Comunidade em peso. Com um verdadeiro show do chão da Estação Primeira de Mangueira, o bairro do Maracanã se tornou uma Passarela do Samba. A escola de samba realizou, na noite desta quinta-feira, seu segundo ensaio de rua na Avenida Estação Primeira. De acordo com a diretoria da agremiação, cerca de 2800 componentes estiveram presentes. O enredo da madrinha Alcione, somado à paixão verde e rosa, contribuem para um ótimo desempenho do canto.
Em 2024, a escola levará para a Avenida o enredo “A Negra Voz do Amanhã”, dos carnavalescos Guilherme Estevão e Annik Salmon, e será a quarta agremiação a desfilar na Marquês de Sapucaí. No treino desta quinta, a comissão de frente e o primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, Matheus Oliverio e Cintya Santos, que ensaiaram separadamente no mesmo dia, não participaram. Ao avaliarem o ensaio como positivo, os diretores de carnaval Amauri Wanzeler e Junior Cabeça destacam o canto da comunidade e a evolução.
“Acertamos algumas coisas do ensaio passado. A cada semana nós procuramos corrigir nossos erros dos últimos ensaios. Hoje, com certeza, foi bem melhor que semana passada, mas a perfeição só será no dia do desfile mesmo. Gostei do canto e do andamento da escola”, disse Wanzeler.
“Hoje, foram dois pontos muito fortes que eu mais gostei: o primeiro é o canto da comunidade, que evoluiu muito em relação ao primeiro ensaio, que já tinha sido bom. O segundo foi o andamento, porque conseguimos controlar a escola com um bom andamento, confortável tanto para passistas, como para a bateria e para a comunidade poder – ao mesmo tempo – andar, evoluir e cantar. Foram dois destaques deste ensaio”, completou Junior Cabeça.
Harmonia
O comprometimento da comunidade é, sem dúvidas, fundamental para um ensaio em alto nível. A direção de harmonia acredita que cerca de 2800 componentes marcaram presença. Apesar do fator Alcione ser um diferencial, a paixão da torcida brilhou mais uma vez. Um dos maiores chãos do carnaval, os mangueirenses cantaram o samba do início ao fim com muita alegria. Destaque para a ala 1, que abriu o desfile com muita imponência e um canto ainda mais forte. Entre os componentes, os trechos “ê bumba meu boi!// ê boi de tradição!// tem que respeitar maracanã// que faz tremer o chão” e “Mangueira! de Neuma e Zica// dos versos de Hélio que honraram meu nome// levo a arte como dom// um brasil em tom marrom que herdei de Alcione” marcaram o início de uma explosão. O diretor de harmonia da agremiação, Helton Dias, também destaca o canto da comunidade, mas garante que este é só o início: a cereja do bolo só será apresentada na Avenida.
“A cada semana nós colocamos um ‘tijolinho’ nesta construção do carnaval. Procuramos melhorar e colocar em prática aquilo que não deu certo no ensaio anterior. Como sempre, vamos analisar, junto com a tecnologia que usamos, para poder aperfeiçoar e acertar ainda mais o nosso ensaio. Tem que chegar na Sapucaí e fazer com excelência. Mas eu gostei muito do canto da escola, ela está feliz e isso ajuda muito – com Alcione, nossa rainha e madrinha, a escola está pulsando bastante. Num todo, foi um ensaio maravilhoso e um saldo positivo. Agora é ver os vídeos e comentários dos diretores para na próxima semana acertarmos ainda mais. A comunidade está cantando e se dedicando muito. Acredito que o mangueirense vai cantar e berrar esse samba, e iremos deixar o ‘plus’ para o dia do desfile”, comenta o diretor de harmonia.
Evolução
O ensaio de rua começou às 20h42 e teve uma hora de duração. Durante todo o treino, a comunidade pôde brincar carnaval e aproveitar cada momento. No geral, um ensaio muito tranquilo. Na parte técnica, foi possível observar algumas alas coreografadas, como a ala 2 – que entregou uma apresentação com muito sincronismo entre os componentes. A diretoria contou com um drone que registrou todo o treino para ajudar na análise da evolução.
“A rua ajuda, parece que foi um presente. Não é propícia para ensaio, tem lá seus erros, mas é o que temos. Nós conseguimos fazer o ensaio que pretendemos fazer na Avenida. Conseguimos fazer algumas coisas aqui sim”, afirma Helton Dias.
Samba-Enredo
Se há quem diga que não exista samba ruim no Grupo Especial, quem dirá na Mangueira. O alto-desempenho do samba-enredo durante os ensaios contraria a opinião de muitos críticos da obra. A ótima relação entre bateria e carro de som também é um divisor de águas no rendimento. Como o intérprete Dowglas Diniz está em viagem, Marquinho Art’Samba comandou o carro de som sozinho. A comunidade, de fato, abraçou e apaixonou-se pelo samba-enredo. O intérprete analisou o desempenho da escola no treino desta quinta.
“O primeiro ponto que gostei foi o carro de som – até que enfim que a gente está começando a ensaiar com um carro um pouco mais decente. O que eu mais gostei foi o canto da escola, a bateria compacta e a comunidade cantando. Foi o que deu para sentir na hora que parávamos para fazer as retomadas. Ainda temos mais uns oito a nove ensaios pela frente, então ainda temos muito o que acertar. Este é o segundo ensaio aqui. Aos poucos nós estamos acertando. A relação entre carro de som e bateria está ‘show de bola’ – melhor impossível -, porque todos nós somos amigos. Independente do profissionalismo, estamos sempre juntos, se falando e argumentando sobre o que pode melhorar. Isso ajuda a dar certo”, avaliou Art’Samba.
Outros destaques
Além do show da bateria da Mangueira, a rainha Evelyn Bastos mais uma vez mostrou muito samba no pé, simpatia, conexão com a comunidade mangueirense e contagiou o público durante todo o desfile. Ao final, a cria da casa foi tietada por um grande número de crianças que acompanhavam o treino.
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