A agradabilíssima tarde do último domingo em São Paulo teve um mundaréu de camisas vermelhas e amarelas na Zona Oeste da cidade. Na data, foi celebrada a Festa da Retomada, evento que marcou o início dos trabalhos de chão da Tom Maior, que disputará o Grupo de Acesso I da folia paulistana. A agremiação, que reeditará o enredo de 2009, intitulado “Uma nova Angola se abre para o mundo! Em nome da paz, Martinho da Vila canta a liberdade!” em 2025, trouxe uma série de atrações para a celebração. E o CARNAVALESCO, é claro, marcou presença.

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Fotos: Will Ferreira/CARNAVALESCO

Casa cheia e muitas atrações

A tarde começou com show de Marquinhos Jaca, em um palco montado em frente à quadra da instituição, na rua Luigi Greco – que, inclusive teve seus arredores fechados já nos cruzamentos da rua do Bosque e Cruzeiro, dois quarteirões para cima do terreiro vermelho e amarelo. Após uma breve passagem do Pagotom (tradicional roda de pagode que sempre se apresenta na quadra), foi a hora de Carlos Alves, o Carlão, mestre de bateria e presidente da escola, fazer homenagens e apresentar alguns novos quadros da agremiação: Yaskara Manzini, nova coreógrafa da comissão de frente; e Erica Ferreira, apresentada como diretora-geral – responsável pela direção de Carnaval e de Harmonia.

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Em entrevista à reportagem, ao falar sobre o andamento dos trabalhos, Carlão destacou as duas novas integrantes da Tom Maior: “Está tudo correndo muito bem! Nós temos quarenta pessoas nas equipes, já trabalhando, sendo que trinta e duas são de Parintins. A estrutura continua a mesma, de Grupo Especial: desde intérprete, mestre de bateria, casal… tudo. Só tivemos duas mudanças nos nossos quadros, já estamos com fantasias em andamento, graças a Deus. O barracão também está com tudo dentro do cronograma. Estamos aí, confiantes que conseguiremos um grande resultado”, destacou.

Após as palavras do mandatário vermelho e amarelo, o conhecidíssimo samba ganhou uma introdução nova – executada cinco vezes, para mentalização de todos os presentes. Com tudo ensaiando, chegou a hora de, como diz o samba, o batuqueiro bater o tambor. Foi a senha para todos os presentes cantarem, dançarem e relembrarem o sucesso.

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Após quase duas horas com o samba-enredo executado, ainda houve espaço para uma nova participação da Pagotom na quadra e, pouco depois, um show do lendário Fundo de Quintal no palco. Já com a noite bastante agradável no céu, todos puderam acompanhar um dos maiores grupos de samba da história do Brasil de maneira gratuita, com rua fechada (e bastante cheia) e comendo um dos tantos quitutes que poderiam ser degustados na quadra – acarajé, pastel, X-Churrasco e até mesmo maçã do amor.

Retomada?

Apesar do nome da festa, muitos entrevistados destacaram que o projeto já está a mil por hora. Um deles foi Flávio Campello, carnavalesco da agremiação: “O nosso cronograma está bem legal, bem bacana. Temos o planejamento para terminar todo o nosso trabalho de ateliês, de fantasias, até o dia trinta e um de dezembro para entrarmos em 2025 de uma forma mais tranquila. Nosso barracão já está a todo vapor, já estamos na segunda alegoria – estamos deixando o abre-alas para o final. Estamos com um cronograma bacana graças à gestão do Carlão, que nos proporciona isso. Se não fosse essa gestão, talvez a gente estivesse dependendo da entrada de alguma verba ainda hoje para começar o carnaval. Já começamos e estamos com o cronograma maravilhoso. Hoje damos o pontapé inicial para que a gente sinta a energia que o samba tem. Querendo ou não, o carnaval de 2009 da Tom Maior, sobre Angola, traduz muitas coisas boas sobre e para a história da escola. Talvez, em cinquenta e um anos de história, seja o samba mais emblemático. Utilizar desse samba, desse artifício, para o carnaval 2025 através de uma reedição… hoje vamos sentir a emoção e a energia – que é o que buscamos desde o primeiro momento quanto pensamos nessa reedição”, afirmou, aproveitando para trazer prazos da vencedora do Estrela do Carnaval 2024, organizado pelo CARNAVALESCO, na categoria Conjunto de Alegorias.

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Carlão também falou a respeito: “Nós já estamos trabalhando bastante pensando em 2025. Nós começamos o trabalho em abril, com a nova direção de Carnaval, com a nova diretora de Harmonia, e hoje é o recomeço dos ensaios no terreiro, na quadra. Estamos convictos que vamos realizar um grande trabalho. Logicamente com os pés no chão e nos apresentando. É um grande desfile, um enredo maravilhoso, uma reedição sobre Angola e estamos muito confiantes”, suspirou.

Novidades em vermelho e amarelo

Ao falar sobre os trabalhos que já acontecem na instituição, Erica Ferreira, estreando nas diretorias da instituição, deixou escapar algo novo que acontecerá na Tom Maior: “Está tudo dentro do nosso cronograma e do projeto, graças a Deus e aos orixás está tudo sob controle. Nossa próxima data importante será o dia quinze de setembro, que será o nosso primeiro ensaio de rua. Treinaremos mais uma vez o canto (mas na rua, que é totalmente diferente da quadra), treinaremos a Evolução, o condicionamento físico do nosso público, componentes, casais, comissão de frente, de todo mundo”, disse.

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Quando indagada sobre mais informações acerca do novo trajeto em que a Tom Maior ensaiará, ela afirmou que tal localidade está próxima da quadra da agremiação: “Faremos ensaios de rua aqui pertinho, não mais no Bom Retiro. Fazemos um trabalho de imersão, já que eu também sou equilibradora emocional, trabalho com programação neurolinguistica, e uso essa bagagem juntamente com técnicas de carnaval. Nas duas últimas imersões, em julho e em agosto, fomos para a rua. Detectamos que podemos fazer nosso percurso nas redondezas na nossa quadra com o resultado e o condicionamento que precisamos e queremos. Temos a nossa nova quadra como base, temos o nosso CEP, e ensaiar na rua Sérgio Tomás tinha uma estrutura. Imagina levar baiana com saiote, comissão de frente, casais fantasiados… por mais que seja pertinho, é um percurso complicado de se fazer. Aqui perto, temos nossas necessidades técnicas, físicas e emocionais supridas pelo componente para, juntos, chegarmos ao nosso campeonato”, destacou.

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Quem também trouxe uma importante novidade foi Flávio, destacando que o desfile para 2025 terá uma visão bem mais alegre em relação ao de 2009 – famoso por uma “cabeça” (jargão carnavalesco para os primeiros componentes da escola, como a comissão-de-frente e carro abre-alas) que remetia aos confrontos pelos quais Angola passou a partir da década de 1970: “Como diz o nosso samba, é uma nova Angola. Buscamos uma referência totalmente diferente do que foi utilizado em 2009. Não assisti o desfile, já tinha visto anteriormente, mas não assisti o desfile para ter algum parâmetro para desenvolver o projeto de 2025 justamente para que eu pudesse ter a minha visão sobre esse tema e enredo. No dia que lançamos esse enredo, 25 de maio, pedi a permissão para o Marco Aurélio Ruffin, que era o pai dessa primeira proposta sobre Angola. Desde o princípio, sempre tentamos respeitar as pessoas, pedindo permissão. Temos, na quadra, uma placa do saudoso presidente Markinho – e, no dia em que pensamos na reedição, mentalizei ele por cinco minutos para pedir permissão para que a gente pudesse fazer essa reedição. Desde que cheguei na escola, sempre ouvi que o carnaval de 2009 era o da vida do Marko Antônio da Silva. Ele amava esse desfile e esse projeto. A responsabilidade é dobrada! Temos a missão de levar, mais uma vez, Angola; de, através dessa reedição, voltar para o Especial… temos muitas missões em torno desse projeto de 2025. Peço axé aos orixás, aos inquices, a proteção de Deus para que possamos entrar na avenida com a humildade que a gente sempre desfilou; mas, automaticamente, com o sonho de voltar ao Grupo Especial”, disse, aproveitando para rememorar o presidente da vermelho e amarelo de 1978 até o final da vida, em 2011.

Relembrando

Muitos segmentos destacaram a força que o desfile de 2009 da Tom Maior teve. Primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira da agremiação, Ruhanan Pontes e Ana Paula Sgarbi abriram as memórias à reportagem: “Quando o samba foi para a avenida, eu era espectadora. Era um samba maravilhoso, que eu gostava de assistir. A reedição ajuda na criação da parte artística, mas a gente tem que dar uma segurada na emoção, porque eu nunca me imaginei dançando esse samba. A felicidade é em dobro! Ajuda na questão da criação de uma rotina de dança, sem dúvida”, destacou Ana Paula, falando sobre a expectativa para 2025.

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Ruhanan trouxe outra visão: “Eu acho que nem ajuda tanto assim. Quando a gente chegou na Tom Maior, a gente pegou todos os sambas antológicos da escola e fizemos coreografia em cima de todos para a gente se enturmar na escola, para o pessoal ver que a gente queria estar aqui, que era uma vontade muito nossa. A gente já tinha uma pré-coreografia em cima desse samba, então ficou mais fácil de desenrolar. Quando eu tive a oportunidade de dançar Angola, acho que qualquer pessoa que seja do Carnaval, que seja sambista, se pensasse em dançar esse samba, queria estar aqui, é um samba maravilhoso. Cada escola tem os seus grandes sambas, e esse é um dos grandes sambas da Tom Maior”, pontuou ele – que também fez as vezes de apresentador nos palcos dentro e fora da quadra.

Nova coreógrafa da comissão de frente da vermelho e amarelo, Yaskara aproveitou para falar que parte dos componentes também é nova: “É um super desafio! O trabalho de 2009 foi um trabalho de excelência. A gente está dando uma outra roupagem para esse trabalho. Lógico que vai ter um link de ligação entre o passado e o presente pensando em 2025 – mas esse, como sempre é surpresa. A gente está montando um novo elenco aqui para a Tom Maior: tem o pessoal que já era da casa, o pessoal que está vindo comigo e o pessoal que está chegando. Agora, a gente está pensando nesse novo elenco que estreia hoje aqui na quadra, já projetando os personagens da nossa comissão de frente para a pista”, afirmou, aproveitando para exaltar o histórico segmento de 2009 – coreografado por Luiz Mario Vicente.

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Já para 2025…

Desde 2020 na Tom Maior, Gilsinho gostou do clima e da recepção do público na Festa da Retomada: “Eu senti que a escola está empenhada. Mais uma vez, a escola está empenhada em fazer um bom trabalho. Esse é um ano atípico para a gente. Há muito tempo que a Tom Maior participa do Grupo Especial – e, nesse ano, participa do Grupo de Acesso I. A gente sentiu que a escola deu uma desanimada, mas já voltamos à função normal – a programação normal de estar com energia, de estar com vibração, de estar com a caminhada já definida na cabeça. E o nosso intuito é, se Deus quiser, a gente voltar para o especial já no ano que vem, fazendo um grande trabalho. é um samba antológico da escola, é um samba antológico do Carnaval daqui de São Paulo. E a gente está super feliz. Fui feliz com essa retomada, a gente viu que hoje a escola vem em peso, a quadra lotada, a comunidade chegou com vontade de cantar, com vontade de participar desse momento. vamos trabalhar pra isso, vamos trabalhar pra fazer um grande carnaval com a nossa bateria, nossa aula musical, todos os segmentos. A gente está com um pensamento muito junto pra fazer com que tudo isso aconteça da melhor maneira e a gente, se Deus quiser, volta pro Especial”, comentou ele – que, em alguns momentos no palco, destacou o quanto sentia a quadra pulsando.

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Quem saiu com a mesma impressão foi Erica: “A reedição ajuda muito na Harmonia! Estamos trabalhando desde o dia onze de maio não só na letra do samba, mas também para que todo mundo possa pronunciar o samba corretamente. Isso nós vamos fazendo o trabalho com toda a comunidade: ala das baianas, crianças – que possuem mais dificuldade. Hoje, o samba está de fácil assimilação. Isso nos favorece no quesito Harmonia e para mídias, para fazermos um marketing bacana. Escolher essa reedição, para nós, veio com muita alegria, segurança e respeito aos compositores. Isso nos favorece bastante. Para o departamento de Harmonia, para coordenadores de ala, que são os nossos multiplicadores, isso nos ajuda bastante”, finalizou.