A equipe do CARNAVALESCO, através da série “Eliminatórias”, acompanhou mais uma etapa da disputa de samba-enredo da Portela para o Carnaval 2025. Abaixo, ao longo do texto, você pode conferir a análise de cada apresentação. Neste domingo, a escola definiu os classificados da Chave Branca. Sete sambas se apresentaram e as parcerias de Phabbio Salvatt e Poly da Portela foram cortadas ao final das apresentações e não continuam na disputa. Agora, com a junção das duas chaves, dez parcerias ainda sonham em embalar o carnaval 2025 da Azul e Branca de Madureira que vai homenagear Milton Nascimento.
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Parceria de Celso Lopes: O samba foi escrito por Celso Lopes, Charlles André, Marcos Laureano, Roberto Fármaco, Gadinele, Serginho Pavuna e Soninha Jurado. Comandada por Nino do Milênio, intérprete da União de Maricá, a equipe de vozes mostrou entrosamento e mostrou estar bem ensaiada permitindo que Nino ficasse à vontade com os cacos, vocalizações e comandando a galera no geral. A obra tem um tempero bem “mineirinho” como o homenageado, carioca de nascimento, grande ícone da música brasileira, mas, também, bastião da música mineira e da cultura da região como um todo. A linha melódica escolhida enfatizou tons mais alegres e o andamento permitiu, para a Tabajara do Samba, a sua já conhecida cadência aprimorada por mestre Nilo Sérgio. O samba tem mesmo um andamento “gostoso”, uma levada agradável, o único “senão” é talvez a falta de um trecho mais explosivo no samba. Os refrãos são muito bons, bastante melódicos, mas não tem o caráter de ataque. A quadra se envolveu um pouco mais com a obra do que com as duas primeiras parcerias e a torcida mostrou que veio bem ensaiada cantando boa parte da obra. Destaque melódica para a segunda do samba em especial no trecho Tem canoa descendo o rio de fiéis em devoção/Batuques… Rituais e cantorias caminham juntos na procissão”.
Parceria de Tião Sapê: O samba foi escrito por Tião Sapê, Hebinho da Portela, Bita da Portela, Luizinho da Light, Zé Maria, Marcelo Vai Vai e Ricardo Simpatia. Comandado por uma voz que tem história em Madureira, a parceria teve em Wantuir um grande fator para defender sua apresentação. A voz potente do cantor esteve bem ajustada com a obra e com os “apoios”. Wantuir, aliás, veio homenageando Milton Nascimento através da boina característica do “Bituca”. A linha melódica da obra combina muito bem com o caráter do enredo, tem a preciosidade melódica característica de um enredo que homenageia um grande ícone da música brasileira e tem uma pitada do “mineirês” característico da música que Milton defendeu por muito tempo e há muito tempo é referência. A obra “casa” muito bem com o andamento da ” Tabajara do Samba”, cadenciada. Entretanto, talvez, o único porém da apresentação, seja, justamente, que o andamento apresentado na quadra da Portela poderia ser ainda um pouco mais pra frente, até para valorizar ainda mais os bons e fortes refrãos como “Solto a voz, sou Portela!” E o trecho “É preciso ter força/É preciso ter raça!”. Contando com um bom número de componentes na torcida, a parceria apostou em trazer até passistas que dançaram bastante na apresentação. A quadra até que se envolveu com a obra, mas de forma ainda tímida.
Parceria de Samir Trindade: Além de Samir Trindade, a obra foi composta por Fabrício Sena, Brian Ramos, Paulo Lopita 77, Deiny Leite, Felipe Sena e JP Figueira. O desempenho de Tinga em eliminatórias é algo que já dispensa comentários, o cantor da Vila Isabel, como sempre, conduziu muito bem a obra junto de um time de vozes que já tem bastante entrosamento e conhecimento do trabalho do artista. Destaque para Gera que já foi intérprete oficial da Majestade do Samba. A obra traz uma negritude muito forte que marcou não só a música, mas a história de Milton Nascimento. Essa negritude, esse molejo, essa força já está presente de cara no refrão principal “Oxalá preto rei pra sambar Iyá chamou Oxalá preto rei pra sambar Anjo negro é o Sol que faz a Portela cantar Anjo negro é o Sol na minha Portela”. A obra também tem um caráter de versos construídos em uma linha melódica de notas mais alegres, pontuando bastante as finalizações antes dos refrãos, como nos versos “Onde Candeia é chama/Brilha Milton Nascimento”. O andamento mais cadenciado “casou” de forma bastante competente com a Tabajara do Samba, não se caracterizando em nenhum momento em arrastado, ao contrário, a firmeza principalmente dos refrãos puxava a obra para cima. A torcida fez sua parte , cantou bastante , pulou, sem muitos truques ou pirotecnia. E a quadra veio junto de uma forma concreta, ainda que não tenha sido um sacode.
Parceria de Toninho Geraes: O samba foi composto por Toninho Geraes, Eli Penteado, Alexandre Fernandes, Víctor do Chapéu, Paulo César Feital, Juca e Juninho Luang. A obra tem como virtude ser bastante puxada para um samba mais melodioso. A composição melódica é muito bonita e rica, utilizando-se de construções de harmonia que combinaram bastante ao longo da canção, não se caracterizando em nenhum momento no lugar comum das melodias, ainda que de fácil assimilação. No palco, a parceria apostou em unir os experientes Bruno Ribas e Emerson Dias auxiliados ainda por Chitão Martins, o que rendeu uma grande apresentação no palco com bastante energia e bem combinada na função de cada um. Bruno muito bem nas terças, vocalizações, Chitão mais reto e Emerson mais solto mexendo com a galera. A obra apresenta uma linha melódica muito interessante, muito própria que permite e favorece o canto, enfatizando uma linha mais alegre. Destaque para os dois refrãos e também o início da segunda do samba “Único, sopro sagrado, solfejo da américa/Acorde miscigenado e olhos de áfrica/Do lado esquerdo do peito, as notas e a métrica/Arrebatando poetas, compondo por mágica, bastante original”. O andamento também é algo importante de se elogiar, talvez o que mais permitiu que a “Tabajara do Samba” se soltasse dentro da sua linha mais cadenciada, com uma levada de caixas bem gostosa e dançante. O samba teve um bom retorno da quadra e trouxe uma torcida bem ensaiada que assim como algumas poucas da noite chegou e saiu cantando a obra a capela, quando não se tinha mais as vozes dos cantores.
Parceria de L. C. Máximo: O samba foi composto por Luiz Carlos Máximo, Manu da Cuíca, Buchecha, Belle Lopes, Ximeninho, Régis e Heitor César. Outra obra que apostou em trazer Milton a partir do ícone que é acima de tudo para a negritude deste país, com este aspecto sendo ressaltado no próprio caráter da obra. O samba trouxe referências do cantor, mesclando com a música a partir de uma melodia que também acaba se referindo a Milton por ser original e não ficar presa a harmonias convencionais. A virada do excelente refrão principal “Tá que tá caindo flor Senhora do Rosário Vem benzer nosso griô” em contraste com a cabeça do samba é um dos destaques da obra. Música bem característica e com assinatura da parceria. O andamento também foi positivo ao também se encaixar direito com as levadas da Tabajara do Samba. A parceria trouxe uma torcida que cantou de modo geral a obra. Foi mais uma torcida que também entrou e saiu cantando a obra a capela. A apresentação conseguiu mexer de forma interessante com a quadra, que não se manteve indiferente, ainda que não tenha sido o samba que mais empolgou. O trabalho do palco, comandado pela voz de Luiz Paulo Jr, mostrou entrosamento e bastante solidariedade com os apoios que participavam efetivamente do canto nos momentos certos.