O termo rolo compressor surgiu para designar os ensaios da Beija-Flor, até o início desta década. Com o crescimento da Unidos da Tijuca essa alcunha passou também para o morro do Borel. A pressão na pista que esteve um pouco guardada nos últimos dois anos voltou com toda a força no ensaio de rua desta quinta-feira. Canto e evolução em um impressionante volume deixam claro que a escola com mais conquistas na década vai voltar a brigar pelo título em 2019.
Evolução
Poucas escolas podem dar aula nesse quesito. A Unidos da Tijuca é uma delas. Embora o espaço onde ocorre o ensaio seja um pouco apertado e as alas fiquem mais comprimidas é destacável a força da evolução tijucana com componentes brincando muito e se movendo o tempo todo. Coreografias bem executadas sem nenhum clarão ou espaçamentos entre as alas. Apenas a destacar que a configuração do ensaio, com a bateria vindo atrás da escola, faz com que a agremiação fique bastante tempo parada quando a bateria entra no recuo. Mas é um fato que não ocorrerá no desfile oficial.
“Eu acho que o ensaio de hoje foi melhor que o de semana passada e a gente trabalha para que o de semana que vem seja melhor que esse. E assim até o dia de nosso desfile para estarmos no ponto certo. Em nosso primeiro ensaio de rua eu senti que faltava evoluir mais, mas nesse eu já senti escola muito mais solta. Vamos degrau por degrau”, disse Fernando Costa, diretor de harmonia.
Harmonia
Restando pouco menos de dois meses para o desfile oficial, a comunidade tijucana demonstra um elevado padrão de canto. Há um grande entrosamento entre o carro de som, a bateria e o canto da escola. Alas passaram cantando muito forte e já não se faz mais necessário a existência de letras para que o componente cante o samba corretamente.
Samba-Enredo
Uma das grandes obras da safra de 2019, um samba que enche o tijucano de orgulho. Depois de obras de qualidade questionável, o samba-enredo da Unidos da Tijuca explica o enredo com correção, com uma letra muito rica e uma das melhores melodias do ano. Wantuir conduz com a habitual categoria a canção junto do competente carro de som da Tijuca.
Bateria
A Pura Cadência é a bateria mais bem sucedida do carnaval nos últimos anos, desde que a Tijuca se tornou uma escola de fato competitiva. No ensaio desta quinta-feira os ritmistas de mestre Casagrande realizaram bossas, uma delas a mesma contida no CD quando a bateria para no refrão principal. Os naipes estão com uma definição muito clara.
“Eu daria um 9,8 para a nossa bateria hoje. Ainda estamos longe do ideal, mas vamos chegar lá até o dia do desfile. Ainda vamos limpar um pouco as nossas bossas. O que eu tenho gostado bastante é que nossa bateria está com os naipes muito bem definidos. É aquilo que você ouve de longe e identifica ser a bateria da Unidos da Tijuca. Isso me deixa muito feliz”, explicou mestre Casagrande.
Mestre-Sala e Porta-Bandeira
O casal Alex Marcelino e Raphaela Caboclo reedita na Unidos da Tijuca uma parceria que aconteceu no Império Serrano. E já demonstram um grande entrosamento. Em respeito ao público em nenhum momento eles andam pela rua. Para fazer o deslocamento eles realizam uma dança de proximidade com o rosto colado, como salão. E no decorrer do ensaio demonstram toda a perícia e técnica em seus movimentos.
A Unidos da Tijuca apresenta em 2019 o enredo ‘Cada macaco no seu galho. Ó meu pai, me dê o pão que eu não morro de fome’. O desenvolvimento é de uma comissão de carnaval. O Pavão do Borel será a última agremiação a desfilar no domingo de carnaval, na primeira noite de apresentações do Grupo Especial na Marquês de Sapucaí.