Com o enredo “O Cais da Resistência”, a Vizinha Faladeira homenageou o Cais do Valongo, território localizado na zona portuária do Rio de Janeiro, onde escravizados eram comercializados, sendo considerado o local que mais recebeu escravizados no mundo. Com alegorias e fantasias criativas e bem acabadas, a escola optou por um desfile esperançoso, que mostrasse a liberdade negra de uma maneira poética.

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Fotos: Guibsom Romão/CARNAVALESCO

Comissão de Frente

A apresentação da comissão de frente contou com um elemento cênico e troca de figurinos, o elemento cênico, que girava e apresentava 3 cenários diferentes, apresentou problemas para girar nos 2 primeiros módulos de jurados, por conta disso, a coreografia sofreu alterações a partir da 3ª cabine. Os integrantes da comissão, que eram negros, começavam a apresentação vestidos de escravizados trabalhadores, as mulheres eram lavadeiras e os homens carregavam sacos de café, neste primeiro momento o elemento cênico apresentava o cenário do Cais do Valongo.

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No segundo ato, o elemento cênico girava e era apresentado um escritório do palácio imperial, uma mulher branca representava a princesa Isabel que, cercada de mulheres negras, assina a Lei Áurea, comemorada pelas mulheres em sua volta. Na terceira e última parte, o cenário é uma sala de estar com retrato de 5 personalidades negras, Luísa Mahin, Luís Gama, Tia Ciata, João Cândido e Carolina Maria de Jesus, todos representados por integrantes da comissão, que agora trocaram de roupa. A coreografia foi reproduzida integralmente nos 4 módulos de jurados, mas a partir do 2º, os integrantes de antes vinham sentados em cima do elemento cênico, vieram andando por de trás dele, para que ele fosse girado sem apresentar os problemas que apresentou anteriormente.

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Mestre-Sala e Porta-Bandeira

O casal mestre-sala e porta-bandeira, Yuri Souza e Gislaine Lira, desfilaram com uma fantasia dourada, toda ornada em brilhos e com uma corrente preta, simbolizando a escravização, cercando a fantasia de ambos. O casal apresentou uma dança segura e contida, a coreografia fazia algumas referências ao samba-enredo, como no trecho “Kaô, meu pai kaô”. A porta-bandeira deu algumas pisadas na saia durante a apresentação no 2º módulo, mas nada que comprometesse a apresentação.

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Enredo

Com o enredo “Cais da Resistência”, do carnavalesco André Tabuquine homenageou o Cais do Valongo, que foi criado em 1811 pela Intendência Geral da Polícia da Corte do Rio de Janeiro, para que ali fosse realizado a venda e compra de escravizados, por conta disso, cerca de 1 milhão de negros passaram pela região. Durante a construção do Porto Maravilha, foi descoberto um sítio arqueológico, com diversos vestígios de pessoas negras que por ali viveram e foram enterradas. Em 2017, o local foi reconhecido como Patrimônio Mundial pela Unesco.

Alegorias

A escola trouxe um abre-alas opulento, com um letreiro na frente e um navio negreiro composto por pessoas negras representando escravizados, logo atrás veio a segunda parte do carro com esculturas também representando escravizados acorrentados. As outras duas alegorias, uma representando as religiões de matriz africana e o carnaval, entraram muito bem acabadas na avenida, assim como a primeira alegoria.

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Fantasias

A escola apresentou fantasias com estruturas parecidas, ombreira, capacete e saia, mas todas muito bem acabadas e com uma paleta de cores interessante. A ala das baianas desfilou com uma saia vazada, luvas brancas e uma sombrinha na mão, representando a classe mais abastada do império.

Harmonia

Apesar da bateria estar inaudível no início da escola, os desfilantes cantaram bem o samba, a cada início do samba, no trecho “Agô, ao pisar as pedras desse cais” a escola cantava forte e o desfile ganhava fôlego.

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Samba-enredo

O samba de Luiz Fernando, Miguel Beserra, Osmar Nunes, Ricardo Cardoso, Rodolfo Caruso e Rodrigo Carvalho, embalou harmonicamente a escola, seguindo a proposta da letra e do enredo. A comissão de frente e o primeiro casal reproduziam passos conforme a letra do samba dizia, exemplo, no trecho “Com a falsa liberdade” uma das escravizadas da comissão comemorava com um papel na mão a assinatura da Lei Áurea.

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Evolução

O carro abre-alas apresentou problemas para se locomover, abrindo um notório buraco na frente do 4º módulo de jurados, o que acabou comprometendo todo o desfile que vinha atrás dele. A escola passou muito rápido pelo 4º módulo, abrindo mais um grande buraco entre a última ala e o carro que homenageava o carnaval.

Outros destaques

Apesar de também ter tido que passar correndo, havia uma ala de pernas de pau que chamou a atenção do público.