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Grupos cênicos da Mangueira dão vida à ancestralidade através da arte

Com o enredo sobre a ancestralidade e o legado dos povos bantus que chegaram ao Rio de Janeiro, a Estação Primeira de Mangueira levou à Marquês de Sapucaí três alas de grupos cênicos com muita dança e historicidade na cabeça da escola durante o desfile,  transformando a avenida em um verdadeiro teatro a céu aberto com muita identidade e resistência.

Diferente das alas tradicionais, os grupos cênicos desempenham um papel fundamental na apresentação da narrativa do desfile. A Mangueira que historicamente traz mensagens sociais e encenações que causam bastante impacto. O primeiro grupo cênico da escola, chamado de ‘’Os guardiões da ancestralidade’’, retrata a ancestralidade bantu que cruzaram a Kalunga, protegendo os valores, histórias e tradições desse povo. Com máscaras sagradas e um figurino adornados com conchas, corais, cores lilás e rosa, detalhes em palha e cabeça que remetem à madeira.

Posicionada nas laterais e na parte de trás, o grupo funcionou como guardião da ala das baianas que estavam no meio. Com movimentos para um lado e para o outro e alguns giros durante trechos do samba.

‘’É a primeira vez que eu tô desfilando pela mangueira e a primeira vez que eu tô entrando na Sapucaí como componente de escola. É uma emoção muito grande, porque é a primeira vez que eu tô desfilando e já desfilando em uma ala grande. A gente está representando as Inquices e os Egunguns, que são como orixás da cultura Bantu’’, comenta Thais, confeiteira e componente da ala, de 38 anos.

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O segundo grupo cênico intitulado de ‘’O sopro que guia a passagem’’ transformou a avenida em uma verdadeira Kaiango, uma inquice que controla o trânsito dividido pela Kalunga no Cosmograma Bakongo, governado entre os caminhos entre o mundo físico e espiritual. ‘’Toda uma ancestralidade porque a gente vai representar os ventos de Matamba e eu por ser feita de Matamba, de Angola, do povo de Congo. Para mim é muita representação, estou representando aqui principalmente o meu pai que era um mangueirense doente’’, declara a técnica de segurança do trabalho, Sandra Lucia, de 46 anos. A fantasia evoca de forma poética o movimento dos ventos e dos sopros, que saem dentro de uma máscara banta, roupas com estampas em tons de rosa.

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Já o terceiro grupo, ‘’Morte e vida’’ encerra a transição entre a morte e a vida para contar as histórias dos povos bantus já habitantes do Rio de Janeiro, se dividindo em dois através das cores branco e preto, extremidades da horizontais do Cosmograma Bakongo unidos pela Kalunga. ‘’Uma ala que para mim tá sendo muito especial porque é coreografada, é de uma coreógrafa, que vem contando a história de morte e vida, é uma relação com matamba e o enredo todo da mangueira também. Estou achando muito especial falar do povo bantu, enquanto a gente tem várias outras apresentações, neste ano é legal a Mangueira trazendo  outras vertentes de outras populações africanas’’, diz Camila, de 36 anos, sou assistente de produção e primeira vez saindo pela mangueira.

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Com roupa preta, detalhes em búzios, moicano de plumas na cabeça e pinturas no corpo com giros e danças afro.

Os ensaios das alas coreografadas começam com bastante antecedência e são bastante intensos. A componente Camila finaliza dizendo que ‘’‘A nossa ala está ensaiando desde dezembro, duas vezes por semana, além do ensaio de rua e os ensaios técnicos. Tem sido que teve algum ensaio separado, assim, Sim. A gente teve desde dezembro dois ensaios duas vezes por semana, terça e quinta, só da nossa ala, para pegar a coreografia, limpar e tudo mais’’.

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