A escassez de mão de obra qualificada pra atuar na preparação dos desfiles tem sido uma queixa frequente das escolas de samba. Há dificuldade para encontrar gente especializada para várias funções, incluindo adereços e costura. A Viradouro vem contribuindo para reduzir essa demanda promovendo, desde o ano passado, oficinas que formam profissionais dessas duas áreas, através do Instituto Viradouro. Coordenador da oficina de Costura de Adereços, Marcio Moura faz um balanço positivo do projeto.
“Na primeira turma, que começou no primeiro semestre de 2024, 23 alunos finalizaram o processo de capacitação. Dez foram aproveitados atuando, já como profissionais, em projetos da própria Viradouro, na confecção de protótipos e na reprodução de fantasias. Cinco deles estarão de novo com a gente no barracão, na produção do desfile do ano que vem. Na turma iniciada em abril deste ano, temos 55 pessoas matriculadas e que sairão preparadas pro mercado de trabalho do carnaval”.
Para marcar o encerramento do 1º módulo da oficina, os alunos criaram, em miniatura, fantasias de porta-bandeiras. A produção ganhou exposição no último domingo, 7, no Ateliê Alessandra Reis, na Zona Portuária do Rio, onde acontecem as aulas. O carnavalesco Tarcísio Zanon e o diretor de carnaval Alex Fab foram conferir a mostra, assim como Rute Alves, 1ª porta-bandeira da Viradouro, que destacou a importância do projeto:
“Todas as criações têm um fundamento, têm uma história. E o mais bonito é que por trás dessas produções tem a história de cada um que confeccionou. Tem pessoas querendo fazer arte. E é isso que a Viradouro, através desse projeto, está possibilitando a essas pessoas”.
Alessandra Reis, que é coordenadora e professora das oficinas, destaca que para muitos alunos nem só o aprendizado de um ofício faz a diferença.
“Às vezes, a gente recebe pessoas que chegam cheias de problemas pessoais e que, além de aprenderem as técnicas de trabalho, encontram acolhimento aqui. Acabam ganhando uma família e saem prontas pra atuar no mercado de trabalho – revela Alessandra, que chefia os ateliês da Viradouro”.
Mas não só os profissionais diretamente ligados à Viradouro elogiam o projeto. Juliana Menezes, de 25 anos, moradora de Niterói, estudante de serviço social, aluna da oficina e que produziu um dos figurinos em miniatura para a exposição, comenta a abrangência deste tipo de iniciativa.
“É importante aprender de forma técnica com excelentes professores. Mas além da parte de adereços e de figurinos do meio artístico, tô conhecendo o projeto do instituto. E projetos sociais voltados pra cultura têm uma força gigantesca”.
O Instituto Viradouro promove também oficinas na quadra (Avenida do Contorno, 16, Barreto, Niterói). Há vagas para formação de passistas, no projeto Samba no Pé;de canto; de mestre-sala e porta-bandeira (idades de 6 a 21 anos); e balé (de 6 a 16 anos). As inscrições são gratuitas. Informações – 40429721 (Whatsapp).