O Paraíso do Tuiuti foi a quinta escola a desfilar, nesta segunda-feira (12), no segundo dia de apresentação do Grupo Especial do Rio. A escola, com o enredo “Glória ao Almirante Negro”, no seu terceiro carro apresentou a alegoria “O dragão do mar reapareceu na figura de um bravo Marinheiro”.
A alegoria mostra o momento em que João Cândido, inspirado no Dragão do Mar, lidera a revolta da chibata. O carro é vermelho e dourado. Um dragão com os olhos vermelhos aparece na frente do veículo com diversos canhões em volta. No topo da alegoria, componentes levantam a bandeira com os dizeres “escrevidão nunca mais”. A fantasia dos componentes, chamada de “A Revolta do Dragão do Mar”, é uma fantasia em um tom escuro de prata e brilhante.
O vendedor Jeferson Braga desfila na escola há 10 anos. Ele explicou a importância do significado da alegoria no momento atual do país.
“No Brasil ainda existe racismo. O nosso desfile fala sobre isso e é uma forma de protestar contra os racistas, protestar sobre a nossa cor, sobre a nossa dignidade. O povo preto só quer o seu espaço, a gente só quer lutar. A pele negra é isso, ser negro é tudo, ser negro é raiz”, disse emocionado.
A revolta da Chibata, que aconteceu de 22 a 27 de novembro de 1910, foi uma rebelião promovida por membros da Marinha do Brasil. Os marinheiros se insurgiram contra os superiores em navios localizados na Baía de Guanabara, impulsionados pelo desejo de pôr fim aos castigos corporais aos quais eram submetidos.
“É um absurdo que ainda exista racismo. Esse carro representa a luta por um mundo onde todos as pessoas devem ser tratadas como iguais”, defendeu o segurança Eduardo Martins. Ele desfila na escola há 3 anos e se sente emocionado por defender sua agremiação mais uma vez. “A fantasia é perfeita, leve e confortável. Se fosse pesada eu usaria também, eu faço tudo por essa escola.”
No carnaval de 2024, o Paraíso do Tuiuti narrou a vida de João Candido, conhecido como o Almirante Negro, que foi o comandante da Revolta da Chibata em 1910. A escola homenageou o líder e o consagrou como um importante herói nacional.
“A gente tem que falar sobre racismo, a gente tem que lutar contra o racismo e lembrar desses atos que marcaram a história do Brasil”, explicou a operadora de caixa Kelly Medeiros, de 42 anos, ao ser questionada sobre a importância da alegoria. “Não podemos ficar parados enquanto as pessoas ainda estão sofrendo”, completou.