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Erros graves em evolução comprometem melhor desfile plástico da história da Unidos de Bangu

Terceira escola a cruzar a Marquês de Sapucaí neste segundo dia de desfiles da Série Ouro, a vermelha e branca da Zona Oeste encerrou a sua apresentação aos 53 minutos

Por Diogo Sampaio

Com alegorias gigantescas e fantasias de fácil leitura, a Unidos de Bangu realizou nesta segunda noite da Série Ouro o seu melhor desfile plástico da história. Aliado a parte visual, o samba defendido com maestria pelo carro de som e o canto empolgante da comunidade poderiam ter credenciado a escola para disputa do título. No entanto, uma série de erros graves em evolução, como a abertura de buracos e o embolamento de alas, prejudicou de forma significativa a apresentação, que terminou com 53 minutos. * VEJA FOTOS DO DESFILE

Comissão de Frente

Intitulada de “A Força do Vulcão”, a comissão de frente da Unidos de Bangu, assinada pelo coreógrafo Fábio Costa, trouxe a morada de Aganjú. Trata-se do local de onde o Rei de Oyó lança suas labaredas por justiça. Com componentes vestidos com figurinos dourados e com plumas vermelhas na cabeça, o ápice da coreografia acontecia quando do alto do elemento cenográfico simbolizando uma pedreira surgia a figura de Xangô e fogos de artifício saiam da roupa.

Mestre-Sala e Porta-Bandeira

Com uma fantasia chamada “Xangô… A Força do Vulcão”, o primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, Anderson Abreu e Eliza Xavier, deu um verdadeiro espetáculo na Avenida. Em seu quarto desfile defendendo o pavilhão principal da vermelha e branca da Zona Oeste do Rio, a dupla apresentou uma dança com passos coreografados, fazendo referências a ritmos africanos, com gestos velozes e precisos.

Os movimentos ousados realizados por Eliza com o primeiro pavilhão levantaram o público, como quando ela rodava a bandeira por cima da própria cabeça. O vento durante as apresentações na primeira e terceira cabines de jurados causaram dificuldades para o casal, que soube se sair bem das situações.

VEJA ABAIXO MATÉRIAS ESPECIAIS DO DESFILE
* Abre-alas da Unidos de Bangu levou para a avenida a Morada de Aganjú
* Bateria da Bangu traz ritmo e religião em sua fantasia e reforça luta contra a intolerância e valorização das religiões de matriz afro
* Valorização à ancestralidade das baianas está presente na fantasia da ala para 2023 na Bangu
* Último carro da Unidos de Bangu levou para avenida as festas juninas e o sincretismo religioso

Harmonia

Aliada a parte plástica, a harmonia foi um dos grandes pontos altos do desfile da Unidos de Bangu. Em todas as alas, era possível constatar componentes cantando forte e empolgados. Entre aquelas que se sobressaíram estão as alas “Bela Oyá” e “A Força do Oshê”. O canto alegre e solto na velha guarda, que representava “Os Obás de Xangô”, também foi um dos pontos altos.

Enredo

Sob o título “Aganjú… A visão do fogo, a voz do trovão no Reino de Oyó”, a Unidos de Bangu trouxe para Marquês de Sapucaí a história de uma qualidade de Xangô, o orixá da justiça. A ideia da agremiação foi trazer uma leitura diferenciada do tema, explorando fatos e lendas relacionadas que pouco foram mostradas na Avenida.

Tanto as fantasias e alegorias conseguiram transmitir com clareza a história que estava sendo contada na Avenida. No entanto, a inversão na posição de algumas alas no último setor pode trazer perda de pontos. No Roteiro de Desfiles, o grupo cênico “Festa Junina” e os compositores desfilariam após a terceira alegoria, mas na prática ambas vieram na frente dela.

Aliás, ainda com relação ao quesito, uma curiosidade é que desde o retorno da escola para a Marquês de Sapucaí, em 2018, este foi o terceiro enredo de temática negra que ela apresentou. O primeiro foi logo no ano da volta ao Sambódromo: “A travessia da Calunga Grande e a nobreza negra do Brasil”, do carnavalesco Cid Carvalho. Já o segundo, “Memória de um Griô: a diáspora africana numa idade nada moderna e muito menos contemporânea”, em 2020, foi desenvolvido por Bruno Rocha.

Evolução

O grande ponto fraco da Unidos de Bangu. A agremiação cometeu erros neste quesito do começo ao fim do desfile. Por conta do desacoplamento das duas partes que formavam o abre-alas, alguns clarões foram abertos. Além disso, por duas vezes se foram um buraco entre a bateria e ala de passistas, que vinha à frente, bem na altura dos módulos um e dois de julgamento.

Outro ponto problemático neste quesito foi o ritmo irregular da escola. A vermelha e branca começou a apresentação de maneira mais lenta e apertou o passo do meio para o final, o que fez com que algumas alas se embolassem e outras abrissem espaçamentos entre os componentes.

Samba-Enredo

O samba-enredo composto por Júnior Fionda, Tem-Tem Jr, Marcelo Adnet, Marcelinho Santos, Orlando Ambrósio, Domingos PS, Dudu Senna, Fábio Turko e Diego Nogueira teve um excelente desempenho no desfile oficial. Em sua estreia na escola, o intérprete Pixulé teve uma performance segura comandando o microfone oficial e mostrou entrosamento com a bateria comandada por mestre Laion Jorge. Aliás, as bossas e paradinhas executadas pelos ritmistas levantaram o público presente no Sambódromo e serviu de combustível para que o samba “pegasse” nas arquibancadas e frisas.

Fantasias

Tricampeão no Carnaval do Espírito Santo, o carnavalesco Robson Goulart já havia atuando na folia carioca em escolas como a Inocentes de Belford Roxo em 2005, a Unidos da Ponte em 2006 e a Independente da Praça da Bandeira nos anos de 2010 e 2011. No entanto, neste retorno assinando o desfile da Unidos de Bangu, fez o seu melhor trabalho em terras cariocas. Um exemplo disso foi o conjunto de fantasias: simples, sem uso de materiais caros e de fácil leitura. Entre os figurinos de maior destaque valem ser mencionados os da bateria, chamado de “Ritual do Ajerê”, e do ala 14, denominado “Agrado aos Ibejis”. Ambas utilizavam o recurso da estamparia, que toque diferenciado as indumentárias.

Alegorias e Adereços

Assim como outras agremiações da Série Ouro, a Unidos de Bangu apostou no gigantismo em seu conjunto alegórico. A agremiação já abriu a apresentação com um pede passagem intitulado de “A Força e Coragem no Reino de Oyó”, com uma grande escultura de um leão simbolizando a coragem e determinação do orixá.

Na sequência, o abre-alas, de nome “O Império do Senhor do Fogo… A Chama da Renovação”, retratou a morada de Aganjú e o fogo que ilumina, purifica e queima todas as mazelas da humanidade. Uma escultura gigante do orixá provocou impacto na abertura do desfile.

A segunda alegoria, chamada “Oferendas e Ritos – Kabecilê Kaô, Xangô Menino”, deu prosseguimento as grandes proporções neste quesito. No entanto, pequenos problemas de acabamento na parte traseira, assim como um destaque que estava descalço pode provocar alguns descontos.

Nomeada de “Sincretismo à Xangô – A Festa da Renovação”, a terceira alegoria trouxe a relação feita pelos adeptos de religiões afro-brasileiras entre Xangô e santos católicos, dando destaque aos festejos para Aganjú realizados no mês de junho. Assim como a segunda, ela apresentou algumas falhas, como um buraco na cabeça de uma das esculturas do alto, na parte traseira. Nada, porém, que diminuísse o impacto visual positivo dela.

Todavia, não foram só essas falhas que podem causar perda de pontos para agremiação. Um problema com acoplamento do abre-alas, antes mesmo da linha de início do desfile, fez com que ele passasse com duas partes soltas por toda Avenida. Com isso, a vermelha e branca totalizou quatro carros, um acima do limite. Tal fato deve acarretar em penalização para escola.

Outros Destaques

Fazendo seu segundo desfile à frente dos ritmistas da Unidos de Bangu, a rainha de bateria Wenny Isa, de apenas 13 anos, se mostrou mais solta e à vontade na função. Com uma fantasia intitulada “Isô, a Chama da Justiça”, nas cores vermelha e amarela, ela atraiu as atenções por onde passou e interagiu com o público das frisas.

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