Viradouro levou para a Marquês de Sapucaí o enredo “Arroboboi, Dangbé”, que explorou a força do culto ao vodun serpente. Sob a direção do carnavalesco Tarcísio Zanon, a agremiação de Niterói apresentou um desfile marcante com emoção, bons quesitos e lindas representações. Os integrantes da Família Viradouro sentem a gratidão de ter passado bem pelo Sambódromo após muitos elogios do desfile.
O diretor de carnaval da escola, Dudu Falcão, emocionado e com a voz rouca, compartilhou seus sentimentos após a apresentação, destacando o esforço e a dedicação de toda a comunidade. Para ele, o desfile foi além das expectativas, entregando muito mais do que haviam prometido.
“As minhas lágrimas, acho que traduzem um pouco os sentimentos de todo mundo. A gente trabalha e trabalha com prazer, mas a gente trabalha muito. As vezes as coisas não acontecem aqui na avenida como a gente deseja, mas hoje a sensação que eu saí daqui, acho que toda comunidade, diretoria, sei que nós fizemos exatamente aquilo que pretendemos fazer. Prometemos entregar alguma coisa, entregamos muito mais do que prometemos. Agora está com o julgador, está com o povo, não importa. O que importa é que está todo mundo aqui chorando só que de alegria.”
A agremiação apresentou um show tanto com os carros, quanto com o uso da iluminação e explosão da comunidade. O primeiro setor da escola veio em tons neon, o carnavalesco inovou em outros sentidos também. De acordo com o artista, todo o desenvolvimento das fantasias e apresentação estavam acontecendo antes do dia do sorteio do horário. E as fantasias que encaixam no tema do amanhecer acabaram entrando na história como uma surpresa e um jogo de cintura.
“Isso aconteceu de uma forma muito mística, porque eu já tinha desenhado as fantasias. No mesmo dia eu tinha apresentado essas fantasias para o presidente, ele falou para mim, nossa, parece que a gente vai desfilar pela manhã. Foi sorteado e o presidente trocou, e acabou que a gente amanheceu neste Rio de Janeiro maravilhoso.” comenta Tarcisio.
Wander Pires, desde o início da preparação está muito motivado e determinado a estudar, evoluir e focado no desfile da viradouro. Na terça de manhã, ao fim do desfile da Vermelho e Branco de Niterói, para o intérprete a sensação é ainda de motivação para alcançar sempre o melhor.
“Todo mundo erra, mas nós fizemos de tudo para não errar, e não erramos. Eu perguntei ao meu patrão se vamos buscar o título. Ele falou ‘Wander, deixa os outros. Vamos fazer o nosso agora e vamos buscar, vamos tentar com tudo, confio em você. Por isso que eu te conteatei. Se a gente errar, é diferente, mas a gente vai fazer de tudo para não errar, é o que estou te respondendo. Foi lindo, foi maravilhoso.”, ele completa.
A Viradouro, desde que subiu para o Grupo Especial, tem estado no pódio dos três primeiros lugares, nos últimos anos com poucas diferenças de pontuação. O diretor executivo Marcelinho aborda sobre se manter nessas primeiros lugares após um desfile muito elogiado:
“Eu desfilo, então em um determinado segmento eu não consigo ter noção do todo. Mas, pelo que eu pude ver, enfim, da reação das pessoas, as pessoas do carnaval e amigos. Acredito que tenha sido um grande desfile. E agora sim, a gente tem que pensar em um título, né? Ao meu ver de onde eu estava, acredito que a gente esteja com boas chances aí de buscar as primeiras colocações.”
Para o grande Mestre Ciça, o mais legal de se ver é o sorriso das pessoas e de seus ritmistas após o desfile. O mestre, ritmista e sambista que é uma lenda à frente das baterias, conhecido também como Caveira, é um dos membros da Família Viradouro mais aclamado pelo público e pela comunidade. Em relação ao desfile de 2024, os ritmistas vieram representando a Revolta dos Malês, incluira e realizaram um show.
“Para mim foi a melhor, foi o meu melhor com a dele aqui hoje. A gente trabalhou muito pra isso. Tô feliz da vida. Acho que nós passamos muito bem, isso que importa”, conta Mestre Ciça.
Rute e Julinho, com o bailado impecável e em cores arco-íris, passaram pela Avenida maravilhosamente bem. No encerramento do espetáculo, Rute agradece aos voduns, a serpente, ao seu pai e mãe. Já Julinho expressa suas emoções e mostra sua ansiedade para o resultado.
“A gente está se recuperando de um desfile emocionante, conseguimos chegar inteiro e saudar o público do setor 12, setor 13. Para gente é uma marca, saudar o povão. O desfile foi maravilhoso, os Bessen nos abençoaram, Deus nos abençoou, meu São Jorge, Ogum e Exu da Rute e a nossa equipe foi merecedora de um grande trabalho. Porque a gente trabalhou 11 meses em função disso, agora, a gente vai aguardar, está entregue na irmã dos julgadores, espero que venha aquilo que foi planejado, esperado e com êxito.”