaticidade. A festa celebrava o Reino do Congo, o que fazia com que os escravizados assumissem um lugar de destaque enquanto realeza. A alegoria tinha esse objetivo de traduzir as tradições e os costumes dos pretos com seu conceito político, espiritual e musical.

A escolha foi abrir o desfile bem verde e rosa. A base do carro tinha a representação de bambus verdes e grafismos africanos em rosa e dourado. Tambores enormes ladeavam a parte de trás do carro, enquanto, na parte da frente, sete estátuas rosas com instrumentos aparentavam ser talhadas em madeira. A composição também era decorada por folhas grandes nas cores da escola.

Os componentes do carro vieram de “Tesouro das miçangas”. Algumas fantasias eram douradas e outras eram verde e branca. Parte da velha-guarda veio no abre-alas com um vestimenta rosa claro e um chapéu kufi no mesmo tom. Uma das componentes de dourado era Emily Alves, de 17 anos, estava feliz e ansiosa para desfilar neste carro.

“Eu achei o carro maravilhoso. O coração está a mil! Minha roupa vem representando as mulheres negras e me sinto feliz fazendo isso. É emocionante porque fala sobre África e mulheres negras que passam por diversos preconceitos e racismo”, disse ela que está na Mangueira desde seus 6 anos de idade.

Athos Rafael, de 32 anos, está estreando na Sapucaí e ficou encantado com o tamanho do carro. Ele acredita que essa junção de Rio de Janeiro e Bahia que a Mangueira está proporcionando foi bem oportuna pela alegria de seus habitantes.

“Eu confesso que eu tenho uma queda pela Bahia. O povo baiano e o povo carioca são os dois povos que mais tem alegria no Brasil inteiro. Essa junção fez com que ficasse maravilhoso. Aqui no Rio, somos um dos estados que mais ouve axé, tem gingado, por isso eu acho que ficou bem compatível”, opinou Athos.

As desfilantes em dourado comentaram sobre a leveza que deu mais facilidade para dançar e sambar na alegoria. A mangueirense Beatriz Matos, de 27 anos, está confiante na criatividade dos carnavalescos Annik Salmon e Guilherme Estevão e relembra as últimas mudanças que ocorreram na escola.

“Esse samba é muito criativo, bonito, inteligente. A Mangueira está com muitas renovações: mestre de bateria, mestre-sala e porta-bandeira, nova presidente. Estamos com garra, força e fé que tudo já deu certo. Eu amei a minha fantasia porque dá para fazer tudo, dá para sambar, dançar, se sacudir”, afirmou a componente.

No abre-alas, a cantora e compositora Leci Brandão veio como destaque central. Ela representou a Rainha do Cucumbi dentro da narrativa criada nessa alegoria.

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