Por Lucas Santos
É difícil hoje em dia não associar dentro do universo do carnaval carioca e do carnaval de escolas de samba, em geral, a função de porta-bandeira a Selminha Sorriso. Com 30 anos carregando consigo o pavilhão de escolas de samba, desde sua estreia em 1989 pelo Império Serrano, Selminha se tornou uma referência para todas aquelas que sonham um dia defender o pavilhão de sua agremiação. E foi a partir de um sonho lá atrás, ainda menina, que tudo o que desejou virou realidade. Hoje, já são nove títulos conquistados ao lado da Beija Flor e mais um pela Estácio de Sá, logo em seu primeiro ano na escola.
“O carnaval realmente mudou a minha vida, me deu outras oportunidades, conheci outros valores. Constituí muitos amigos, conheci países, conheci um universo que não era minha realidade a época que eu comecei. E tudo que eu constituí tem um vínculo com o samba, com a arte da porta bandeira. Eu sou muito grata porque realmente minha vida mudou”.
Vindo de origem simples, trabalhando como recruta do Corpo de Bombeiros do estado do Rio de Janeiro desde 2002 em paralelo com o sucesso como porta bandeira, Selminha também já viajou inúmeras vezes com a Beija Flor para realizar apresentações em diversos lugares do mundo. Mas se engana quem pensa que a parte financeira do carnaval foi o que mais marcou Selminha durante os quase 30 anos de Sapucaí que serão completados este ano.
“Eu não falo no sentido material apenas. Sou uma pessoa que levo uma vida simples, mas muito grata, muito feliz, porque eu olho pra trás e sei que os dias foram muito mais difíceis em alguns anos lá no passado. Acho que o carnaval realmente faz uma diferença muito grande na vida de quem leva a sério, de quem se dedica. O samba socializa, as escolas de samba ajudam a socializar, a integrar as pessoas em uma sociedade que às vezes é bem diferente da realidade delas porque o carnaval é visto como o maior espetáculo aberto do mundo. Hoje nós do samba somos respeitados, somos convidados para entrar e retornar e sempre deixamos as portas abertas”.
Por fim, ao se preparar para mais um ano desfilando pela Beija Flor de Nilópolis, Selminha não se esquece das dificuldades enfrentadas pelas escolas de samba em mais um carnaval recheado de cortes de verbas pelo poder público. A porta bandeira lamenta as dificuldades, mas a acredita na capacidade que o sambista tem de dar a volta por cima.
“Claro, passamos por dificuldades, mas acho que não é uma política que vai destruir algum tão valioso construindo com muito sacrifício, com muito suor, sobre tudo com muito amor. Nós somos muito fortes, somos uma raiz muito forte que não se abala. Espero que o carnaval seja sempre valorizado e seja sempre um ponto de equilíbrio para ajudar suas comunidades, pois o samba é sempre uma escola de vida”.