Dando sequência à Série Barracões São Paulo, o site CARNAVALESCO visitou o barracão do Império de Casa Verde e conheceu o projeto que a agremiação desenvolveu para 2023. O tema do ‘Tigre’ para o próximo desfile se trata de “Império dos Tambores – Um Brasil Afro-Musical”. É um enredo afro, mas que será apresentado apenas para o lado da musicalidade africana. A equipe conversou com o carnavalesco Leandro Barboza e o enredista Tiago Freitas, que abrangeram o enredo.

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Fotos: Gustavo Lima/Site CARNAVALESCO

“A gente começa com a comissão de frente trabalhando na questão da ancestralidade feminina. É um enredo que trabalha muito na feminilidade de uma forma bem transversal, mas o nosso foco é falar da musicalidade”, explicou o enredista.

Como surgiu

A escola não desenvolve um enredo afro desde 2003, quando subiu ao Grupo Especial do carnaval paulistano. Porém, o artista Leandro Barboza sugeriu o enredo e a diretoria acatou a ideia. Sendo assim, a entidade vem colhendo frutos, como um dos melhores sambas do ano. “Esse enredo era um sonho meu de falar sobre a música. Depois ele foi formando uma nova cara. Chegou um momento em que eu vi que estava saindo muito e foi que apareceu o Tiago. Quando caiu na mão dele, ele sugeriu o nome. A ideia era realmente falar sobre a música. A escola abraçou e, no primeiro momento, a gente já viu brilho nos olhos da comunidade e isso foi bem legal. Principalmente o presidente”, declarou.

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Pesquisa do enredo

O tema afro, como dito pelos profissionais, será diferente. Abordará totalmente a música. Não vamos ver algo como o habitual. Porém, a história foi inspirada inicialmente em uma baiana da escola. “O ponto de partida, quando eu conversava com o Leandro, eu queria saber qual era a pessoa mais velha da escola. Ele de prontidão falou que era a baiana Ba. A narrativa nasce dela. Ela tem uma noite de sonho em transe e desenha todas as narrativas do enredo. A gente focou nessa caminhada de trabalhar a questão da identidade da Casa Verde. Trabalhar a emoção de um componente que queria um enredo afro há um tempo. A gente trabalhou essa África mais musical e alegre. Uma pesquisa muito rica no sentido em que a África pode trazer pra gente. O carnavalesco foi delimitando onde a gente poderia seguir e a gente já deu o nome das alas e dos carros. Foi um trabalho do que ele queria na avenida. A gente foi trabalhando e enriquecendo nosso trabalho e conjunto”, disse o enredista Tiago.

Novos relatos e o ótimo recebimento

Sempre é importante receber testemunhos do que se passa dentro da comunidade. Segundo o carnavalesco, que está presente nos ensaios, o ‘feedback’ tem sido positivo. “Esse enredo me proporcionou estreitar essa relação que eu tenho com os componentes. Como eu era muito presente dentro do barracão, eu não estava muito presente dentro da quadra. Nesse período de 2016 até o último carnaval, eu não participava tanto. Eu fui participar ano passado, quando eu assumi como carnavalesco. Eu tinha essa função de tirar o papel dos outros carnavalescos que estavam aqui, como do Jorge Freitas, Flávio Campello e do projeto também que era meu e do Mauro Quintaes. A parte de execução eu que coloco tudo em prática. Por isso essa dedicação toda com a escola me distanciou um pouco da quadra. Com essa história desse enredo e eu estando mais presente, cada dia é uma surpresa para o componente. Eu tenho escutado e tido contato”, contou.

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Nova assinatura solo

Leandro chegou no Império de Casa Verde em 2016 com o carnavalesco Jorge Freitas. Porém, ele tinha a missão de cuidar apenas do barracão e foi assim até o ano de 2020. No carnaval de 2022, Mauro Quintaes chegou e finalmente o Leandro assinou um projeto em conjunto. Para 2023, Quintaes deixou a agremiação e o atual artista está assinando um tema solo pela primeira vez. “É uma experiência nova. Eu já estava preparado para isso há muito tempo. Claro que ter um projeto 100% na sua mão te dá uma liberdade maior do que você pensou, amarrou e defendeu. Tem um controle maior. Ano passado eu tinha, mas eu fazia questão de tocar junto com o Mauro”, disse.

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Famosa plástica do Império

O ‘Tigre Guerreiro’ é famoso por ser a escola da plástica impecável e das alegorias gigantes. O luxo predomina nos desfiles e a agremiação faz questão disso. O famoso tigre, que é o símbolo, é sempre aguardado no desfile. Resta saber como ele virá no próximo carnaval. “A gente não vai deixar a desejar em alegorias. Acho que elas vêm gigantescas. Eu acho que com um bom acabamento, uma nova plástica também na parte das fantasias, mas não deixando de lado o luxo que é característica da escola. O presidente sempre quer isso. o tigre vem diferente. A gente deu uma nova roupagem para ele, vem cheio de significados e representações. Tanto no abre-alas quanto no último carro”, explicou.

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Conheça o desfile

Setor 1: “A gente traz a majestosa África ancestral. Uma África enriquecida”.

Setor 2: “Navio dos ritmos e do torpor. A questão dos ritmos, das alegrias e da invasão cultural da África até o Brasil”.

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Setor 3: “A África nas periferias do Brasil. Quando ela chega e se manifesta em várias identidades em São Paulo, no Rio, na Bahia, no Maranhão, no Pará, enfim, a gente vai trabalhar uma série de aspectos nessa questão cultural”.

Setor 4: “É o Império dos tambores, onde a gente chega no quilombo da Casa Verde nessa viagem, que nasceu na África e chegou na Casa Verde com uma das nossas fundadoras, a griô Bernadete que vai ser coroada na avenida. O quarto setor trabalha a identidade do território mesmo da Casa Verde”.

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Ficha técnica
Quatro alegorias
Um tripé
Um elemento alegórico de comissão de frente
2400 componentes
Diretor de carnaval: Tiguês
Carnavalesco: Leandro Barboza
Enredista: Tiago Freitas