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Série Barracões: Mostrando a força das mulheres, Mocidade Alegre homenageia as orixás femininas

Por Gustavo Lima

A reportagem do CARNAVALESCO visitou a quadra da Mocidade Alegre e entrevistou Edson Pereira, um dos profissionais que integra a comissão de carnaval da agremiação. A escola irá para a avenida com o enredo “O canto das Yabás”, uma homenagem às orixás femininas.

“Quando eu cheguei na escola pra fazer o carnaval, me pediram para que eu fizesse um carnaval sobre as mulheres, e essa espinha dorsal eu encontrei pra falar não só da mulher negra, mas da mulher de uma forma geral, porque acredito que a mulher é a forma mais sublime da manifestação da vida, partindo do princípio que elas nos dão a vida. Falando de vida, de esperança, de atitude de mulher guerreira e orixá, não poderíamos deixar de falar de uma escola que é administrada por uma mulher guerreira e forte como a Solange é, como foi assim durante muito tempo pela irmã dela, que sonhou com esse enredo também. Então, eu acho que é o momento propício não só pra Mocidade, mas pelo momento que a gente está vivendo da valorização da mulher”.

O carnavalesco também revelou que o enredo é um projeto antigo da escola e resolveu acatar o tema.

“Foi proposto pela escola e eu abracei a ideia. Não acredito em enredo ruim, acredito que pode ser uma condução errada, mas a gente está apostando muito nesse tema, porque eu tenho certeza que não vai ser só mais um enredo, vai nos ensinar muito e nos trazer muita coisa pra gente refletir e acredito que será um grande carnaval da Mocidade”.

Como não foi um enredo de ideia do carnavalesco, talvez a pesquisa para desenvolver os itens do desfile seja mais árdua, ainda mais pelo fato de Edson Pereira ocupar o cargo de carnavalesco oficial da Unidos de Vila Isabel, no Rio de Janeiro, e ter que se dividir entre as duas escolas. Porém a agremiação conta com uma comissão de carnaval, o que não sobrecarrega muito e facilita todo esse processo.

“A pesquisa é algo que a gente faz em primeiro plano, quando nós definimos o enredo. Nesse momento já está bem encaminhado, e nós fomos buscar subsídios para trazer boas imagens e mexer com a emoção do carnaval da Mocidade, porque eu acho que carnaval tem esse comprometimento com a interação da nossa cultura. Não tem que ser só bonito, ele deve passar uma mensagem, e é essa mensagem que nós estamos em busca”.

Para unir a visão dos jurados, público e telespectadores, não é uma tarefa fácil, mas Edson declara que para esse “problema” ser sanado, busca sempre o melhor, mesmo sabendo que não irá agradar a todos.

“A gente nunca vai conseguir agradar deuses e troianos, e o que é a gente faz é sempre tentar elaborar o melhor, mas o mais importante é fazer um trabalho com verdade e sentimento, e dessa forma você consegue atingir o máximo do seu trabalho. Tudo bem que o carnaval é direcionado hoje para uma disputa, onde existe o julgamento dos jurados, mas eu acho que quando a gente faz com verdade e emoção, trazendo o melhor pra nossa cultura, que fez chegar como o maior espetáculo da terra, e eu falo não só do Rio de Janeiro, mas de todo o Brasil, a gente consegue fazer o melhor se fizer com verdade”.

A Mocidade Alegre sempre quando escolhe temas com religiões afros, desenvolve bons desfiles, vide 2016, que conseguiu a 3ª colocação, e 2012, que se sagrou campeã com o enredo “Ojuobá”, uma homenagem à Jorge Amado, considerado por muitos o maior enredo e melhor desfile da história da agremiação. Tal fato, consequentemente gera uma pressão para o desenvolvimento desse desfile, mas Edson Pereira encara isso com tranquilidade.

“Eu não sinto pressão, porque eu sou um trabalhador do carnaval, quem conhece a minha história no carnaval, sabe que eu enfrento desafios e eu acho que esse é um desafio que eu me propus. Fazer o carnaval da Mocidade pra mim, hoje, não é só uma experiência profissional, é também uma experiência que eu vou agregar valores na minha vida profissional e muito mais. Então não é só um desafio, é muito mais do que isso, é um aprendizado”.

Trabalho da presidente Solange vem sendo fundamental para o desfile de 2020

Edson também comentou sobre o andamento do barracão, disse estar praticamente tudo pronto e destacou o ótimo trabalho feito pela presidente Solange Bichara, de sempre estar presente para que tudo aconteça.

“A gente está trabalhando desde muito cedo e nosso carnaval eu posso dizer que está 90% pronto e os últimos 10% vão ser feitos nas últimas semanas. É um trabalho satisfatório, a Solange é uma guerreira, é uma pessoa que não se cansa, que está ali constantemente fazendo que as coisas aconteçam, porque o carnaval não é feito por uma pessoa só. A gente é um cérebro, uma pessoa só e dirigimos tudo isso, mas depende de uma série de questões para que tudo isso aconteça e seja eficaz, e a Solange é uma peça fundamental nisso tudo, por isso a mulher de frente, presente nesse projeto, e que talvez seja a mulher mais presente nesse enredo. Hoje o barracão da Mocidade é pleno, tranquilo, temos nossos prazos todos em dia e o cronograma está encaixando tudo de forma correta. Então eu acho que vai ser tudo dentro do que a gente espera”.

Conheça o desfile:

SETOR 1 – CLAMOR A OLORUM
“A gente vem com a proposta de que a mulher foi escolhida pra salvar o mundo, de todo esse caos que nós vivemos, não só o caos de destruição à natureza, mas também a autodestruição do homem. Então, as yabás pedem a Olorum para que ele permita que
elas influenciem a humanidade, e elas criam a primeira Yaô, que é designada pra salvar o mundo e transformá-lo em uma nova morada, então a gente entra na avenida com esse clamor a Olorum, que será um abre-alas bem grande, estaremos com mais ou menos 45 metros por 15 de altura, com muito movimento”.

SETOR 2 – IEMANJÁ
Na segunda alegoria a gente fala da mãe de todas, que é Iemanjá. O mundo submarino, submerso de Iemanjá, que é a mãe de todas as cabeças, a mãe maior, que vai pedir a Olorum pra que conceda a permissão pra salvar o novo mundo.

SETOR 3 – O SABER DE NANÃ
Na terceira alegoria a gente traz o conhecimento e a sabedoria de Nanã, que é a renovação. Quando as pessoas falam que Nanã seria a morte no estigmatismo africano, a morte nada mais é do que a renovação, conhecimento e sabedoria.

SETOR 4 – A IMPORTÂNCIA DAS YABÁS
“Na penúltima alegoria eu trago o que seria a junção de todos esses elementos que são representados por essas mulheres, ou seja, Iansã, Oxum e todas as yabás vão estar representadas nesta grande mandala que permite o movimento do universo e que faz o mundo girar”.

SETOR 5 – A NOVA MORADA DO SAMBA
“E a gente fecha com o clamor da nova morada, quando essa menina se transforma em uma grande mulher, que salva o universo e transforma em uma grande morada, que também é a nossa Morada do Samba”.

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