As baianas da Estácio de Sá desfilaram toda de branco e com saias enormes como a tradição pede. Elas representavam as “Estrelas do Céu” simbolizando paz e luz. A exigência pela reafirmação da identidade da ala pela fantasia foi da presidente do segmento, Maria Luiza Matos, de 68 anos, para o carnavalesco Mauro Leite. A líder estava emocionada ao ver suas companheiras vestidas adequadamente, foi como se o sonho tivesse virado realidade.

“Eu pedi ao carnavalesco uma baiana tradicional como há muito tempo a gente não vem e ele nos presenteou. Eu amo baiana tradicional, branca. É por isso que eu estou emocionada”, comentou Maria.

Para a presidente da ala, é uma emoção enorme voltar para Sapucaí na época correta do carnaval com todas as integrantes vivas, apesar das ocorrências de afastamento de poucas pessoas por motivos de saúde. É o sentimento de família que move o trabalho de Maria Luiza.

“Ver as baianas formadas mexe conosco. Depois da pandemia fizemos um carnaval mais ou menos, mas agora a gente vê minhas amigas todas vivas. Eu acho que não tem coisa melhor. A nossa ala é uma ala de família. Nós nos reunimos uma vez por mês para fazer almoço, para estarmos todas juntas. A Estácio tem esse diferencial. Se uma precisa, a outra está lá socorrendo. Nessa reunião, participam direção de carnaval, harmonia, velha guarda, nosso presidente. Tudo que acontece a gente sente muito”, explicou a presidente.

O objetivo de sentirem verdadeiras estrelas foi alcançado com sucesso. Leia Ferreira, de 62 anos, é uma estreante na Estácio de Sá, mas está desde 2016 desfilando como baiana. Devota de Santo Antônio, agradece a ele pelo casamento e pela habilidade na cozinha.

“A ala das baianas é a coisa mais linda que tem na escola de samba. Aqui nós estamos representando a Tia Ciata. É ancestral. Ser baiana é orgulho, prazer, felicidade”, refletiu Leia.
A baiana foi desfilar na vermelho e branco pela identificação com sua cidade natal.

“A Estácio está levando São Luís do Maranhão ao Sambódromo e eu sou maranhense. Olha que orgulho eu estar junto com escola levando nas costas a minha ilha querida, São Luís do Maranhão. A Estácio está trazendo toda cultura folclórica e toda beleza que existe na ilha”, completou a desfilante.

Para Regilene de Fátima, de 60 anos, figura presente há muito tempo na ala, não existe escola de samba sem baianas. Falar das festas juninas do Maranhão significa um intercâmbio cultural necessário para mostrar a riqueza do país. Crente em Nossa Senhora de Fátima, Regilene mostra o que estar em movimento independentemente da idade, a aeroviária começou recentemente a cursar um faculdade de Direito.

Katia Braga, de 68 anos, está no seu 4º carnaval de baiana da Estácio de Sá. Ela ressalta a força familiar que a ala desempenha na escola de samba. Com objetivo de ser uma das estrelas no desfile, a desfilante se produziu e passou bem maquiada para brilhar cada vez mais. Katia mostra também como o carnaval em um potencial sincrético.

“Meu santo padroeiro é São Jorge, porque eu sou espírita eu sou muito conectada a Ogum”, comentou.

A desfilante confessou que já teve muita vontade de fazer parte de um grupo de quadrilhas juninas.

“Eu adoro festa junina. Hoje, eu sinto falta daquele movimento de festa junina de rua muito forte, aquela cultura folclórica de rua. Eu curti muito! Meu sonho era desfilar naquelas quadrilhas, mas eu nunca consegui. Ser baiana já está ótimo”, revelou Katia.
As baianas vieram no segundo setor do desfile, “O encontro no céu”. Com uma vestimenta repleta de estrelas em prata de brilhava, elas ornavam com toda composição na frente e na alegoria que viria atrás.