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A Portela está de luto. Morreu, na madrugada desta quarta-feira, aos 85 anos, David do Pandeiro, integrante da Velha Guarda Show e baluarte da escola. Lutando contra um câncer na próstata há três anos, o sambista passou mal em casa no último domingo e foi levado para a UPA de Manguinhos. Em seguida, por conta de um quadro de anemia, foi transferido para a Coordenação de Emergência Regional (CER) Ilha. A causa da morte foi uma parada cardíaca. O horário e o local do enterro ainda estão sendo definidos pela família.

Carioca de Bento Ribeiro, David do Pandeiro teve destacada trajetória no mundo do samba a partir da década de 1950 como músico e compositor. Fez parte das escolas Paz e Amor e Acadêmicos de Bento Ribeiro (ambas extintas). Tempos depois, foi para a União de Jacarepaguá e para a Mangueira, onde ficou três anos.

Entre 1961 e 1963, militou no Império Serrano, onde venceu a disputa de samba-enredo em 1961 e 1962. Ainda na década de 1960, integrou o lendário grupo Mensageiros do Samba, ao lado de Candeia, Casquinha (de quem era primo), Arlindão e outros bambas. Na ocasião, a convite do patrono Natal, passou a desfilar na Portela. No início da década de 1970, teve a canção “Vai, saudade”, feita em parceria com Candeia, gravada por Clementina de Jesus.

Após uma pequena passagem pela Imperatriz, chegou a se afastar do meio musical, até o início da década de 1990, quando passou a fazer parte da Velha Guarda Show da Portela, ocupando o lugar deixado por Alberto Lonato, que havia se afastado por problemas de saúde. Trabalhou, ainda, como músico, com Carlos Machado e Walter Pinto, eternos reis da noite carioca, e as cantoras Carmen Costa e Elizeth Cardoso. Foi também policial militar.

Nos anos 2000, viveu outro grande momento na carreira com a Velha Guarda da Portela, por conta do lançamento do disco “Tudo Azul” e da turnê com a cantora Marisa Monte. Viajou por diversos países e se apresentou em algumas das principais casas de espetáculos do Rio e do Brasil.

Além de brilhar em filmes como “O Mistério do Samba”, David do Pandeiro ganhou um verbete especial no livro “A Velha Guarda da Portela”, de Carlos Monte e João Baptista Vargens. Foi também homenageado pelo Departamento Cultural da Portela no projeto Portela de Asas Abertas, em 2017, e com a gravação de um depoimento para o acerto da escola.

Por conta da doença, David andava um pouco afastado das atividades na Portela. No entanto, sempre que melhorava, fazia questão de participar das feijoadas. Ele deixa mulher, dona Nilza, dois filhos e muitos netos.

O presidente Luis Carlos Magalhães e toda a diretoria da Portela lamentam profundamente a morte de David do Pandeiro e se solidarizam com seus familiares e amigos neste momento de luto.

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