A Unidos de Lucas foi a sexta escola a desfilar na Intendente Magalhães, nesta terça-feira, no desfile da Série Prata do carnaval carioca. A escola se sobressaiu por diversos elementos, destacando-se uma comissão de frente impactante, a perfeita sintonia do casal de mestre-sala e porta-bandeira, Jeferson Pereira e Alana Couto, além de uma evolução fluida ao longo da avenida. Contudo, enfrentou contratempos que resultaram em uma buraco evidente perante os jurados.

A escola exibiu o enredo “A Floresta do Amazonas”, uma história de desbravamento pela Floresta Amazônica, passando pelas lendas, paixões, mistérios e aventuras que são proporcionadas pela fauna e flora local.

Comissão de Frente

Sob a direção coreográfica de Daniel Ferrão e Léo Torres, os dançarinos deslumbraram a plateia com uma performance vibrante, marcada por movimentos enérgicos e expressivos. Vestidos com trajes amarelos, complementaram o visual com chapéus verdes e adornos de plantas na altura do peito.

Mestre-sala e Porta-bandeira

Jeferson Pereira e Alana Couto proporcionaram uma apresentação muito positiva, marcada por uma conexão e uma sintonia impecável. Ambos usaram figurinos vermelhos, realçados por detalhes em dourado, roxo e laranja, que chamavam a atenção. A saia de Alana era um espetáculo à parte, em tons de laranja, rosa e roxo. A dupla desfilou entre passos suaves, com um cortejo tradicional e sequências mais modernas, demonstrando versatilidade.

Harmonia

A atuação vocal dos participantes não alcançou o ápice durante o desfile, com várias alas mostrando um envolvimento limitado, onde muitos dos integrantes optaram por cantar o samba somente durante o refrão. O carro de som mostrou-se em harmonia perfeita com a bateria sob a regência do mestre Celsinho. O samba, interpretado por Viny Machado e sua equipe, foi apresentado de forma completa e fiel à sua composição original.

Enredo

O tema desenvolvido pelo trio de carnavalescos, Bruno Rocha, Felipe Santos e Fernando Saol buscou resgatar a tradição, com um desfile clássico para falar sobre lendas da Floresta Amazônica com muito respeito e capricho. O fio condutor do enredo é a paixão que o torcedor da Unidos de Lucas tem pela escola, e o amor da comunidade transforma o Galo de Ouro num desbravador. O Galo entra na Floresta e, quando retorna, conta o que viu, ouviu e sentiu. E se orgulhando do passado, se inspira nele, para lutar pelo Acesso.

Evolução

Ao longo de 40 minutos, a escola realizou seu desfile de maneira suave e contínua, evitando pressa em seu desfile. As baianas e as passistas tiveram uma atuação destacada, aproveitando plenamente seu momento na avenida com muita dança. Os componentes da escola desfilaram de forma espontânea, sem a rigidez de coreografias pré-definidas. As alas mantiveram-se organizadas, até a passagem de uma alegoria em frente a cabine de jurados, quando a ala a frente seguiu desfilando, abrindo assim um buraco.

Samba-Enredo

A composição criada por Tem Tem Jr, Marcelinho Santos, João Vidal, Rafael Ribeiro, Jefferson Oliveira e Valtinho Botafogo, caracterizada por sua clareza, foi apresentada na avenida do desfile. Contudo, a simplicidade da obra não se traduziu em uma memorização efetiva por parte de muitas alas, que demonstraram dificuldades em decorar o samba por completo. Apesar dessa lacuna, o momento mais memorável e vibrante da peça musical foi, sem dúvida, o refrão principal, que se destacou como o ponto culminante do samba-enredo, cativando todos os presentes.

Fantasias

A escola de samba de Parada de Lucas impressionou pela alta qualidade de suas fantasias, apresentando um espetáculo visual repleto de criatividade e detalhes minuciosos. Entre todas as alas, a que prestou homenagem à fruta do guaraná se destacou de maneira notável. Com trajes verdes elaborados e a característica semente do guaraná adornando a cabeça dos integrantes – um símbolo dessa fruta –, a escola conseguiu transmitir com clareza e beleza os elementos distintivos da região tematizada no enredo. Essa ala não só capturou a essência do guaraná de forma autêntica, mas também contribuiu significativamente para a narrativa visual e cultural do desfile, celebrando a riqueza natural e cultural de forma memorável.

Alegorias

A vermelha e ouro fez uma apresentação marcante na Intendente, trazendo dois carros alegóricos de alta qualidade, com acabamentos impecáveis e sem defeitos aparentes. O desfile teve início com um impressionante abre-alas que mergulhou o público no coração da floresta, apresentando duas esculturas de beija-flor na dianteira do carro. A alegoria, dominada por tons de verde com detalhes em dourado e marrom, capturou a essência vibrante da biodiversidade amazônica.

O tripé, em tom rosa, buscou representar a rica natureza aquática da região amazônica, destacando-se pela presença de um boto cor-de-rosa, embora tenha sofrido de uma execução incompleta, faltando um pedaço do animal, o que indicou uma falha nos acabamentos.

O segundo carro alegórico celebrou o famoso festival da Ilha de Parintins, um evento cultural de grande significado onde os bois Garantido e Caprichoso se enfrentam em uma competição de performances. Este carro, adornado nas cores azul e vermelho, exibiu os bois emblemáticos na sua parte frontal, acompanhados pelo Galo, o mascote da escola, simbolizando a união da tradição e do orgulho local na manifestação cultural do desfile.

Outros destaques

O intérprete da escola de samba destacou-se durante a apresentação do samba-enredo. Demonstrando um comprometimento e uma paixão palpáveis pela sua arte, o artista transcendeu as expectativas ao não se restringir à sua zona de conforto. Ele caminhou com entusiasmo próximo ao público, criando uma conexão direta e intensa com os espectadores.