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Unidos da Tijuca faz um ensaio de rua emocionante no Borel

Depois de décadas sem ensaiar na São Miguel, a amarelo ouro e o azul pavão volta a colorir o 'chão original' da escola

Aos pés do Morro do Borel, a Unidos da Tijuca fez um emocionante ensaio de rua como um resgate às suas origens. A escola evoluiu na São Miguel, rua da quadra antiga onde hoje funciona o seu Instituto de Cidadania. A comunidade desceu o morro para acompanhar de perto a bateria “Pura Cadência” e sua rainha Lexa, o casal Matheus André e Denadir Garcia e os intérpretes Wantuir e Wic Tavares. Todos os segmentos estavam presentes, da comissão de frente aos passistas mirins. Foi um ensaio de afeto, com todos os componentes cantando forte e grande participação do público.

Fotos de Matheus Vinícius/Site CARNAVALESCO

“Foi um resgate do que acontecia há anos ali na comunidade. Nos anos 90, eu ensaiava aqui toda terça-feira, foi maravilhoso voltar e ver o olhar de alegria da comunidade do Borel e dos componentes em ter a escola ensaiando ali novamente. Acredito que muitos nunca tinham vindo aqui, conhecer a raiz da nossa escola. Foi um sentimento de felicidade mútuo, foi uma noite memorável para a nossa escola. Hoje, não foi um ensaio para ver problemas ou soluções. Hoje, foi um ensaio para nos divertirmos, lavarmos a alma e tomarmos um banho de Axé. E foi isso que aconteceu aqui na comunidade. Temos mais um ensaio de rua, nesse sim, procuramos fazer o que vamos fazer no desfile, testamos coisas novas, mas a escola está pronta e vem novidade no dia do desfile. A comunidade vai ficar muito feliz com o que vão ver”, comentou Fernando Costa, diretor de carnaval.

Comissão de frente

A comissão de frente de Sérgio Lobato apresentou a coreografia que exibiu nos ensaios técnico e de rua. Os 15 componentes faziam movimentos que lembravam navegação e os orixás citados no enredo. Os passos apresentados são firmes e encantam pela agilidade. Vale ressaltar que, em determinado momento, uma das dançarinas é elevada pelos outros componentes e faz uma performance.

Mestre-sala e Porta-bandeira

Matheus André e Denadir Garcia já comprovaram a sintonia enquanto primeiro casal. Eles estão muito confortáveis com o bailado e a confiança entre os dois é confirmada pelas trocas de olhares e pelo constante sorriso no rosto. Eles se apresentaram com o apoio e a energia do público que os aplaudia pelos rodopios e pelos cortejos.

Harmonia

Como o ensaio foi mais em casa do nunca, a escola inteira estava cantando o samba em sua integralidade. Um destaque sempre nos ensaios da Tijuca é o trecho “Ó pai, ó! É carnaval!”. Os componentes cantam com força essa parte e levantam os braços. Além disso, o entrosamento entre Wantuir e Wic Tavares no comando do carro de som evidencia o domínio que eles têm sobre o samba.

“Ensaiar no Borel é chegar e pisar no chão original. Nós estamos na Francisco Bicalho emprestado. A escola foi fundada aqui, aqui que é a sede da Unidos da Tijuca, aqui que é a comunidade do Borel que a gente tanto fala. Para nós, é satisfação e prazer estar junto com a comunidade. É uma felicidade só. Eu tenho certeza absoluta que esse ano não vai ser igual àquele que passou. Depois de fazer um maravilhoso desfile, encantar a Sapucaí e ficar em nono, a gente tem certeza que esse ano vai ser diferente porque a gente merece. O carnaval está bonito, o samba é maravilhoso, o barracão é sensacional, as fantasias são fantásticas. Eu espero um bom resultado no carnaval desse ano com toda certeza. Faltar acertar pouca coisa. Eu acho que agora é só entregar as fantasias”, disse o intérprete Wantuir ao site CARNAVALESCO.

“Não tem pré-carnaval melhor que o da Tijuca. Vir aqui na nossa casa, no Borel, na nossa real comunidade. Ensaiar aqui é mais que muito emocionante, aqui tem muita gente que já não tem mais possibilidade de desfilar e consegue resgatar memórias. Nós também trazemos as crianças mais novas para dentro da nossa história do carnaval. Para mim é mais que importante isso aqui. Tinha que existir sempre, porque aqui é a nossa verdadeira casa. Eu estou muito feliz de vir aqui e cantar para minha comunidade. Eu acho que, nos nossos ensaios, a gente vem se encaixando e se entendendo e agora é dar tudo certo no dia. Que o Papai do Céu nos abençoe, mãe Iemanjá nos ilumine, mãe Oxum nos proteja e Xangô faça a justiça. Que façamos um ótimo desfile, porque, graças a Deus e aos nossos guias, estamos muito entrosados enquanto escola. A Unidos da Tijuca tem um lema que é ‘Família tijucana’ e, de fato, isso aqui dentro faz toda diferença. Somos família com conversa, diálogos, toda família briga, mas sempre pelo melhor. Aqui na Tijuca, a gente se sente à vontade para fazer o nosso trabalho”, refletiu a cantora Wic Tavares.

Evolução

Durante cerca de uma hora, a agremiação dominou a rua São Miguel. Os componentes partiram de frente da antiga quadra e foram em direção ao cruzamento com a rua Santa Carolina, onde as alas se dispersaram e a bateria e o carro de som fizeram o caminho de volta para quadra com direito aos espectadores seguirem atrás dos ritmistas. Um espaço grande foi aberto entre a ala de passistas e a “Pura Cadência” para que a rainha de bateria Lexa evoluísse, cumprimentasse os admiradores, sambasse com as crianças e a comunidade.

Samba-enredo

O Borel em peso aprendeu a cantar o samba da Tijuca de 2023. Uniformemente, todos os componentes presentes no ensaio de rua estavam com o samba na ponta da língua. A musicalidade da composição de Júlio Alves, Cláudio Russo e Tinga colabora para que certos trechos sejam mais fáceis de decorar, por exemplo, a segunda parte do samba.

Outros destaques

O aniversariante do dia, mestre Casagrande, conduziu a “Pura Cadência” com muita emoção e vontade de mostrar que a Unidos da Tijuca é uma escola de comunidade. A cantora Lexa deu um show à parte de carisma, permitindo tirar fotos e sambar com o público.

“Ensaiar no Borel significa uma emoção muito grande. Hoje, eu estou emocionado porque são 27 anos que a gente não ensaia aqui na comunidade e, hoje, a receptividade que tivemos aqui foi um negócio incrível. É o meu aniversário. Eu cheguei aqui e já tinha uma festa que os ritmistas e o pessoal da comunidade fizeram, um almoço. Não consegui nem falar direito no microfone de tanta emoção que foi. Eu queria agradecer demais ao meu presidente [Fernando Horta]. Nesses últimos carnavais, ficaram falando que nossa escola não é de comunidade, não é de favela. Nossa escola é de comunidade, a gente sabe de onde é oriundo. Eu queria deixar isso bem claro para as pessoas que falam da Unidos da Tijuca. A Unidos da Tijuca é uma escola de morro, é uma das escolas mais antigas do carnaval carioca e merece muito respeito. Tem o ditado: ‘Respeite quem pôde chegar onde a gente chegou’. A escola está aí mostrando que tem uma comunidade muito forte. Quem esteve presente hoje viu o povo na rua. Mais uma vez, eu enalteço a figura do meu presidente. Tinham pessoas aqui que nunca tinham visto o ensaio da Unidos da Tijuca por falta de oportunidade de ir onde nós ensaiamos no Centro, no Santo Cristo. Hoje, foi demais! Bateria toda emocionada. Eu vi pessoas que desfilavam comigo na década de 1980 e 1990 que não desfilam mais, mas estavam super emocionadas. Como diz nosso enredo, a gente sai hoje daqui com um axé muito grande, um axé muito forte. Que Nossa Senhora Aparecida nos abençoe, porque hoje foi muito legal. Muitas crianças, o morro desceu. Nós estamos muito bem ensaiados. A escola está cantando muito. O samba está funcionando, vimos que a escola não para um minuto. As alas estão muito bem ensaiadas. Eu acho que vamos ser uma surpresa muito grande. Esse ano, não estão batendo na gente porque sabem que estamos muito bem. Muito bem de barracão e muito bem de fantasia. Eu que vivo o barracão da escola todos os dias, 12 horas por dia, eu vejo e vivo o carnaval da Unidos da Tijuca e sei o que ela tem, o potencial que ela tem para voltar nas campeãs. Ser campeã ou não é consequência de fazer um grande desfile. Hoje a gente sabe que tem uma grande potência. Temos quesitos que nos favorecem muito a fazer um grande desfile. Eu acho que tem acertar um pouco a parte musical, falta aquela pegada ainda de desfile, mas isso no dia a gente tem um carro de som muito bom, o Wantuir e a Wic. O pai é um monstro cantando. Na Avenida, ele se transforma. Ele gosta de jogar. Eu costumo dizer que o Wantuir é o jogador que gosta de jogar no dia e, no dia, eles joga demais. A Wic também. Eles estavam emocionados, estavam muito bem e super animados. Eu quero que eles estejam assim no dia como eles estavam hoje aqui. Se eles estiverem assim, vai ser difícil segurar a Tijuca”, declarou mestre Casagrande.

Na rua São Miguel, há o Instituto das Irmãs Oblatas Santíssimo Redentor. Esse instituto de projeto social, hoje, abriu as portas e algumas senhoras ficaram na porta acompanhando a escola passar. A rainha de bateria foi até elas, sambou e as reverenciou. Posteriormente, os cantores do carro de som animaram as idosas no caminho de volta à quadra.

A Unidos da Tijuca será a quarta escola a desfilar no domingo, 19 de fevereiro. Com o enredo “É onda que vai… É onda que vem… Serei a Baía de Todos os Santos a se mirar no samba da minha terra”, a agremiação irá falar do estado da Bahia, sua religiosidade e sua história.

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