Salgueiro03bCom o enredo “Resistência”, o Salgueiro entrou na avenida reverberando a luta e a coragem da população negra para garantir a sua cultura, a fé e o seu lugar de fala. Resistir é o lema da agremiação e dos componentes para o carnaval de 2022. Na atualidade, apresentar esse tema sobre a resistência afro-brasileira é de extrema necessidade, e a escola mais uma vez trouxe um enredo representativo sobre a luta e a importância da visibilidade do protagonismo negro.

O Salgueiro foi a fundo na resistência e na sua própria raiz, fazendo uma homenagem a Djalma Sabiá, um dos fundadores e baluartes da escola. O “Griô” salgueirense veio representado já no carro abre-alas do vermelho e branco do Andaraí. Com a alegoria “Salgueiro, o Griô do samba”, que resgata a estética africana apresentada a partir de 1960.

As cores vermelho, branco e preto são predominantes por todo o carro que tem elementos como: lanças, escudos e animais representados. Além disso, ele trouxe grandes esculturas, dando destaque ao grande Djalma Sabiá como o griô, que transmite histórias e a tradição salgueirense.

Salgueiro03aA alegoria veio só com mulheres negras que cujo figurino representava a inspiração africana e raiz salgueirense. O Salgueiro foi uma das pioneiras nos enredos afros e fez nesse carro uma releitura do afro sal.

Convidada para desfilar no abre-alas da escola, a atriz Dandara Abreu, de 33 anos, expõe o que representa para ela vir na alegoria que homenageia o grande Sabiá: “Esse carro faz toda a referência ao enredo, pois nada é mais resistente que o griô”.

Ela também destaca a importância disso como salgueirense: “Foi uma honra ter sido convidada para desfilar no carro e fiquei muito emocionada do Salgueiro fazer questão de colocar só mulheres negras para compor a alegoria”.

A escola veio muito forte ao falar sobre a raiz, o carro que é o afro sal é considerado como uma força da resistência. Tendo em vista os vários casos que acontecem constantemente de preconceitos raciais, ter escolas de samba falando sobre esses enredos se torna muito importante.

Para a secretária, Stella Ribeiro, de 37 anos, os enredos afros são de extrema importância. “No tempo de hoje que o racismo é tão forte, essas temáticas que as escolas de samba estão trazendo é muito bom, pois enaltece a cultura negra e nosso povo. Para mim é uma honra como mulher negra que vive em um país que não se aceita como negro homenagear o Sabiá. Ele foi uma representação forte dentro da nossa cultura, o que torna muito importante”, relata.

Representando toda a sua história, o abre-alas do Salgueiro foi sem dúvidas um trunfo ao fazer uma homenagem para Djalma Sabiá, que infelizmente faleceu no último ano. Ele foi aquele que nos “ensinou a ser diferente”, como diz no samba-enredo. Vindo com tudo que os componentes prezam pela escola, trazendo o espírito salgueirense, nada mais justo do que iniciar o desfile com essa alegoria.

Desfilando há mais de 40 anos na instituição, a dona de casa Leda Santos, de 87 anos, conta o que sentiu ao ver o carro e a importância dessa representação: “Foi uma emoção muito grande, pois minhas duas filhas vieram nele. Algo tão lindo e de um significado incrível e por isso estou muito feliz. Sei que Sabiá nos abençoou nesse desfile, pois demos o nosso melhor”.

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