Ambulantes retiram kit de trabalho para o Carnaval 2025 e dizem: ‘é a oportunidade da renda extra’

Material para o Carnaval 2025 começa a ser entregue para vendedores ambulantes no Centro da cidade

Uma enorme fila de vendedores autônomos se formou no Pier Mauá, Zona Portuária da cidade, nesta quinta-feira. Os trabalhadores fazem parte dos 15 mil selecionados para receberem o kit de trabalho para atuarem como ambulantes no carnaval. O material é oferecido pela prefeitura carioca, em parceria com a plataforma Dream Factory, responsável pela estrutura do Carnaval de Rua do Rio. A distribuição inclui isopor, crachá, colete, cardápio de bebidas e corda vai até o dia 8 de fevereiro. É estimado que cerca de 1.500 pessoas passem lá por dia durante esse período. Em conversa com o site CARNAVALESCO, Bruno Guerra, head de produtos da Dream Factory, contou como é feito o processo de seleção.

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Fotos: Carolina Freitas/CARNAVALESCO

“A dinâmica funciona da seguinte maneira: as pessoas puderam se inscrever para a oportunidade. Esse ano batemos o recorde de inscritos. Tivemos quase 60 mil pessoas interessadas, enquanto no ano passado tivemos um pouco mais de 35 mil. A partir daí, fazemos um sorteio e selecionamos os vencedores para as 15 mil vagas. Essas pessoas fazem o agendamento e passamos para os 10 dias seguidos de credenciamento e treinamento”.

Com treinamento, ele se refere às aulas de capacitação que estão sendo dadas no local. É obrigatório assisti-las antes de retirar os kits. Elas duram cerca de 15 minutos e incluem informações necessárias para a atuação nas ruas, como legislação, normas municipais e ética.

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Bruno Guerra, head de produtos da Dream Factory, contou como é feito o processo de seleção

“É importante que as pessoas venham retirar e receber as aulas pois esse trabalho é feito para organizar a festa e dar segurança tanto para o folião quanto para o próprio vendedor, pois a partir do momento que ele tem a credencial e o kit, ele está legalizado, e não vai ser importunado pela fiscalização. E quem está comprando sabe que é de uma fonte segura. O
treinamento tem duas preocupações: a primeira é mostrar o que se pode e não pode fazer nessa troca, por exemplo, a venda dos produtos não pode ter vidro e crianças não podem estar junto do vendedor; a segunda é o treinamento do patrocinador principal (Zé Delivery) dando informações sobre os produtos, como onde eles podem ser vendidos, onde podem ser adquiridos, e esclarecendo todas as demais dúvidas”, comentou Bruno Guerra.

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Para a segurança completa da atividade, o head da Dream Factory garante que os principais órgãos públicos do Rio de Janeiro estarão cuidando dessa parte. “A Secretaria de Ordem Pública tem sua equipe e seus procedimentos, a Guarda Municipal e a Riotur também cumprem seus papéis na fiscalização, cada um dentro da sua competência”.

A principal motivação para tanta procura é a chance de fazer uma renda extra nos dias da festividade. É consenso geral entre os abordados na fila que não há nenhum evento que gere mais lucro para o trabalho informal no Brasil do que o Carnaval, por conta da quantidade de turistas que circulam na cidade nesse período, superando até mesmo o Reveillon.

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Tainá Paula, de 35 anos, moradora de Campo Grande, que está em seu quarto ano como vendedora ambulante

“É uma renda extra, cerca de R$ 2.500, que ajuda muito, ainda mais em fevereiro, que é um mês complicado, então tudo o que entra ajuda”, afirma Tainá Paula, de 35 anos, moradora de Campo Grande, que está em seu quarto ano como vendedora ambulante. A moça ainda não esconde a gratidão por estar mais um ano na função: “Muita gente tenta e não consegue ter a sorte de ser sorteada. Acho que é um privilégio que temos que honrar, porque muitos precisam mais que a gente e não conseguiram estar aqui, enquanto outros nem precisam e conseguiram. Privilégios, não descartamos”.

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Outro dado importante, é que 65% dos 15 mil selecionados foram mulheres. Para muitas delas, a venda informal no Carnaval serve como uma oportunidade para ganhar independência e mudar a vida, como é o caso da vendedora Odirlea Farias, de 44 anos, moradora da Comunidade do Salgueiro, na Tijuca, que está no terceiro ano como ambulante: “É uma oportunidade que a prefeitura nos dá. Eu sou mãe solo, então preciso gerir toda a renda da família. E esse dinheiro agrega muito. Ano passado foi com o dinheiro do carnaval que consegui comprar um pedaço do terreno do vizinho para construir minha
cozinha. Foi uma conquista boa. Agora, meu filho vai entrar na faculdade, preciso ajuda-lo a comprar as coisas, e esse dinheiro já vai para o material”.

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Vendedora Odirlea Farias, de 44 anos, moradora da Comunidade do Salgueiro, na Tijuca, que está no terceiro ano como ambulante

Mas nem tudo são flores. A freelancer Eliandra Aparecida da Silva, de 41 anos, moradora de Triagem, é veterana na venda ambulante, e diz que só tem uma reclamação a fazer: “O Kit é bom, só o que enfraqueceu foi o guarda-sol. É um absurdo termos que comprar o item por R$ 102, que se a pessoa não tiver, vai ter que vender embaixo de sol quente. Eu mesma não tinha e tive que tirar de outra coisa para comprar, pois com o calor que está por vir aí, é impossível ficar sem”.

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Eliandra Aparecida da Silva, de 41 anos, moradora de Triagem, é veterana na venda ambulante

Durante toda a entrega dos kits, que começou às 8h e foi até as 18h, houve distribuição de água gratuitamente para todos os que estivessem aguardando na fila.

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