A Unidos do Viradouro realizou na noite do último domingo o seu terceiro ensaio de rua rumo ao carnaval 2024. Como tradição, o treino ocorreu na Avenida Amaral Peixoto, tendo início às 19h20 e com término às 20h13. Como todos sabem, boa parte da comunidade da Viradouro é oriunda de São Gonçalo e Niterói, ambos os municípios enfrentaram condições climáticas adversas, como ventania e fortes chuvas, deixando inúmeros bairros sem luz por horas, mas enganasse quem pensa que isso desanimou a escola, muito pelo contrário, apesar do contingente menor que o costumeiro, aqueles que marcaram presença não tomaram conhecimento da chuva e deram um verdadeiro. A raça de cada componente deve ser valorizada, do início ao fim todas as alas cantaram com muito vigor e deixaram uma belíssima impressão.

Antes do ensaio o diretor executivo da escola, Marcelinho Calil, falou sobre os problemas que atingiu parte dos municípios de São Gonçalo e Niterói e como isso poderia afetar o desenvolvimento do ensaio, segundo ele, a noite seria atípica, mas que tinha certeza que aqueles que conseguiram comparecer dariam conta do recado, ele ainda aproveitou para enaltecer o público presente. De fato Marcelinho estava certo, a comunidade deu mais um show e a sensação foi de que não havia ocorrido nenhum problema externo.

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“Grande parte Rio de Janeiro tá sofrendo um pouquinho com as chuvas, com questões de ordem natural que foge completamente da normalidade, a comunidade sempre lota, abraça, é que que hoje a questão de transporte público ficou também um pouquinho diferente do habitual, pessoal sem luz, sem sinal de telefone, então com certeza hoje é um contingente a menor. Mas não por falta de vontade, é porque a mobilidade ficou um pouco prejudicada nessas últimas horas. Mas não tem problema nenhum, quem está aqui vai dar o seu melhor. A escola está feliz, está contente de poder realizar o ensaio apesar disso tudo. A gente podia cancelar o ensaio, seria uma coisa muito mais lógica, mas obviamente quem tá aqui teve condição, a gente também tem condição, agora por exemplo, já não tá chovendo, enfim, o que a gente tem aqui com material humano e com as ferramentas que a gente tem, pode esperar um grande ensaio como sempre”, disse Marcelinho.

Em 2024 a Viradouro levará para a avenida o enredo “Arroboboi, Dangbé”, sobre a energia do culto ao vodum serpente. Criado e desenvolvido pelo carnavalesco Tarcísio Zanon. Assim como no último carnaval, a escola terá a missão de encerrar os desfiles pelo Grupo Especial na segunda noite de espetáculo. O próximo ensaio da vermelha e branca será no próximo domingo, novamente na Avenida Amaral Peixoto.

Mestre-Sala e Porta-Bandeira

Julinho e Rute são duas entidades e se comportam como tal, poder ver de perto o bailado dos dois é um verdadeiro bálsamo, a sintonia, a cumplicidade e a leveza ficam nítidos diante de nossos olhos. Neste ensaio não foi diferente, apesar da pista molhada, ambos passaram com a naturalidade e o vigor de sempre, durante as três paradas para os jurados eles já apresentaram a coreografia oficial do próximo desfile.

Sobre o ensaio, eles brincaram dizendo que esperam que no dia oficial a chuva não caia, afinal, desfilar com a pista seca é tudo que todos desejam. Rute pontuou que o ensaio foi importante para comunidade aprimorar ainda mais o canto e entrosar toda a escola. Já Julinho aproveitou pra dizer que a pista molhada é mais uma oportunidade da dupla trabalhar, ensaiar e se adaptar às situações adversas que podem surgir.

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Fotos: Luan Costa/CARNAVALESCO

“Sinceramente eu espero que o ensaio de hoje não tenha importância pro dia oficial. Que o ensaio de hoje seja pra cumprir mais um ensaio de canto, mais um ensaio da nossa coreografia porque a gente já treina a coreografia oficial. Eu espero que o tempo seja um zero à esquerda para o nosso ensaio. Mas é isso mesmo, a cada semana a gente sente que o canto tá mais apri não é um um samba com letras fáceis, que esteja no cotidiano das pessoas. Então, pra elas aprenderem, pra comunidade aprender, cantar bem, cantar com garra. Serve para interagir o carro de som com a bateria, e com toda a escola”, disse Rute.

“A gente procura desenvolver o nosso trabalho, é óbvio que as modificações vão acontecendo, a gente vai tentando melhorar, vai adaptando o que a gente quer enxergar lá na frente, como a gente quer o melhor pra nossa dança. E hoje é mais uma oportunidade que a gente tem de trabalhar e de ensaiar. Mesmo com chuva, com pista molhada, a gente vai tentando se adaptar a essas situações externas”, finalizou Julinho.

Samba-enredo

Um dos principais destaques da noite foi o samba de autoria de Claudio Mattos, Claudio Russo, Julio Alves, Thiago Meiners, Manolo, Anderson Lemos, Vinicius Xavier, Celino Dias, Bertolo e Marco Moreno. O entrosamento de Wander Pires com a bateria de mestre Ciça contribuiu para que a obra crescesse a cada passada. Nem mesmo as palavras consideradas difíceis no samba foram capazes de diminuir a empolgação da comunidade, a adesão foi unânime inclusive pelo público que acompanhava o ensaio. O hino da escola se manteve bem durante todo momento, mas na parte “ê alafiou, ê alafiá!”, até a final da estrofe e nos dois refrãos o nível conseguia atingir a perfeição sonora. Foi uma avalanche.

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Bateria

Como já é habitual, a Furacão Vermelha e Branca deu mais um show, mesmo com o número de ritmistas reduzidos, os comandados de mestre Ciça deram conta do recado e contribuíram para mais uma avalanche da comunidade, a musicalidade e o entrosamento com o intérprete Wander Pires foram notáveis. Ciça contou que a programação seguiu a mesma, mas que a chuva e os problemas que o município enfrentou acabaram prejudicando um pouco.

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“A programação continua a mesma, mas a chuva prejudica um pouco porque Niterói sofreu muito com essa chuva. Aí a gente teve problema com componente, teve muita gente sem luz, sem água, sem telefone, mas vamos que vamos a Viradouro é essa raça. Hoje testamos colocar plásticos nos instrumentos e fizemos tudo que estava programado”, disse o mestre.

Harmonia

Uma escola alegre, vibrante e aguerrida, foi assim que os componentes da Viradouro passaram pela Amaral Peixoto. Ver e ouvir a forma como eles estavam foi uma experiência incrível, era impossível não seguir no embalo. O canto foi crescente e destacar uma ala seria injusto com as demais. Porém, na parte do samba que diz “Pra vitória da Viradouro” era uma verdadeira avalanche, principalmente quando a bateria parava, de longe era possível ouvir os componentes gritando o samba. Elogiada desde a escolha, a obra da vermelha e branca se mostra um verdadeiro acerto e tem tudo para crescer ainda mais até o desfile oficial.

Evolução

Organização e espontaneidade, assim pode ser definido a evolução da Viradouro durante este ensaio. Para quem nunca esteve na Amaral Peixoto, a via é extremamente larga, o que poderia atrapalhar a compactação da escola, principalmente neste ensaio por conta dos problemas já apresentados acima, foi motivo de aplausos. As alas evoluíram com extrema leveza e literalmente brincaram com o samba, mas sem perder a organização que já é marca da escola, todos sabem seu lugar e o que devem fazer, mesmo assim se divertem. Alguns elementos foram utilizados para demarcar o espaço das alegorias no desfile oficial e tudo ocorreu com extrema naturalidade, assim como a presença de algumas alas coreografadas que permearam o ensaio e nenhum problema foi observado, nem mesmo na entrada e saída da bateria do recuo.

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“Não temos como parar pra pensar que hoje realmente foi fora da sua normalidade, tudo que aconteceu na cidade, nós mantivemos a agenda, claro sempre resguardando quem não poderia vir, quem não pôde vir nós entendemos e quem veio veio com uma vontade muito grande de fazer o que a gente tem sempre feito aqui na avenida, que é ensaiar na intenção de fazer o melhor pra escola, e hoje mesmo com o contingente menor todos que estiverem aqui cantaram muito, o andamento do carro de som, bateria novamente mesmo com a chuva atendeu a nossa expectativa e é isso, daqui até o carnaval é tentar ensaiar todos os domingos”, disse Dudu Falcão, diretor de carnaval da Viradouro.

Outros Destaques

Os destaques da noite vão todos para Erika Januza, a incrível rainha de bateria da vermelha e branca de Niterói brilhou mais uma vez, com uma fantasia feita apenas com pérolas, ela foi extremamente festejada pela comunidade e mesmo com o chão molhado mostrou o habitual samba no pé, é incrível observar o quanto Erika está entrosada com a agremiação e de fato parece que nasceu para ocupar esse cargo.

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Vale destacar também novamente a força da comunidade da Viradouro, mesmo com todas as adversidades, o ensaio estava cheio e a raça apresentada foi digna de aplausos, mais uma vez foi uma amostra de que eles querem o campeonato e farão de tudo para levar o caneco para Niterói. Como brincou Marcelo Calil, presidente de honra da escola, aqueles que estiveram presentes no ensaio ganharam uma estrelinha.