Os Gaviões da Fiel realizaram o seu melhor desfile após 13 anos, quando na oportunidade fazia um enredo sobre Dubai. Agora, com um tema totalmente diferente, a “Torcida que Samba” mostrou ao público presente no Anhembi uma temática africana, levando máscaras do continente contadas pela divindade Orunmilá. Um desfile ótimo plasticamente, alegorias que se destacaram pelo seu realismo e fantasias com acabamento impecável. Por sinal, uma superação foi enfrentada. A escultura de Xangô, que foi levada pela ventania nesta última semana, foi reconstruída com perfeição. Ernesto Teixeira conduzindo o samba, comissão de frente e casal também foram destaques. Um conjunto de quesitos para colocar a Fiel Torcida na briga pelas primeiras posições. Os Gaviões levaram o enredo “Irin Ajó Emi Ojisé”, assinado pelos carnavalescos Rayner Pereira e Júlio Poloni.
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Comissão de frente
Nomeada como “Me fiz emi caminheiro”, a comissão de frente coreografada por Helena Figueira, teve como personagens “Orunmilá”, “Exu” e “Filhos da Profecia”. Uma coreografia bastante criativa criada pela coreógrafa Helena Figueira. Os bailarinos, com uma criativa fantasia, carregavam cada uma máscara diferente nas mãos e, em determinado momento, em posições sincronizadas, mostravam para o público. O outro personagem, Exu, percorria o tempo todo a pista e o elemento alegórico, mas o ponto alto da dança era quando o integrante de Orunmilá aparecia de dentro da árvore do tripé, se fazendo o caminheiro em andamento aos locais em que vai o enredo vai contar a história.
Mestre-sala e Porta-bandeira
O casal Wagner Lima e Carolline Barbosa, juntamente aos seus guardiões, desfilaram com a fantasia “Máscara Kanaga”. A dupla realizou um desempenho de alto nível, assim como fez nos ensaios técnicos. Catol não sentiu o peso da fantasia e executou todos os passos com maestria.
Enredo
O tema “Irin Ajó Emi Ojisé”, assinado pelos carnavalescos Júlio Poloni e Rayner Pereira tinha como objetivo mostrar a viagem de Orunmilá pelo continente africano concedendo máscaras, interagindo e tendo acontecimentos variados com outras entidades, como Nanã, Xangô, Aluvaiá, Exu e Ewá. Para quem estudou sobre o tema, ficou perfeitamente entendido nas alegorias.
Alegorias
O primeiro carro, nomeado “No Pântano de Nanã”, desfilou com o tradicional gavião, símbolo da entidade e, acima, uma escultura gigante da orixá Nanã, fazendo alusão ao encontro de Orunmilá com Nanã dentro do tema.
A segunda alegoria, “No Palácio de Xangô”, teve como principal figura a escultura do próprio orixá no topo do carro. Vale destacar que esse objeto teve que ser totalmente reconstruído, pois foi o mais afetado na ventania de 100 km/h que afetou o Anhembi.
A terceira alegoria, chamada “Exu e Aluvaiá em Ato de Libertação”, levou duas esculturas de dois negros gritando com uma caravala atrás. Aparentemente, dentro do enredo, é quando Orunmilá encontra a África em fúria.
Ewá e a Profecia – Uma alegoria toda marrom, que é a orixá da beleza, fechando todo o ciclo da viagem de Orunmilá
Harmonia
Após tantas tentativas de ajustar o canto, os Gaviões conseguiram e funcionou bastante no desfile. Uma prova disso é o apagão que a bateria “Ritimão”, comandada por mestre Ciro, fez um apagão obrigando a escola a antar alguns versos da obra, principalmente os finais. Um samba que teve certa de dificuldade por suas palavras africanas em sequência, mas a comunidade entrou com vontade e fez valer o quesito.
Fantasias
Um conjunto de ótimo nível foi apresentado no Anhembi pela escola alvinegro. Foi usado ótimos materiais de alto gabarito e todas se destacaram. A escola tinha uma dificuldade de reproduzir o que estava nos pilotos, mas desta vez seguiu fiel.
Samba-enredo
O cantor Ernesto Teixeira, interpretando o seu primeiro samba-enredo afro história, fez um belo trabalho junto à comunidade fiel e a bateria “Ritimião”. A sinergia na hora da bossa vale um destaque especial. Também é gigante o trabalho do diretor musical Rafa do Cavaco, que criou todo o desenho das cordas e guia a todo momento a ala musical no canto, principalmente na ajuda para Ernesto.
Evolução
A comunidade evoluiu de forma satisfatória. Destaque para o movimento que os componentes faziam no refrão levantando os braços, jogando os braços para frente com o balançar do corpo em sintonia. O andamento foi linear, a escola não parou por um longo tempo na pista em nenhum momento, e isso fez com que o tempo fosse satisfatório e sem correria.
Outros destaques
A bateria “Ritimão, vestidos de “Ogãs” realizaram bossas obrigatórias para o jurado avaliar, com destaque para o apagão. Vale citar que eles não pararam para se apresentar para os módulos, como fazem todos os anos.
Rainha de bateria, Sabrina Sato, foi para a pista com um ‘look’ dourado. A artista sempre leva o público ao delírio com a sua presença quando está com a Fiel Torcida. A ala das baianas desfiou vestida de “Máscara Gueledé”. Corinthiana fanática, Alessandra Negrini esteve presente, desfilando ao lado da ala musical.