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Theatro Municipal do Rio terá edição de revista dedicada ao carnaval com curadoria de Milton Cunha

Maior espetáculo a céu aberto do planeta será o tema de estreia da Ritmo. Publicação contará com textos de artistas da folia como Rosa Magalhães e Leonardo Bora

Milton Cunha será o curador da primeira edição da revista interdisciplinar do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, a “Ritmo”. O convite foi feito pela presidente da Fundação Teatro Municipal, Clara Paulino, e prontamente foi aceito pelo artista. A publicação, que tem lançamento previsto para fevereiro do ano que vem, é fruto de uma parceria com a Escola Livre de Direito, Arte e Filosofia, projeto de extensão vinculado ao Programa de Pós-graduação em Direito, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (PPGD/UERJ), e visa ampliar o debate sobre a importância do local para o imaginário da cultura carioca, fluminense e brasileira, com o incentivo à pesquisa e à produção sobre temas ainda pouco pesquisados.

Comentarista Milton Cunha

“Assim que recebi o convite, imediatamente aceitei. Afinal, é o primeiro número da revista e o fato da temática ser o Carnaval é algo muito lindo. Pode falar sobre os bailes, a relação do Theatro com o Carnaval, a escola de samba, é maravilhoso. Então, logo depois que aceitei o convite, fizemos uma reunião com os criadores da revista, que é um setor lá da Uerj, lá do Direito, e ficou combinado, então que teríamos nesta primeira edição dez autores convidados e seis concorrendo através de edital. Com isso, a ideia é abrir para alunos que estão iniciando, dando essa oportunidade de fazerem parte do projeto. É uma alegria esse espaço acadêmico e popular”, relatou Milton Cunha, em conversa com a reportagem do site CARNAVALESCO.

A escolha da relação entre o Theatro Municipal e o carnaval carioca como tema da edição inaugural da “Ritmo” ocorreu por conta de seu histórico indissociável. Os concursos de decoração, fantasia e marchinhas do Theatro; a presença dele na Marquês de Sapucaí; as comissões de seleção dos bailes de gala com participações de Portinari, Manoel Bandeira e Burle Marx; são apenas alguns dos tópicos que serão abordados na publicação. Para desenvolver artigos sobre esses e outros assuntos, a lista de autores convidados contempla nomes como Rosa Magalhães, Felipe Ferreira, João Gustavo Melo, Leonardo Bora, Samuel Abrantes, Vinícius Natal e Tania Clemente.

“Assim que me deparei com esse maravilhoso desafio de montar uma seleção de craques que pudessem, cada um a seu olhar, ver o Theatro Municipal e o Carnaval, comecei a procurar por testemunhas oculares. Quem viu os bailes? Eu queria dois confessionais mesmo, tipo ‘eu fui ao baile’ ou ‘eu decorei o baile’, então os primeiros nomes convidados foram Rosa Magalhães e Haroldo Costa. Porém, o seu Haroldo, por motivos de outros compromissos, não pode aceitar o convite, então eu fiquei só com um testemunho ocular que é o da Rosa. Uma outra coisa que eu queria também fazer era, depois de abrir com o olhar pessoal, eu queria um autor que apresentasse uma linha do tempo muito aprofundada, muito pesquisada. E assim, na minha opinião, o melhor deles é o Felipe Ferreira, que lançou o ‘Livro de Ouro do Carnaval’. Ele é profundo, é historiador, gosta dessas envergaduras de pesquisas e o trabalho dele dá uma visão para o leitor de quando começou, quando acabou, o que aconteceu entre uma coisa e outra. Então, os artigos da Rosa Magalhães e do Felipe Ferreira eram os dois que me norteavam. Com eles certos, a partir disso, eu fui para os detalhes. Um exemplo é o Leonardo Antan, que tem uma pesquisa enorme sobre Mercedes Batista, Salgueiro 70 anos, por isso pedi para um texto sobre a Mercedes, o minueto. Já o nome do Luiz Carlos Magalhães surgiu da importância de ter a Liga, a Liesa, dentro do projeto, então ele ficou com o artigo sobre como a Sapucaí viu nesses 40 anos o Theatro Municipal, seja em alas ou em carros alegóricos. E aí, aos poucos, vieram os outros nomes, porque eu não queria tema repetido desses meus dez convidados. E um deles, em especial, era muito caro para mim, que era sobre quem não foi ao Municipal, quem não tinha dinheiro, falando dessa conflagração econômica e social. Pedi ao Mauro Cordeiro e a Sthefanye Silva Paz para escreverem um texto crítico sobre o elitismo”, contou Milton Cunha.

Fotos: Divulgação/TV Globo

A expectativa é que o lançamento oficial da revista “Ritmo” aconteça com uma grande festa em data no final de fevereiro, após os desfiles do ano que vem. A ideia é que o evento conte com palestras dos autores dos artigos para que estes possam dialogar mais abertamente sobre os seus temas com o público. Além disso, os textos publicados também serão disponibilizados de forma online para que mais pessoas tenham acesso aos conteúdos.

“O carnaval como arte popular, como voz das comunidades, sempre tem que aproveitar quando o cânone, que é a voz hegemônica da universidade, do teatro clássico, abre espaço. E não é que isso referende o samba não, até porque ele é maior que tudo isso. O samba vive e pulsa na cidade toda, ele é cantado, ele arrasta multidões. No entanto, o Brasil tem que fazer um esforço para entender essa força do samba também na universidade, também no teatro clássico. É preciso que o Brasil olhe sem desprezo, sem preconceito, e tente estudar essa manifestação”, defendeu Milton Cunha.

A revista “Ritmo” fará chamadas de quatro em quatro meses, para que pesquisadores e acadêmicos possam propor artigos com temas específicos, relevantes para a construção da relação entre a própria instituição e o público. A chamada para a submissão de textos para essa primeira edição ficará aberta até o dia 30 de novembro. Os interessados em participar podem conferir as informações no site e nas redes sociais do Theatro Municipal do Rio.

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