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Areretizou! Canto forte da comunidade e bateria são destaques em ensaio da Mocidade

Escola não poupou gogó no Sambódromo e mostrou a força do chão. Por outro, lado, a agremiação pecou algumas vezes na evolução e o casal de mestre-sala e porta-bandeira sofreu com o vento forte.

Como prometido, a Mocidade abriu o penúltimo dia de ensaio técnico do Grupo Especial areretizando toda Marquês de Sapucaí. A escola fez grande apresentação, com destaque para o canto forte da comunidade e para a bateria “Não Existe Mais Quente”, comandada por mestre Dudu e com direito a participação especial de Carlinhos Brown. Por outro, lado, a agremiação pecou algumas vezes na evolução. O casal de mestre-sala e porta-bandeira sofreu com o vento forte. A Mocidade atravessou a Avenida em 1h04m. * VEJA AQUI FOTOS DO ENSAIO

Fotos de Allan Duffes/Site CARNAVALESCO

Antes da arrancada, em seu esquenta, a Verde e Branco de Padre Miguel relembrou um dos seus campeonatos, o de 1985, entoando “Ziriguidum 2001”. Em seus discursos, o presidente da escola, Flávio Santos e o diretor de carnaval, Marquinho Marino, pediram garra e empenho aos componentes. Já no aquecimento, a bateria levou o público ao delírio, ao trazer como elemento surpresa o cantor Carlinhos Brown, um dos compositores do samba, tocando timbal. A escola estendeu uma faixa que avisava: “A arerêtização está só começando” e o simpático mascote Castorizinho veio na frente mexendo com o público.

“Minha avaliação é super positiva. Se teve algum erro, que eu não vi e nem meu pessoal me relatou pelo rádio, somente quando eu fizer reunião com diretores de harmonia amanhã (segunda-feira). Mas, o saldo foi extremamente positivo, a escola fez um desfile bem organizado, cantando muito, evoluindo muito, os componentes se doaram muito pela escola e acredito que a escola está pronta pro desfile. Eu tive que segurar a emoção porque eu não posso ter emoção no meio do desfile, são 3500 componentes desfilando e eu tenho que ter o comando desse trabalho, sem nenhum tipo de emoção”, disse Marquinho Marino, diretor de carnaval.

Samba-Enredo e Harmonia

Um dos sambas mais elogiados durante todo o extenso pré-carnaval, a obra da Mocidade mostrou a que veio logo na entrada. Antes mesmo da arrancada, quando a bateria se apresentava e saudava o setor três, o público presente nas arquibancadas começou a entoar a composição da Estrela-Guia de Padre Miguel, a plenos pulmões. Impulsionado pelo ótimo desempenho do carro de som comandado pelo intérprete Wander Pires, em seu sexto carnaval desde que retornou à Mocidade, o samba funcionou perfeitamente. O refrão principal, com o famoso “Arerê Komorodé”, foi a parte mais cantada pelo chão da escola.

“Componentes soltos mas com garra, muita alegria e muita responsabilidade. Foi um ensaio técnico, porém com muita emoção, onde a Mocidade prestou homenagem a todos aqueles que nos deixaram nesse momento de pandemia. Foi uma mistura de emoção mas sem perder a razão. Hoje foi um ensaio para o público, mas foi também para a escola se ajustar. A Mocidade está 90% pronta, mas aproveitaremos o resultado do ensaio para servir como parâmetro e observarmos qualquer falha para que dê tempo de corrigir até o desfile. Ajustando hoje, a Mocidade chega como forte candidata para voltar no sábado das campeãs, e quem sabe como primeira colocada. Podem esperar um desfile mágico e com muitas homenagens que prometem arrepiar quem for nos assistir”, promete Wallace Capoeira, diretor de harmonia.

Com o bom samba, o desempenho da harmonia não poderia ser diferente. As alas Loucos de Paixão, Ossain e Iemanjá passaram bastante empolgadas e mostrando a força do chão dos independentes. Com saias em verde com desenhos de plantas e turbantes também em verde, as baianas também estavam com o samba na ponta da língua. A obra da Mocidade para 2022 tem vários momentos em que a comunidade aumenta o tom da voz e embala, como de ‘Quem é de Oxóssi é de São Sebastião’, de ‘Ô Juremê’ até ‘a caixa guerrear’, além dos refrões do meio e principal. A parte menos cantada foi de ‘Ibulama o mar atravessou’, até ‘Meu senhor’.

“O rendimento do samba foi espetacular. Pra mim, isso é um termômetro do que vai acontecer no dia do desfile. Minha escola cantou muito, cada componente, cada segmento, a comunidade, todos deram um verdadeiro show de canto e eu só tenho a agradecer. Eu pedi pra eles se doaram, antes de começar o ensaio, pedi no microfone que eles se doassem e brigassem pela escola, cantassem com muita garra e amor e não deu outra, eles deram muito mais do que eu podia imaginar”, afirmou Marquinho Marino.

Mestre-Sala e Porta-Bandeira

O fortes vento nos últimos ensaios no Rio de Janeiro atrapalharam alguns casais, e com Diogo Jesus e Bruna Santos não foi diferente. Durante apresentação no primeiro módulo, a porta-bandeira teve que guiar o pavilhão durante o bailado. Tirando este detalhe, a dupla fez grande apresentação na frente das cabines de julgadores, com sincronia, elegância e diversidade na dança, implementando passos variados. Em alguns momentos da dança, o mestre-sala fazia referências ao orixá Oxóssi, enredo da escola, como a flecha feita com as mãos. Ambos vestiam roupas brancas em brilhante, com parte em moda afro, em exibição de 2m15s.

“A emoção é muito grande. Estou muito feliz de estar voltando o carnaval, voltando desfile. Hoje aqui foi emoção enorme, até porque é meu primeiro ensaio técnico como primeiro porta bandeira, então, meu coração veio à boca. Mas, graças a Deus conseguimos fazer um bom trabalho”, disse a porta-bandeira.

“Fizemos um bom trabalho. A gente conseguiu fazer o que se propôs a fazer. Pegamos um pouquinho de vento, mas nada que tirasse o brilho da nossa dança e foi bem feito. Sem erros, sem toque de bandeira na mão do mestre-sala, sem uma dança estar desconexa com a outra, foi tudo compacto e a gente pode fazer um grande ensaio. Podem esperar um grande desempenho, uma grande força. A gente vem com muita vontade”, completou o mestre-sala.

Bateria

Outro destaque da noite foi a bateria do mestre Dudu. A “Não Existe Mais Quente”, que será homenageada no desfile oficial, mostrou variedade nas bossas e instrumentos, com direito a show à parte de Carlinhos Brown, um dos compositores do samba. Com a levada característica da Estrela-Guia de Padre Miguel, a bateria impulsionou ainda mais o samba e embalou o desempenho do chão da escola. Uma das bossas se dá do verso ‘Oxóssi é caçador’ até ‘Apaixonado por Oxum’, onde são ressaltados agogôs e os timbales. De ‘Ô Juremê’ até ‘Toda alma independente’ a bateria também preparou outra bossa. No refrão, os ritmistas param totalmente para entoar o canto da escola e fazem o símbolo da flecha de Oxóssi com as mãos. A rainha Giovana Angélica veio com roupa preta com detalhes verdes em alusão a flores e plantas.

“Nossa bateria está com muita garra, porque no último carnaval nós fomos garfados. Meu pai sempre falou para mim que a voz do povo é a voz de Deus e agora está aí mais um resultado de um trabalho árduo. A verdade é que está fácil de trabalhar na Mocidade, a escola está bem blindada, eu estou trabalhando muito com o carro de som, trabalhando uma bossa para o casal, nós vamos fazer parada quando eles forem se apresentar e isso vai ser muito legal. Minha meta é fazer um trabalho bem simples, o famoso feijão com arroz bem temperado para que esse ano os jurados tenham uma leitura melhor da nossa bateria. Esse ano eu procurei trabalhar diferente para que os jurados tenham uma leitura melhor das bossas, foi trabalho em cima de melodia, alinhamento, porque eu quero que o jurado entenda a nossa bateria. Venho com 276 ritmistas. Só aumentei um pouquinho de caixa, timbau e botamos mais pressão na bateria. Não posso deixar de dizer que a escola comprou surdos novos para a gente, são surdos de primeira, foi bom para dar mais peso, porque a nossa segunda é muito grave, por ser um pouquinho mais baixa ela não dava a sonoridade que a gente queria ter e aí a escola comprou 15 surdos novos, hoje viemos com seis para estreia e foi só sucesso”, garantiu mestre Dudu.

Evolução

O destaque negativo fica por conta da evolução. A escola entrou na Avenida de forma acelerada, e minutos depois teve que segurar o passo, o que fez com que tivesse que imprimir velocidade novamente no final. No primeiro módulo de julgadores, a ala Ossain seguiu com a frente da escola e gerando um espaço para o que vinha depois e posteriormente uma ala coreografada, que demorava a evoluir. Porém, o maior problema aconteceu após a apresentação no segundo módulo, a comissão de frente avançou além da conta e abriu distância significativa para o casal, que se apresentou logo em seguida. Após a exibição, a dupla seguiu, e ala que vinha logo atrás não acompanhou, formando um enorme buraco na altura do setor 6. A porta-bandeira percebeu o vácuo e cobrou a ala para se aproximar.

De positivo, pode-se destacar a animação dos componentes da escola, que estavam bem leves e soltos. Além disso, todas as alas da escola possuíam algum adereço nas mãos, proporcionando um ótimo efeito visual e na evolução na avenida. Lenços, bolas, pompons e chapéus verdes também acompanharam os sambistas. A escola também trouxe algumas alas coreografadas, como a reis de Alaketu, que traziam flechas. A Mocidade também levou antes da ala Procissão um homem vestido como São Sebastião, sincretismo religioso de Oxóssi no catolicismo. Em determinado momento, componentes faziam reverência ao santo com velas na mão em bonito momento.

“Foi maravilhoso, tudo que a gente esperava e queria. Tudo o que a gente sonhava. Eu que tive a experiência de cantar, foi incrível. Ontem, estava em São Paulo no ensaio técnico, por coincidência, cai sempre um em um dia e outro no outro, assim como nos dias de desfile. Estamos nos preparando cada vez mais, ainda faltam algumas coisinhas. Vamos continuar com os exercícios, minha fonoaudióloga está sempre comigo e vamos com tudo. Eu acho que vai dar bingo, de verdade. Eu acho que como dizem aí, vai dar Castor. Vai areretizar a Sapucaí”, brincou Wander Pires.

Outros Destaques

A comissão de frente apresentou homens vestidos com camisa marrom afro, pena de Oxóssi na cabeça e rostos pintados. Os dançarinos comandados por Jorge Finelon e Jorge Teixeira fizeram boa exibição, com sincronia e força. Os componentes fizeram uma dança muito expressiva e com muitas referências ao enredo, com o arco e a flecha de Oxóssi.

A ala de baianas da escola, no tradicional verde e branco da escola, e a ala de passistas, com uma bela roupa verde estampada, também deram show na avenida.

Ao fim, a escola trouxe uma faixa com a frase ‘Nós não vamos sucumbir! Viva o carnaval’ e bandeirões com as imagens de Castor de Andrade e São Sebastião. Com o enredo “Batuque ao Caçador”, desenvolvido pelo carnavalesco Fábio Ricardo, a Mocidade Independente de Padre Miguel será a terceira escola a desfilar na segunda noite do Grupo Especial.

Participaram da cobertura: Luan Costa, Lucas Santos, Leonardo Damico, Isabelly Luz, Ingrid Marins, José Luiz Moreira, Marina Perdigão, Gabriel Gomes, Philipe Rabelo e Walter Farias

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