A Unidos do Viradouro provou definitivamente na noite deste sábado em seu ensaio técnico que está pronta para disputar as primeiras colocação no desfile deste ano. Pujante, a comunidade cantou muito o samba-enredo e a vermelha e branca deixou a avenida certa de que com um bom trabalho de barracão a escola pode repetir um feito até hoje só alcançado pela Unidos da Tijuca (2000). A única a vencer o grupo de acesso em um ano e voltar no Sábado das Campeãs no ano seguinte.
“É muito complicado analisar o ensaio, porque a gente não é polivalente e não está em todo lugar pra saber como que foi o todo. Mas, eu analiso o ensaio pela cara do componente. Eu vi hoje o componente feliz e com orgulho do que a escola estava apresentando aqui após alguns anos voltando para o ensaio técnico sendo uma escola do Grupo Especial. Pela minha experiência e sensibilidade acho foi um bom ensaio. Acertos vão ocorrer. Contudo, temos 10 dias para corrigir. Nossa comunidade está feliz. Isso é o que queríamos resgatar”, disse Dudu Falcão, integrante da direção de carnaval.
Comissão de Frente
O time de bailarinos comandado por Alex Neoral trouxe fantasias que remetiam a personagens de livros. Cada um deles carregava na mão um livro estilizado em dourado e no final da apresentação formavam uma palavra. Os movimentos aconteciam de maneira sincronizada e rápida, mas o segredo mesmo do que vai acontecer na avenida fica para o dia do desfile, afinal as comissões de frente em trabalhos assinados por Paulo Barros são sempre bastante aguardadas.
Mestre-Sala e Porta-Bandeira
O casal Julinho e Rute fez uma apresentação correta e sem falhas na primeira cabine de julgamento. O mestre-sala desfilou toda sua perícia de movimentos e finalizações perfeitas, ao passo que Rute exibiu a sua habitual garra na dança, deixando a plateia encantada. O casal se apresentou com um pavilhão especialmente confeccionado escrito “2003 Bibi Ferreira” em homenagem à artista, que faleceu esta semana. A bandeira foi entregue ao final para a filha de Bibi.
“Só não digo que foi 100% porque a gente não tinha fantasia e isso muda, mas já ensaiamos com a fantasia de 2019. Hoje, a gente fez aqui a coreografia oficial e foi muito positivo. A escola está linda e a nossa fantasia também”, frisou a porta-bandeira.
“A avaliação 100% tem que ser no dia do desfile. Hoje foi 99%. Tem que ser assim. Hoje em dia o casal não se restringe somente em ensaiar. Treina fisicamente, tem os treinos específicos, treinos com a comissão de frente, ensaios com a escola, compromissos e hoje o casal de mestre-sala e porta-bandeira virou um atleta do carnaval”, completou o mestre-sala.
Harmonia
A Viradouro se apresentou com uma perícia impressionante no canto de sua comunidade. As alas do início ao fim da escola passaram com um canto forte e homogêneo do princípio ao fim do ensaio técnico, mesmo as alas que estiveram por um período mais afastadas da bateria, mantiveram o padrão elevado e impulsionaram o canto da escola.
Samba-Enredo
Funcional para o desfile da vermelha e branca, o samba-enredo teve excelente rendimento esta noite no ensaio da Viradouro. Tudo impulsionado pelo ótimo desempenho de Zé Paulo e o carro de som da escola, em perfeita sintonia com o canto da escola e o andamento da bateria Furacão Vermelho e Branco.
“Eu gostei muito do ensaio. Foi muito parecido com que a gente produz na Amaral Peixoto. Os meninos do carro de som sabem da importância deles para o meu trabalho aparecer muito bem. O Ciça dispensa comentário. É um cara fantástico, que está sempre aberto para te ouvir e sou muito dele. Deu um verdadeiro show. Mantivemos o andamento entre 146 e 145 BPM (batidas por minuto) que é o que a gente quer para o desfile e o que vamos vamos fazer”, contou o intérprete Zé Paulo.
Evolução
Quesito tecnicamente perfeito no ensaio. Alas bastante espontâneas, soltas, brincando, sem qualquer embolar umas nas outras. O andamento do ensaio também se deu de forma coesa sem acelerar ou lentidão exacerbada. Uma atuação louvável de toda a equipe de harmonia da Unidos do Viradouro.
Outros Destaques
O presidente de honra da Viradouro, Marcelo Calil, fez um discurso inflamado conclamando a comunidade a cantar o samba, avisando que o barracão da escola está em padrão de quem disputará o título.
A filha da artista Bibi Ferreira, morta durante a semana, foi gentilmente convidada pela Viradouro para uma homenagem. A escola homenageou Bibi em 2003 e relembrou o samba em seu esquenta na avenida. O pavilhão usado pelo casal Julinho e Rute foi doado para a família de Bibi.
A rainha de bateria, Raíssa Machado, roubou a cena com um figurino sensual e um aplique de cabelos longos. A bateria de mestre Ciça levantou a avenida com paradinhas em que todos os ritmistas se abaixavam para apenas o naipe de tamborins tocar e permanecer em pé, acompanhado das marcações. O público foi ao delírio.
“Olha isso foi um presente para mim, depois de muito tempo fora da bateria da Viradouro, voltar e ver um desempenho ótimo é muito bom. Lógico, correções sempre irão haver e teremos mais dois ensaios, ainda, para lapidar e deixar tudo legal, mas a proposta que eu queria aconteceu aqui hoje”, explicou mestre Ciça, sobre o rendimento da bateria no ensaio.
A Unidos do Viradouro será a segunda escola a desfilar no domingo de carnaval com o enredo ‘Viraviradouro’. Em sua volta ao Grupo Especial, a vermelha e branca terá o carnavalesco Paulo Barros, também de volta à escola depois de dez anos.
Por Guilherme Ayupp, Eduardo Fonseca, Winnie Delmar e Danilo Freitas. Fotos: Magaiver Fernandes