As baianas da Em Cima da Hora trouxeram, no segundo dia de desfile do Grupo de Acesso, a ancestralidade africana e clamam pela justiça de Xangô. As mães do samba da azul e branca, neste sábado, exibiram em sua fantasia a luta de mulheres negras. “Infelizmente nem sempre existe justiça na terra, quando falamos de mulheres pretas, não existe na maioria dos casos. Estamos aqui para lutar por dias melhores”, explicou Sidneia de Freitas, presidente da ala de baianas.
A fantasia é colorida, repleta de tecidos com desenhos da cultura africana, representando a ancestralidade. Bonecas negras com cabelo afro, fotos de mulheres negras e conchas de búzios chamaram a atenção na saia. Na cabeça, as baianas carregaram argolas grandes e douradas nas orelhas e o chapéu exibia um cabelo afro.
Para a presidente, a fantasia representa as mulheres negras através das fotos, representa os povos africanos através dos desenhos do tecidos e os búzios. É, também, uma fantasia com ancestralidade. “Nosso enredo conta a história da primeira advogada negra do Brasil. Com essa fantasia, não só homenageamos ela, mas também, homenageamos todas as mulheres negras. Mostramos na fantasia mulheres negras famosas que lutaram pela nossa cor”, disse.
As baianas da Em Cima da Hora dividiram opiniões. Para Silvia Ramos, guia de turismo e baiana há vinte anos, a fantasia é desconfortável. “A fantasia é espetacular, uma responsabilidade muito grande, mas não tá muito leve não”, relatou Silvia. Em contrapartida, Katia Antunes desfila como baiana há três anos e já vestiu roupas mais pesadas. “É uma fantasia tranquila de se desfilar. Já enfrentei coisas piores, vai ser tranquilo na avenida”, disse a baiana.
A escola foi a quarta escola a desfilar, no Grupo de Acesso, neste segundo dia desfile. A escola trouxe a vida de Esperança Garcia, primeira advogada negra do Brasil.