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Viradouro lança enredo para o Carnaval 2023 e projeta contar a saga de Rosa Courana, a santa africana no Brasil

A Viradouro divulgou na manhã desta sexta-feira seu enredo para o Carnaval de 2023. A escola de Niterói vai contar a saga de Rosa Courana, considerada a primeira mulher negra a escrever um livro no país, e refletir sobre importantes aspectos dessa história tão marcante. Escravizada. Meretriz. Feiticeira. Beata. Escritora. Uma santa africana no Brasil.

Ao site CARNAVALESCO, o presidente da vermelho e branco, Marcelinho Calil, falou do enredo. “É fascinante. O Tarcísio (Zanon, carnavalesco) trouxe a proposta e ficamos encantados”, disse Calil.

Nas redes sociais, a escola falou do enredo: “É preciso apresentar histórias de personagens esquecidas pelo tempo. Mostraremos todas as pétalas – e espinhos – dessa linda flor. ‘A Flor do Rio de Janeiro’: Rosa Maria Egipcíaca da Vera Cruz”.

A história de Rosa Egipcíaca

Rosa Egipcíaca, também conhecida como Rosa Maria Egipcíaca da Vera Cruz, que nasceu no Golfo da Guiné ou Costa da Mina, de nação Coura (do grupo mahi), foi escravizada e vendida aos traficantes de escravos, sendo desembarcada no Rio de Janeiro em 1725, aos seis anos de idade.

De acordo com o projeto “Biografias de Mulheres Africanas”, da UFRGS, Rosa viveu durante oito anos em condição de cativeiro no Rio de Janeiro, quando foi estuprada pelo dono e “tratada torpemente”, vendida para uma compradora em Minas Gerais no ano de 1733, quando ela tinha quatorze anos. Nas proximidades da cidade de Mariana, permaneceu durante cerca de vinte anos, e praticou a prostituição, entregando o corpo aos escravos que trabalhavam na extração do ouro.

Quando tinha cerca de trinta anos, contraiu uma enfermidade que lhe provocava dor atroz e a prostrava no chão, seguida de uma experiência mística. Por volta de 1748 ela vendeu seus parcos bens – joias e roupas amealhadas com a venda do corpo e distribuiu tudo aos pobres. Adotou vida regrada, frequentando missas e liturgias, e ganhou fama de visionária e profetisa em Mariana, Ouro Preto, São João del Rei e depois no Rio de Janeiro, para onde ela foi em 1751.

Logo: Criação – Tarcísio Zanon e Designer – Thiago Santos

Deu a si mesma o nome de Rosa Maria Egipcíaca da Vera Cruz, ao que parece em homenagem a Santa Maria Egípcíaca, que segundo a lenda era também uma prostituta antes das manifestações de Santidade. Vivia acompanhada do padre Francisco Gonçalves Lopes, conhecido como padre Xota-Diabos (Enxota-Diabos) por ser exorcista, que se tornou o seu confessor.

Em um livro de mais de 250 folhas chamado “Sagrada teologia do amor de Deus luz brilhante das almas peregrinas”, descreve a experiência sensorial de contato com Jesus Menino, de quem recebera o título e o encargo de ser Mãe de Justiça. Ela própria seria a esposa da Santíssima Trindade, a nova Redentora do mundo.

Bibliografia sobre Rosa Egipcíaca

MOTT, Luiz. Rosa Egipcíaca: uma santa africana no Brasil. Rio de Janeiro: Bertrand do Brasil, 1993.

GUIMARÃES, Rosely Santos. Corpo negro: entre a história e a ficção. O caso de Rosa Maria Egipcíaca da Vera Cruz. Revista Em Tese, v. 6, p. 01-25, 2003.

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