A Acadêmicos da Abolição foi a terceira escola a desfilar na Intendente Magalhães no segundo e último dia de desfiles da Série Prata. Com um samba que casou muito com o enredo apresentado, e uma comissão com efeitos interessantes, a escola passou pela pista da Intendente com tranquilidade.
Comissão de Frente
Ensaiada por Felipe Rodrigues, a comissão com o nome “A busca de Zazi nas matas. O ritual ancestral!”, trouxe onze dançarinos, com dez representando as árvores sagradas da floresta, enquanto um vinha trajado de Zazi em busca dos elementos para formar o elemento primordial. Com uma dança mais simples, porém condizente com o enredo e bem executada, a comissão trouxe lanterninhas de mão que acendiam em momentos específicos da coreografia, além de Zazi estar com um cajado de onde também saía um efeito logo nos primeiros momentos de apresentação para os jurados.
Mestre-sala e Porta-bandeira
Raison Alves e Dandara Luiza formaram o primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira da Abolição, e trouxeram um bailado tradicional, mostrando um bom entrosamento e confiança entre eles, com destaque para os momentos de cortejo dele para com ela. A fantasia de ambos representou as forças ancestrais que tiraram Zambi do seu banzo melancólico, que o faria parar com a criação do mundo.
Enredo
O enredista Vladmir Rocha trouxe o enredo “Axé Ngoma! A festa do batuque ancestral”, que contou a história do tambor, tão ancestral quanto o homem, através de Zazi buscando alegrar Zambi e criando Ngoma o primeiro tambor para tirar o deus supremo do banzo que ele se encontrava, realizando a festa do batuque ancestral. Depois o enredo seguiu pela travessia atlântica dos escravizados e luta para não deixar o batuque morrer no Brasil, com formas que utilizaram o tambor ao longo da história e terminou numa homenagem à Estação Primeira de Mangueira. O enredo teve um bom desenvolvimento, com exceção do setor da travessia que teve um leitura um pouco mais difícil pelas fantasias.
Alegorias
O abre-alas veio com uma escultura com movimentos, porém um dos destaques parecia escondido em meio a estrutura da árvore com rosto que se destacava na frente. A alegoria trazia árvores sagradas com rostos, representando os espíritos que originaram o Ngoma. O segundo e o último carro teve diversos surdos, tambores e caixas em verde-e-rosa, com duas árvores simbolizando mangueiras inclusive trazendo mangas “flutuantes”, na sua homenagem a Mangueira, onde eram movimentadas por fios conectados a um integrante que estava atrás do carro.
Fantasias
Algumas fantasias estavam com bom acabamento, bem feitas e confeccionadas, em geral antes da bateria, ainda que bem simples. Já de algumas das alas que vieram depois pareciam não ter o mesmo trabalho de acabamento, como a ala 21, ä boa malandragem e batucada”, onde alguns adereços pareciam ter sido feitos em cima da hora. Os figurinos dos componentes dos carros estavam todos muito bem feitos. As baianas, em um figurino bem próximo ao tradicional, vieram de “Calmaria e tempestade”, representando a calmaria de Oxalá e a tempestade de Matamba. As passistas vieram de “A dança ancestral”, o ritmo do batuque vindo da África e proibido pelos sinhôs mas que deram origem a diversas danças Brasil afora.
Harmonia
A voz de Digão Audaz conduziu bem o samba da agremiação, que teve uma abertura com muitos componentes cantando o samba, porém após o abre-alas uma boa parte cantou apenas o refrão. A situação voltou a um canto mais constante da bateria até o fim da escola.
Samba-enredo
Muito poético, o samba da Abolição traduziu muito bem o enredo proposto e ajudou a contar a história trazida pela escola na Intendente. O primeiro refrão foi o mais cantado pela escola que trouxe os versos: “Dobra O ‘rum que é pra saudar… NGOMA / Dobra O ‘rum no ritual de fé / No meu terreiro Alabê toca samba / Abolição é casa de bamba”.
Evolução
A escola evoluiu bem tranquila, sem maiores preocupações, bem solta e leve ao longo da pista, terminando o desfile dentro do tempo regulamentar.
Outros Destaques
A bateria cumpriu muito bem o papel ao longo do desfile. O professor Luiz Antonio Simas veio desfilando na escola novamente, já que um de seus textos foi a principal base para o enredo da escola neste ano.