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Série Barracões: Império da Tijuca fala sobre história e vida de Lia de Itamaracá e promete sacudir a Avenida com muito samba e ciranda

Neste carnaval o Império da Tijuca levará para a Marquês de Sapucaí o enredo “Sou Lia de Itamaracá cirandando a vida na beira do mar”, de autoria do carnavalesco Júnior Pernambucano. A agremiação vai falar sobre a história e vida da cantora, compositora e maior representante da ciranda brasileira. Ícone da cultura popular do país, Lia completou 80 anos no último dia 12 de janeiro. A proposta é que a escola de samba entre na Avenida com a força das energias da artista e do povo do Morro da Formiga, além de muita garra, emoção e toques de alegria e manifestação cultural.

Fotos: Raphael Lacerda/CARNAVALESCO

Carnavalesco da agremiação por sete vezes, Júnior está à frente da Verde e Branco pelo segundo ano seguido. Foi sob seu comando, em 2013, que a escola do Morro da Formiga conquistou o título do Grupo de Acesso e retornou ao Grupo Especial após 18 anos. Conterrâneo de Lia, ele conta que tinha o desejo de falar sobre a artista há muito tempo. A vontade de homenageá-la somada a ligação da escola com enredos que abordam a negritude possibilitou que a ideia saísse do papel.

“O desejo vem desde criança, porque sou pernambucano. Eu acompanhei muito a Lia nas cirandas e em eventos culturais de Pernambuco. Sempre tive essa admiração pela artista. Daí, há alguns anos, pensei em desenvolver esse enredo. Passei a proposta para o presidente e ele curtiu, já que ela é uma mulher preta, lutadora e que possui ligações com as tendências temáticas que o Império da Tijuca traz – que são esses enredos ligados à ancestralidade negra. Isso influenciou bastante. Foi a união do meu desejo com a ligação da escola com a negritude”, explica o carnavalesco.

Apesar de saber o lado cultural da artista, Júnior não conhecia o lado espiritual dela. Para ele, esse foi um dos processos mais interessantes durante a pesquisa sobre o enredo.

“Eu falo muito da parte regional da história da vida dela, que também faz parte da minha e não foi surpreendente. O que me surpreendeu foi a parte religiosa, que eu não sabia qual era a ligação dela com a parte espiritual. Isso, para mim, foi novidade. A parte cultural faz parte do cenário que convivi, então facilitou”, conta.

Um fato curioso é que Lia de Itamaracá será homenageada no Rio e em São Paulo. Além do Império da Tijuca, a Nenê de Vila Matilde vai levar para o Anhembi o enredo “Cirandando a vida prá lá e prá cá. Sou Lia, sou Nenê sou de Itamaracá”.

“A forma como o carnavalesco conduz a história lá é um pouco diferente do modelo que vou fazer aqui. Isso é bom, porque mostra dois trabalhos e duas homenagens diferenciadas para uma pessoa”, afirma o carnavalesco do Império.

Para fazer a homenagem, o carnavalesco contou com um pedido especial de Lia: um desfile colorido, com muita alegria, irreverente e que traga afinidade com seu povo. De acordo com ele, o grande trunfo do Império da Tijuca será a própria homenageada: como e em qual parte do desfile ela virá é uma surpresa. Júnior acredita que a fusão de energias que Lia e a escola de samba transmitem resultará em um desfile com muita garra e emoção.

“O grande trunfo é trazer a Lia. Acredito que aonde a gente vai trazê-la e de que forma é um ponto principal que vai causar uma expectativa. Estamos realizando um bom trabalho para que aconteça isso. É o pessoal aguardar para saber de onde a homenageada vai aparecer. O torcedor pode esperar a garra de sempre que a escola tem e transmite quando passa na Avenida, que é uma energia única. É uma escola que virá com garra, emoção e toques de alegria e manifestação cultural que traremos no enredo. A gente precisa entrar sacudindo a Avenida com muita ciranda e muito samba”, afirma Júnior.

Série Ouro e a corrida contra o tempo

A demora para o repasse da verba pública do carnaval é uma reivindicação antiga das escolas de samba. Outro fator é a precarização dos barracões, que atrapalha o desenvolvimento dos desfiles e, de certa forma, já faz parte dos carnavais das agremiações da Série Ouro. Apesar disso, a chama da paixão pelo carnaval segue acesa no coração de quem trabalha no Grupo de Acesso.

“Quem trabalha na Série Ouro há algum tempo, já sabe a dificuldade que é. A gente acaba conseguindo conviver com isso. A Série Ouro traz essa agonia. Não era para ser assim, mas, infelizmente, a gente passa por isso. Acredito que falta um pouco de carinho e atenção por parte do poder público. A subvenção poderia sair um pouco mais cedo. É algo notório e triste. Mas eu, como funcionário do carnaval, tenho que fazer o possível para poder desenvolver um bom trabalho para que eu me sinta realizado e a escola também. Assim como muitas escolas, estamos apertados para poder desenvolver isso tudo. Mas a gente tem garra e a escola possui um comando muito bom em conseguir fazer com que tudo aconteça”, ressalta.

Conheça o desfile do Império da Tijuca

O Império da Tijuca será a segunda agremiação a desfilar na sexta-feira de carnaval, 9 de fevereiro. A escola vai para a Avenida com cerca de 1200 componentes espalhados por 22 alas, três alegorias e um tripé. Ao todo, o desfile será dividido em quatro setores: a ligação das águas, a região da Ilha de Itamaracá, a influência musical, além da manifestação carnavalesca em homenagem aos 80 anos da artista.

Setor 1: “A Lia inicia a vida na catação de caranguejos com a mãe. A renda familiar era da venda de caranguejos, mariscos e siris. Ela tem essa ligação muito forte com os mangues e com as águas. Por isso que ao ponto em que ela vai crescendo, tem mais laços com o mar e chega ao ponto de escrever a letra de suas músicas na areia. Essa ligação com o mar e a natureza já será o início da escola – não posso esconder esse elo entre as águas”.

Setor 2: “Eu já começo com a parte da Ilha de Itamaracá, onde fala de todas as suas tradições e de seu envolvimento com a ilha. A parte dela como merendeira e o Forte Orange – que é muito marcante e onde faz todas as apresentações”.

Setor 3: “Eu venho trazendo a influência musical, onde Lia faz a sua ligação com o Maracatu, com o Cavalo-Marinho – que é um tradição de lá -, o Pastoril, Coco de Roda. São influências musicais que conduzem a formação da artista”.

Setor 4: “O carnaval de Recife abraça a Lia de Itamaracá. A gente faz uma grande homenagem ao carnaval do Recife e de Olinda, onde Lia participou de vários blocos e foi homenageada pelo Galo da Madrugada. Queremos trazer o carnaval da própria região dela, inclusive é algo que a artista pede. A gente traz o carnaval pernambucano abraçando Lia, como se ela estivesse em casa com uma grande manifestação”.

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