“Cadê o boi? O mocangueiro, o mandingueiro de Oyá”. O Paraíso do Tuiuti já situa em seus primeiros versos do samba para o próximo carnaval todo o misticismo presente no Estado do Pará. O enredo “Mocangueiro da cara preta” está sendo desenvolvido pela inédita dobradinha dos carnavalescos Rosa Magalhães e João Vitor Araújo. A ideia é narrar a chegada dos búfalos ao Brasil, na ilha de Marajó e como isso se transformou em manifestação cultural. Como definiu a própria Rosa Magalhães na final de samba, a dupla vai falar do Norte por um caminho que ainda não foi feito. E falar do Pará, cantar um samba que envolva algo do estado aflora a vontade de colocar um “Carimbó”. Mestre Marcão, vencedor do último Estrela do Carnaval de melhor bateria, segue no comando da SuperSom. Sobre a gravação, ele ressalta a importância do álbum valorizar o ensinamento da obra propriamente dito.
Trecho da gravação do bateria do Tuiuti para o álbum oficial para o Carnaval 2023. #carnavalesco pic.twitter.com/ziuCD9abGD
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“Para o álbum dos sambas do Grupo Especial, o andamento é o mais uniforme, mas o que a produção quer, a Liga, é mostrar mais o samba do que paradinha. A comercialização é o samba. Para não falar que nós passamos em branco, fizemos algumas duas ou três convenções e acho que está legal pra caramba, porque senão fica muita bossa, muita nuance de ritmo, do que o próprio samba”, entende o mestre.
Marcão também falou sobre a parceria com o cantor Wander Pires que chega na Azul e Amarela de São Cristóvão para o próximo carnaval.
“Ele é um fenômeno, é o ‘Pavarotti’ do samba. É fundamental. A gente está bem. Vamos trabalhar o samba, as bossas e algumas coisas que vamos fazer na Avenida, e, principalmente, nós estamos achando um meio termo para poder fazer o carimbó, que é o ritmo do Pará, é uma cultura de lá. Acho que vai ficar bem interessante”, projeta Marcão.
Trecho da gravação do tamborim do Tuiuti para o álbum oficial para o Carnaval 2023. #carnavalesco pic.twitter.com/4cntDY7u6x
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O samba de 2023 tem autoria de Cláudio Russo, Alessandro Falcão, Gustavo Clarão, Júlio Alves, Moacyr Luz, Pier Ubertini e W Correia. Estreante no Paraíso do Tuiuti, o intérprete Wander Pires, revela como realizou a preparação para colocar a voz oficial na obra da escola para o próximo desfile.
“A gente procura principalmente dormir, fazer exercícios. Chegou a época de eu chamar minha fono que está sempre comigo. Aqueles exercícios que a gente faz com a fono, o lance dos ‘s’ , final de frases, que sempre é trabalhado bastante. A gente sempre foca para fazer o melhor, o melhor para o Paraíso do Tuiuti. No preparo, acima de qualquer coisa, eu procuro falar menos, cantar menos por aí, nesse ano tivemos também um período de disputa, nunca aconteceu isso, de bater junto com a gravação, até por ser um carnaval atrás do outro. Mas, estamos preparados da melhor forma possível. Está dando tudo certo graças a Deus e vai continuar dando certo”, espera o cantor.
Wander fez questão de ressaltar a qualidade da obra que tem sido uma marca da escola desde 2018 com o “Meu Deus, meu Deus, está extinta a escravidão?”, e explicou de que forma tem trabalhado para deixar o hino pronto para a escola usufruir da melhor forma no desfile de 2023.
“É um samba maravilhoso, que vai dar um bom resultado, um bom desfile. Eu gosto da onda melódica harmônica. Gosto muito da segunda do samba, ‘A mão que modela a vida…’. A parte que mais me encanta é a primeira ‘Um mar de ventanias…’. Até porque a gente está criando alguns detalhes. Cada samba que eu gravei entre os três, eu foquei em certos pedaços do samba, primeira e segunda do samba que eu poderia criar algumas coisas. Levantar a nota, antecipar, não ferindo a melodia, no sentido de musicalidade dentro da melodia do samba. E foi nas duas partes que eu pensei em criar essas coisas. Cabeça do samba e a segunda, são as partes que mais me chamaram a atenção. Tem pessoas que vão para o “Ela, Ela”, eu já pego os detalhes que são menos observados para que eles passem a ser observados, para ter um molho a mais”, explica Wander.
Diretor Musical e Arranjador explicam organização técnica
Gravada na Companhia dos Técnicos em Copacabana, sobre a produção de Alceu Maia, a faixa do Paraíso do Tuiuti tem a criação do arranjo do músico Victor Alves. Ele explicou como foi desenvolvido o trabalho.
“O tom do samba ficou em Sol maior, com a cabeça do samba em Sol menor. Ficou em um tom que é mais próprio para o Wander, ficou na região da voz dele, um tom que ele gosta, que está acostumado. A gente já conhece bem os caminhos dele. Em relação a bateria, além dos instrumentos mais tradicionais, a gente usou conga, palminha que é um instrumento de madeira, do carimbó. A nossa ideia é valorizar o samba e a bateria, e a harmonia que a gente preparou, as cordas fazem parte também desse processo, dessa ideia”, esclarece Victor.
O diretor musical do Paraíso do Tuiuti, André Fêlix, acrescentou citando o intuito do trabalho produzido em relação a gravação do samba da agremiação de São Cristóvão para o próximo carnaval.
“A maior surpresa está por conta do mestre Marcão, ele fez uma coisa bem básica para ensinar o povo o samba. O que vai ser mudado mesmo é o ao vivo que a gente está preparando para levar para a Avenida. Para a gravação é para ensinar o samba para toda a população. Não teve alteração na letra, teve uma mudança na melodia, na parte da segunda do samba, única coisa que teve de alteração, por isso procuramos fazer um arranjo simples e o Marcão segurou nas bossas para poder a informação chegar melhor para o público”, explica o diretor musical.
Em 2023, o Paraíso do Tuiuti vai abrir a segunda noite dos desfiles do Grupo Especial na Marquês de Sapucaí.
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