A Portela pisou na Marquês de Sapucaí na noite do último domingo para encerrar o primeiro dia de ensaios técnicos do Grupo Especial, e, mostrou mais uma vez a força da comunidade e o tamanho da torcida. Os portelenses tomaram as arquibancadas do Sambódromo e viram uma escola visualmente muito bonita, com canto impecável e com um verdadeiro show da Tabajara do Samba. A Águia Altaneira de Madureira atravessou a Passarela em 1h17. * VEJA AQUI FOTOS DO ENSAIO
Vice-presidente da Portela, Fábio Pavão, avaliou o treino no Sambódromo da Marquês de Sapucaí. “Reproduzimos exatamente o que temos feito no Parque Madureira. A escola inteira está cantando, tivemos a evolução que havíamos planejado e consequentemente estamos no caminho certo para um grande desfile. Digo que 100% nunca estamos, somos perfeccionistas, logo, buscamos a perfeição sempre. Já estamos muito bem, mas vamos aprimorar ainda mais alguns detalhes para o desfile”.
Em todas as alas, escola cantou o samba do início ao fim e mostrou mais uma vez a força da Portela. Destaque para a ala 3, de ‘Oxalá’, que gritava o samba a plenos pulmões e mostrava grande energia. O mesmo foi feito também em outros setores da agremiação. Com linda roupa em azul, laranja e detalhes em dourado, as baianas também entoaram a obra de Wanderley Monteiro e parceiros. Não foi visto sequer um componente com a letra do samba no papel. A Portela levou algumas alas coreografadas para a Sapucaí e também chamou atenção, assim como o show dos passistas.
Ao site CARNAVALESCO, o intérprete falou do rendimento do samba-enredo no ensaio técnico. Ele foi apontado o principal destaque e recebeu um prêmio da Guaracamp. “Funcionou da forma com que a gente esperava. Foi muito bem, escola toda animada, cantando a letra. É isso que a gente queria. “Esperamos fazer o nosso trabalho da mesma forma com que foi feito aqui nessa noite. Alegria, animação, botar a escola para cantar e evoluir. É isso que a gente precisa. Eu sou apenas mais uma engrenagem na escola. Eu e meu carro de som. Nós temos que fazer funcionar toda a escola, não apenas a gente. Bateria, harmonia, evolução… Tudo precisa estar conectado e ir bem. Só assim passamos bem. É pensar no coletivo”.
Membro da comissão de carnaval da Portela, Junior Escafura aprovou o rendimento de toda escola na Avenida. “Avaliação totalmente positiva. A gente chega aqui e vê a escola alegre, feliz, todo mundo cantando. Da um satisfação muito grande ver a Portela tão feliz. Claro que só estamos prontos no dia. Usaremos bastante agora do ensaio de rua para ajustar mais ainda o que precisa ser ajustado, para assim fazer um grande carnaval”, prometeu.
Quem também se destacou foi o casal de mestre-sala e porta-bandeira, Marlon Lamar e Lucinha Nobre. Vestidos de branco, os dois protagonizaram bonita apresentação para o público na Sapucaí. A dupla mostrou entrosamento, sincronia, elegância e, acima de tudo, leveza. Com cerca de 2m13 de exibição, o casal arrancou elogios das arquibancadas. Quem também foi aclamada foi a comissão de frente, que, com homens negros e corpos pintados, fez uma linda e forte exibição.
“É o sentimento de dever cumprido. Muito, muito quente e, é muito difícil pra gente conseguir manter o equilíbrio entre fazer a coreografia, o sorriso e tudo que envolve o nosso quesito. Mas estou satisfeito, feliz e grato por estar no nosso solo sagrado. O sentimento é extremamente gratificante, pois a Portela é emoção e o carnaval também. Mais uma vez passamos por um novo desafio. Tinha três anos que a gente não ensaiava na Sapucaí, o último foi o de Clara Nunes em 2019. Já em 2020 não tivemos ensaio. É uma somatória de sentimentos, de palavras. É difícil descrever em uma única só palavra, mas emocionante é a que mais se encaixa no que estou sentindo nesse momento. Eu gostei muito da pista recapeada, para gente que dança a tinta é ótima. Extremamente aprovado”, garantiu o mestre-sala.
“Além da emoção de tanto tempo sem ensaio técnico, a gente consegue sentir o clima, a energia da Sapucaí. Por mais que a gente ensaie na academia, na rua, muito tempo sem um ensaio aberto assim acaba sendo diferente. Lidando com o vento, com a energia é bem diferente e importante. O sentimento é de pertencimento e estou muito feliz. A gente foi tão massacrado, diminuído, desprezado e desrespeitado, então agora voltar pro nosso lugar e dentro do nosso chão e falando sobre a nossa ancestralidade (dentro do enredo da Portela). Acho que é um gol”, comentou a porta-bandeira.
Detonado por parte dos sambistas e público geral, o samba da Portela ecoou em toda a Sapucaí. Os componentes ‘calaram a boca’ dos críticos com forte canto, do início ao fim. O intérprete Gilsinho exibiu a potência de sempre e impulsionou a escola, que não parou um minuto. E não ficou apenas nas alas. O samba também foi entoado nas arquibancadas da Avenida. De ‘Quem tenta acorrentar o sentimento’ até o fim do refrão, a obra era gritada pelos integrantes da agremiação. Na virada do samba, o mesmo perdia um pouco a força, mas nada que atrapalhasse o desempenho da Águia.
O grande espetáculo ficou por conta da bateria. Impecável durante toda Sapucaí, a Tabajara do Samba apresentou algumas bossas, com destaque para a exibida no setor 11, durante o refrão do samba. Os comandados do mestre Nilo Sérgio levantaram o público na Sapucaí e foram muito aplaudidos. Com roupa toda em dourado, Bianca Monteiro, rainha de bateria, roubou a cena com muita simpatia, elegância e claro, samba no pé. A rainha foi bastante elogiada durante toda Avenida.
Comandante da Tabajara, mestre Nilo Sérgio avaliou para o site CARNAVALESCO a performance da bateria no ensaio técnico. “Voltar ao Sambódromo depois de dois anos é maravilhoso, a gente ficou sem ter contato com o público, só dentro da quadra, restrição total. Acredito que hoje a Portela fez um grande ensaio, alguns falaram do samba, mas o samba se auto sustentou, junto com a bateria, junto com o canto da escola, essa comunidade maravilhosa que está cantando igual cigarra. Eu acredito que a Portela vai surpreender muita gente no carnaval, devido aos carros e o conjunto em geral”, contou Nilo Sérgio, que levará 280 ritmistas para o desfile oficial.
“Ainda tem mais uma bossinha pra colocar. Hoje no ensaio que fizemos gostei muito mesmo. A responsabilidade não é só minha, cada um tem sua parcela, mas foi muito emocionante ver como a escola cantou, ver que o público que estava aqui respondeu junto com a bateria, junto com a parte do canto”, completou o mestre.
Na evolução, a escola teve um pequeno problema com o tripé que trazia a palavra ‘Voltamos’. O mesmo emperrou na altura do setor 3, acabou retardando a passagem da escola e abriu um pequeno buraco. No mais, as alas evoluíram muito bem, com organização e muita animação. Os harmonias se mostraram muito comprometidos com a compactação e energia de seus componentes, e fizeram ótimo trabalho.
A Portela fez um grande trabalho e se preocupou, além de ensaiar para o desfile, dar um show para o público. Algumas alas vieram com roupas diferentes das tradicionais camisas do enredo, com adereços na cabeça e nas mãos. O famoso ‘grito’ da Águia também ecoou pela Passarela. Segunda escola a desfilar no sábado, dia 23 de abril, a Azul e Branco promete um desfile com garra da comunidade e grande organização em busca de mais um título para a galeria da maior campeã do carnaval.
Participaram da cobertura: Leonardo Damico, Allan Duffes, Eduardo Frois, Lucas Santos, José Luiz Moreira, Luan Costa, Ingrid Marins e Isabelly Luz