O Salgueiro realizou em sua quadra, na noite desse sábado e madrugada deste domingo, a primeira eliminatória em chave única do concurso de samba-enredo para o Carnaval de 2024. Como parte da série “Eliminatórias”, a reportagem do site CARNAVALESCO esteve presente e acompanhou essa nova fase da competição promovida pela vermelha e branca da Tijuca. Ao todo, doze parcerias se apresentaram e cada uma teve direito a três passadas, sendo a primeira sem bateria e as demais com os ritmistas. O anúncio de quais obras irão seguir na disputa será feito nas redes sociais da agremiação no começo da semana. Quem se classificar, volta ao palco no próximo sábado, dia 16 de setembro.
No ano que vem, o Salgueiro será a terceira escola a cruzar o Sambódromo da Marquês de Sapucaí no domingo de Carnaval, dia 11 de fevereiro, pelo Grupo Especial. A agremiação levará para Avenida o enredo “Hutukara”, que pretende fazer um alerta em defesa da Amazônia e em particular dos Yanomami, que sofrem efeitos da ação de garimpeiros na sua região. O desfile terá a assinatura do carnavalesco Edson Pereira, que fará seu segundo trabalho consecutivo na Academia do Samba.
Parceria Helinho 107: A primeira obra a se apresentar na eliminatória salgueirense foi assinada por Helinho 107, Edson Junior, Alexandre Araujo, Candido Bugarin, Edu Cuíca, Rodrigo Porto, Bruno Dias e Soares. O intérprete Pixulé, voz oficial da Paraíso do Tuiuti, foi quem defendeu o samba e conseguiu ressaltar a característica aguerrida da composição. O refrão principal, com os versos “Ya nomaimi! Ya temi xoa!/Ya nomaimi! Ya temi xoa!/Sou a voz da urihi, guerreiro/A chama que arde da flecha Salgueiro”, foi o ponto alto da obra. As expressões indígenas não foram empecilhos para que este trecho fosse o mais cantado do samba. Quanto aos torcedores, eles vieram com bandeiras nas cores da escola, além de um adereço de mão com balões vermelhos, brancos e dourados. Apesar de animados, o ponto negativo é que pode se observar vários sem entoar a obra por diversos momentos da apresentação.
Parceria de Ian Ruas: O samba composto por Ian Ruas, José Carlos, Caio Miranda, Sonia Ruas Raxlen, David Carvalho e Gabriel Rangel foi o segundo a se apresentar na quadra. O intérprete Victor Cunha defendeu a obra ao lado de Nêgo, voz oficial da União da Ilha do Governador, e a dupla mostrou segurança na condução. Ao longo da apresentação, o destaque foi o refrão principal, com os versos “Ya nomaimi! Ya temi xoa!/Em Hutukara, arco é ligeiro/Um povo a sorrir, um povo a sonhar/Renasce no chão do meu Salgueiro”. Com bandeiras vermelhas e brancas, a torcida demonstrou empolgação, porém teve canto irregular, ficando forte somente durante os refrões.
Parceria de Moisés Santiago: De autoria de Moisés Santiago, Serginho do Porto, Gilmar L. Silva, Aldir Senna, Orlando Ambrósio, Marquinho Bombeiro, Wilson Mineiro e Gigi da Estiva, o terceiro samba a se apresentar na eliminatória salgueirense foi defendido por um time estrelado de cantores. Entre os nomes presentes nele estavam Marquinhos Art’Samba e Wantuir, além de Serginho do Porto que também é um dos compositores. O samba teve um excelente rendimento na quadra, tendo como ponto alto o refrão principal, com os versos “Êêô! Ahêa! Ahêa! Nharu êá!/Tronco forte é minha aldeia, Salgueiro! Êô êá!”, e o trecho de subida para ele, cujo versos são “Ya temi xoa! Yanomami eu sou!/Livre pra sonhar, onde o céu não desabou/Por um brasil-cocar/O elo da nação/É hutukara em manifestação”. Vale mencionar ainda o show promovido pela torcida. Um grupo, caracterizado de índios, performou durante a apresentação e realizou diversas coreografias fazendo alusões a rituais indígenas. Eles foram acompanhado pelos demais torcedores, que traziam como adereço de mão um bastão com galhos e folhas.
Parceria de Leandro Thomaz: Na sequência, a quarta obra a se apresentar na eliminatória salgueirense foi a composta por Leandro Thomaz, Grazzi Brasil, Filipe Zizou, Myngauzinho, Marcelo Lepiane, Claudio Gladiador, Telmo Augusto e Micha. A condução ficou a cargo do intérprete Thiago Acácio, que foi acompanhado por Grazzi Brasil. A dupla soube explorar todas as variações melódicas presente no samba, sem deixar que ele ficasse arrastado. A torcida, que veio ornamentada com bandeiras nas cores da agremiação, mostrou animação e fez até coreografias. Em relação ao canto, ele foi predominante mais forte no refrão principal, com os versos “Ya temi xoa, Ya temi xoa/É o grito que ecoa aos que tentam nos calar/Yanomami é o legado brasileiro/Que se mantém de pé nas raízes do Salgueiro”. Outro trecho que funcionou bem durante a apresentação está na primeira estrofe do samba, sendo o que antecede o refrão do meio, cujo os versos são “Aê Aê Aê… O espírito ancestral sobrevoa a floresta/Aê Aê Aê… É a fúria animal que o corpo manifesta”.
Parceria de Pedrinho da Flor: A quinta obra a se apresentar foi a de autoria de Pedrinho da Flor, Marcelo Motta, Arlindinho Cruz, Renato Galante, Dudu Nobre, Leonardo Gallo, Ramon Via13 e Ralfe Ribeiro. Defendido pela dupla de intérpretes Tinga e Pitty de Menezes, o samba teve um excelente desempenho na quadra. Ornamentada com bandeiras diversas, todas na cor vermelha, a torcida vibrou e cantou o tempo inteiro. O destaque foi o refrão principal, com os versos “Ya temi xoa! Aê, êa!/Meu Salgueiro é a flecha/Pelo povo da floresta/Pois a chance que nos resta/É um Brasil cocar!”, entoado a plenos pulmões. Vale mencionar ainda o trecho de subida para ele, com os versos “Napê, nossa luta é sobreviver!/Napê, não vamos nos render!”, que também eram cantados fortemente.
Parceria de Marcelo Adnet: Assinado por Marcelo Adnet, Benjamin Figueiredo, Rodrigo Gauz, Patrick Soares, Gilberth Castro, Edson Daffeh, Vagner Silva e Bruno Papão, o sexto samba a se apresentar na eliminatória salgueirense foi conduzido por Wictoria e Chitão Martins. A torcida veio com bandeiras nas cores do Salgueiro e manteve forte vibração ao longo de toda a apresentação, no entanto a maioria só cantou durante os refrões. Vale destacar como ponto alto especialmente o refrão do meio, com os versos “É magia Yanomami, pinta a pele, cor de sangue/Desliza, rasteja, saber ancestral/Os olhos na caça, instinto animal/É magia ianomami, pinta a pele, cor de sangue/Aê aê arererê, fartura, festança e a dança no entardecer”, como a parte mais entoada da obra. Já o destaque negativo ficou para a queda de rendimento que ocorria no começo da segunda estrofe, sendo este o trecho menos cantado.
Parceria de JC Couto: O sétimo samba a se apresentar na quadra da vermelha e branca da Tijuca foi o de autoria de JC Couto, Eduardo Katata, Carlinhos Petisco, Machadinho, Gilsinho Oliveira, Jordão, Juliano Centeno e Gabriel Machado. O intérprete Leozinho Nunes, voz oficial da São Clemente, foi o responsável por conduzir a obra, que teve um desempenho apenas morno na quadra. O trecho de maior rendimento foi o refrão principal, com os versos “Auê, auê de um sonho acordar/Uma só nação, sem coroa e de cocar/A verdade é nossa cara/Pinta a pele de vermelho/Resistência não se cala, Salgueiro…”. Com bandeiras vermelhas, a torcida, apesar de pequena, não fez feio. Eles vibraram e pularam o tempo inteiro. Os momentos de canto mais forte ocorreram justamente durante o refrão principal.
Parceria de Tico do Gato: O samba assinado por Tico do Gato, R. Gêmeo, Sandro Compositor, Silvio Mesquita, Cesar Nascimento, Oscar Bessa, Tiãozinho do Salgueiro e Raphael Richaid foi o oitavo a se apresentar. O intérprete Nino do Milênio comandou o microfone principal e conduziu com segurança a obra, sabendo valorizar o desenho melódico, sem deixar que ela ficasse arrastada. A torcida veio com bandeiras nas cores da escola e mostrou grande empolgação, tendo os seus momentos de maior canto durante os refrões. Entre os dois, o refrão principal, com os versos “Um Brasil verdadeiro, vermelho/Desperta no sonho do meu Salgueiro/A luta da nobreza sem brasão/É flecha pra tocar seu coração”, foi o de melhor desempenho.
Parceria de Manu da Cuíca: Dando prosseguimento na eliminatória salgueirense, o nono samba a se apresentar foi o composto por Manu da Cuíca, Luiz Carlos Máximo, Buchecha Bil-Rait, Belle Lopes, Fabiano Paiva e Rodrigo Alves. Tendo o intérprete Bico Doce no comando do microfone principal, a obra teve um bom desempenho. Apesar da melodia acelerada em alguns trechos, não houve prejuízo para o canto. Mesmo sem nenhum tipo de adereço ou ornamentado, os torcedores deram conta do recado. Eles cantaram e dançaram o tempo inteiro, além de arriscarem algumas coreografias. O destaque da obra na apresentação foi o refrão do meio, com os versos “Ya nomaimi, dá aroari/Aqui é povo de Omama/Yãkoana, waitheri”, que mesmo formado basicamente por expressões indígenas, se mostrou de fácil assimilação, sendo fortemente entoado.
Parceria de Fred Camacho: A décima obra a se apresentar na quadra da Academia do Samba foi a composta por Fred Camacho, Paulo César Feital, Guinga do Salgueiro, Diego Nicolau, Fabrício Fontes, Daniel Rozadas, Claudeci Taberna e Francisco Aquino. O intérprete Evandro Malandro foi quem conduziu o samba, tendo a companhia de Diego Nicolau, um dos autores. Para a apresentação, a parceria trouxe uma faixa com os dizeres “Yanomami eu sou, guerreiro! Só vive meu sonho quem sabe sonhar”, retirada do refrão principal. Além disso, toda a torcida veio com bandeiras estampadas com a frase “Avante Salgueiro de pele vermelha e branco cocar”, que também foi retirada refrão principal da obra. Apesar de bastante vibrantes, foi possível observar diversos torcedores sem cantar o samba ou cantando apenas durante os refrões. Vale destacar o refrão do meio, com os versos “Ó mãe natureza que me viu nascer/Dou a minha vida pra te defender!”, que mesmo simples se mostrou de grande funcionamento na quadra.
Parceria de Rafa Hecht: A obra de autoria de Rafa Hecht, Samir Trindade, Thiago Daniel, Clairton Fonseca, Michel Pedroza, Ribeirinho, Cléo Augusto e Domingos Os foi a décima primeira a se apresentar na eliminatória salgueirense. O intérprete Wander Pires comandou o microfone principal e soube explorar muito bem as variações melódicas do samba. Um ponto de destaque foi o refrão do meio com os versos “Ê xawara, eles não sabem, não conhecem a raiz/Choram mães Yanomami, lágrimas na terra/Um céu de fogo que deixou cicatriz/Ê xawara, eles não sabem, não conhecem a raiz/Se o céu desabar, teu povo segura/Contra a ganância napë, bravura”. Quanto aos torcedores, eles vieram com bandeiras diversas, todas nas cores da escola. Em número reduzido, pularam e vibraram o tempo inteiro, no entanto o canto só ocorria de maneira mais forte nos refrões.
Parceria de Xande de Pilares: Encerrando a maratona de apresentações, o décimo segundo samba da eliminatória salgueirense foi o de Xande de Pilares, Claudio Russo, Betinho de Pilares, Jassa, Jefferson Oliveira, Miguel Dibo, Marcelo Werneck e W Correa. O intérprete Igor Sorriso, da Mocidade Alegre, é quem conduziu a obra e contou com apoios luxuosos de nomes como Igor Vianna e Leonardo Bessa, além do próprio Xande de Pilares. O samba de característica melodiosa e animada teve bom rendimento na quadra, tendo o seu maior destaque com o trecho “Êê curumim auê/Livre pra viver por minha alma e meu nome/Êê curumim auê/Meu povo originário não pode morrer de fome” que antecede o refrão principal. Em relação a torcida, com bandeiras vermelhas estilizadas, eles vibraram e dançaram o tempo inteiro. O canto pode ser mais forte.