Após o quinto lugar no carnaval de 2020 com o enredo “A voz da Liberdade”, a Acadêmicos do Cubango está apostando tudo no novo enredo para 2022, “O amor preto cura: Chica Xavier, a mãe baiana. Apesar do luxo nos carros elaborados pelos carnavalescos Raphael Torres e Alexandre Rangel, a escola pecou em problemas técnicos em algumas alegorias. Com o objetivo de corrigir esses erros, a agremiação investe pela primeira vez no talentoso João Vitor Araújo. Com passagem pela Unidos do Viradouro, também escola de Niterói, o artista contou em entrevista ao CARNAVALESCO, como se sente estando de volta ao bairro que tanto gosta.
“É a primeira vez que eu trabalho na Acadêmicos do Cubango e está sendo muito bom esse encontro com as minhas raízes profissionais, já que comecei minha carreira como carnavalesco em Niterói, na Unidos do Viradouro. Além disso, tem o encontro com a minha raiz afro descendente, encontrando com essa escola que possui 90% da sua comunidade e dos seus segmentos formados por pessoas negras. É a primeira vez que isso acontece comigo, estou me sentindo em casa e representado o tempo todo dentro da escola”.
João aproveitou para contar como surgiu a ideia do enredo, uma vez que a Cubango é conhecida por trazer temática afro. Segundo ele, a escola pediu que o mesmo seguisse nesse padrão, o que foi um desafio, já que fazia tempo que o carnavalesco não desenvolvia um enredo desse tipo.
“Quando eu cheguei na Cubango, obvio que o primeiro pedido foi que eu continuasse com a temática afro. Havia muito tempo que eu não fazia um enredo com essa temática, então foi muito bom flertar novamente com um enredo que me representa. Eu selecionei vários enredos para apresentar para a escola, até que um dia eu fui ao templo e pedi que me desse uma inspiração para algo a mais, sentia que estava faltando alguma coisa. Daí encontrei uma frase de amor na internet da neta Luana Xavier para ela: “O amor preto cura”. Só consegui imaginar como eu não havia pensado em Dona Chica ainda? Me arrepiei dos pés cabeça, deixei todas as minhas outras ideias de lado e só levei esse enredo para a escola, totalmente convencido”.
João se mostrou bastante apaixonado por Dona Chica e toda sua história. Durante a entrevista, o carnavalesco nos mostrou o livro que está lendo sobre a homenageada, livro esse que ele carrega para todo canto.
“A Chica havia um olhar de paz, calmaria. Quando olho para a foto dela nesse livro, sinto como se ela me dissesse para ficar calmo, que dará tudo certo. Muita gente me pergunta em qual parte do enredo irei fazer o protesto, a reivindicação, mas no meu enredo não tem nada disso. É um enredo que fala de amor justamente num momento onde está todo mundo muito ferido, triste e cansado. Depois de tudo isso que nos aconteceu nesses dois anos, chegou a hora de falar de amor, e não de dor”.
Como citado anteriormente, uma das grandes apostas da Cubango, é corrigir as falhas técnicas do desfile anterior. Com isso, toda a comunidade da escola de Niterói, está com bastante expectativa quanto as alegorias de João.
“Tenho feito um trabalho muito bem cuidado. Estamos saindo de uma fase bem ruim, e eu espero de verdade que estejamos realmente saindo e que essa pandemia de fato termine de uma vez por todas. Está sendo um ano muito difícil, principalmente para as escolas da Série Ouro. Retomar os trabalhos depois de dois anos sem carnaval é um desafio muito grande. Não tivemos esse ano aquela facilidade de encontrar materiais disponíveis no mercado carnavalesco, logo, tivemos muita dificuldade para reunir o brilho, os tecidos de base e as penas. Tudo isso porque todo mundo parou, então porque as indústrias carnavalescas também não haveriam de parar? Com isso, todo mundo quis atacar o mesmo tipo de material, virou um salve-se quem puder”, brincou.
“Até aquele material considerado até então como o mais vagabundo, que ninguém queria usar, foi disputado esse ano. Geralmente esse tipo de material fica para as escolas da Série
Ouro e Intendentes, mas esse ano até o Grupo Especial quis trabalhar com esse tipo de material. Esse ano não tivemos nem material e nem tempo para produzir. Ficamos naquela incógnita, vai ter carnaval? Não? Então para. Vai ter? Então volta. Foi uma loucura! Estou fazendo um trabalho plástico na Cubango com o maior cuidado possível. Quem me conhece sabe que eu gosto de me esmerar bastante, principalmente nas minhas alegorias e eu
estou batalhando muito para que isso seja possível. Estou a pouquíssimos dias do meu desfile e pode ter certeza de que estou querendo fazer o melhor para os jurados e as pessoas que estarão lá assistindo e para que a comunidade se orgulhe do que estamos fazendo”, concluiu.
Quanto ao trunfo do desfile, o carnavalesco respondeu sem nem pensar duas vezes: “Amor. Pode parecer redundante, mas todo mundo se apaixona por esse enredo. Eu ouço de muita gente, de pessoas bem críticas até, que o nosso enredo é tão bonito, que se a Cubango passasse no ferro ainda sim iriamos emocionar, mas não será o caso. A escola é a segunda a desfilar logo na primeira noite, então eu quero que ela espalhe esse amor para as outras que virão”.
Contando com três alegorias, um tripé e 1900 componentes, o Cubango promete trazer muita emoção para a Sapucaí. João destacou comissão de frente, mestre sala e porta bandeira, e ainda contou sobre o último carro da escola. “Gosto muito da comissão de frente, o Fabinho está fazendo um trabalho belíssimo. Até o site CARNAVALESCO elogiou muito a performance dele no ensaio técnico, então acho que ali deu para todo mundo entender um pouquinho do que ele vai apresentar para a gente. Além disso, temos o casal de mestre-sala e porta-bandeira com um bailado maravilhoso e com uma fantasia belíssima, bem além dos padrões da Série Ouro. E no último carro teremos uma foto muito bonita da Chica. Esse mesmo sentimento que eu disse que tenho quando olho a foto dela no livro, eu vou sentir com a foto de cinco metros de altura e espero que todos sintam o mesmo que eu”.
Entenda o desfile
Setor 1: Terra Mãe – A Bahia de todos os santos
Setor 2: Magé Bassã – A ialorixá de tenda dos milagres
Setor 3: A bandeira da arte do ensino dos saberes ancestrais
Setor 4: O amor preto cura
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