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Série Barracões: Com uma estética imponente e diferenciada, Império Serrano contará a história heroica de cada orixá do candomblé

Muita vontade de voltar ao Grupo Especial. Esse é o sentimento que todo imperiano vai levar para a disputa do carnaval na Série Ouro em 2024. Após um rebaixamento considerado injusto por muitos, o Império Serrano quer mostrar toda sua potência, deixando claro que não deveria ter saído do Grupo Especial. Para isso, o carnavalesco Alex de Souza contará a história de cada orixá cultuado no candomblé, um enredo sempre muito representativo. Mas se engana quem pensa que o tema é batido. O artista quer representar todas essas entidades de uma forma diferente a tudo o que já passou na avenida. Alex não irá focar na abordagem ritualística, mas sim na visão de que os orixás seriam guerreiros ou reis de determinados territórios. Além disso, trará um colorido bastante especial, apostando na combinação com a luz do dia. Com alegorias imponentes, o Reizinho de Madureira dará uma demonstração de força.

Fotos: Rafael Soares/CARNAVALESCO

O Império Serrano será a última escola a desfilar no sábado de carnaval e levará para a avenida o enredo “Ilu-Obá Oyó – A gira dos ancestrais”, mostrando a importância de cada orixá na cultura trazida pelos africanos para o Brasil através da formação do candomblé.

Em entrevista ao site CARNAVALESCO, Alex de Souza revelou que a ideia do enredo partiu dele ao querer representar os orixás de uma forma diferenciada em comparação ao que se costuma ver em desfiles desse tipo:

“A ideia foi minha, foi uma coisa que eu já estava pensando. Já no outro ano ainda, eu comecei a ver o trabalho de inteligência artificial, de ilustrações, de várias mitologias, de várias culturas e senti falta justamente dessa cultura iorubá. Eu não vi os orixás representados, eu vi deuses de várias procedências, de várias culturas. E aí fiquei imaginando como seria interessante e criativo retratar os orixás de uma maneira diferente, com um design mais moderno e contando a história deles como reis, como guerreiros. Saindo apenas da questão ritualística, apenas da questão de culto. E aí eu pensei, como que eu vou contar? Em que ordem eu apresento eles? E aí pintou o xirê, é a forma como no ritual o orixá vem à terra, se incorpora no seu iniciado, seu filho, e você tem uma ordem hierárquica de apresentação. Aí eu fui me aprofundar sobre a história do candomblé, como é que o candomblé surgiu no Brasil, quem criou, como foi isso. Aí eu cheguei no livro de Pierre Verger, a casa de Oxumarê, que ele conta tudo isso, porque ele fez pesquisas no Brasil e fez pesquisas na África”, falou Alex.

O carnavalesco do Império contou que a pesquisa mais aprofundada para o enredo foi de muito aprendizado, já que ele não tinha tanto domínio sobre o tema. Inclusive na questão das cores de cada orixá, que é o grande trunfo de seu desfile, em sua visão:

“Cada representação que eu fazia, eu procurava saber de onde é. Quem foi, o que representou. Foi um rei, foi um fundador, foi um orixá de criação, quer dizer, criou o mundo, fez parte da mitologia de fato, ou foi de carne e osso. Xangô eu já conhecia um pouco a história, porque eu fiz no Salgueiro, os outros eu não conhecia. Então, foi muito interessante aprender sobre isso. Cada orixá tem a sua cor, tem determinados elementos que caracterizam a sua história. Acabou que a gente será a última a desfilar. O desfile será muito colorido, porque aí você tem aquela massa de alas representando os orixás, com cores predominantes, já que eu gosto dessa coisa de cor em bloco. E aí eles vêm numa sequência. Eu imagino cores muito alegres, muito vivas. O samba é maravilhoso, do Aluísio Machado, alegre, para cima, bateria fantástica. Então, acho que vai ser um dia muito feliz, muito alegre, e que você, sabendo do enredo e olhando isso, até esquece o próprio fundamento, você tem uma coisa diferente. Eu acho que a gente está preparando um grande carnaval para encerrar a Série Ouro e almejando ficar entre as seis primeiras. E contribuir para que a Série Ouro, como um todo, faça um dia especial, fora do Grupo Especial”, disse Alex.

O artista trabalhou no Grupo Especial durante muitos anos e estava acostumado com os barracões da Cidade do Samba. Alex disse qual é a maior diferença em termos de estrutura para o barracão em que está atualmente fazendo o carnaval do Império:

“Eu acho que a própria estrutura que a Cidade do Samba criou, onde você tem um grande pátio, e três andares com passarelas, você tem uma visão de cima das alegorias. Você tem um quarto andar onde se prepara as peças e aí tem aqueles guindastes que trazem as peças. Você tem uma estrutura diferente, porque aqui a gente está no plano. A gente até está em um barracão para o grupo de acesso que é bacana, muito próximo da concentração, um pé direito alto e é um espaço grande, estamos até dividindo com outra escola, a Acadêmicos de Niterói. Mas o que eu sinto mais falta é a questão de você não ter uma marquise, uma coisa alta para poder dizer melhor. O lugar mais alto que eu tenho é em cima do próprio carro alegórico”, falou o carnavalesco.

Embora estivesse muito tempo longe do carnaval do grupo de acesso, Alex se surpreendeu consigo mesmo ao não sofrer tanto quanto imaginava. Isso muito se deveu às condições de trabalho, que para a Série Ouro são boas:

“Se a gente tem dificuldade no Especial, imagina no acesso. Tem muito mais dificuldade. A última vez que eu fiz o grupo de acesso foi no ano de 2005, em que nós vencemos na Rocinha e subimos pro Especial. De lá para cá, eu fiquei todos esses anos no Especial. Então, já é um bom tempo distanciado do acesso. Eu achei que iria estranhar mais, eu achei que iria sofrer um pouco mais, mas pelo espaço que temos, que é até muito bom, e pelo que a gente está conseguindo fazer aqui dentro, acho que superou minhas expectativas positivamente, mas a gente quer subir”, disse o carnavalesco.

Contando com sua grande experiência no carnaval, o artista revelou já ter aprendido a se virar com o que tem. Mas para Alex, o grande desafio é o tempo:

“Eu acho que o papel do carnavalesco em um determinado momento do processo é realmente ter muito jogo de cintura e saber driblar as dificuldades. Você tem que ter um raciocínio muito rápido. E eu aprendi, até mesmo no tempo que eu trabalhei no acesso, que foram muitos anos também, de você saber que se não tem isso, então a gente troca por aquilo, se não dá para fazer assim, vamos fazer de outro jeito. Porque a gente tem que saber driblar várias situações, mas uma das questões mais complicadas é a questão do tempo. Tempo é um inimigo, porque você tem que driblar o tempo. E aí também tem a dificuldade financeira, a dificuldade com o material, a dificuldade com mão de obra. Então, você faz um projeto, você sonha muito. O problema é fazer esse projeto virar realidade, se materializar. Então, para se materializar, tem que ser muito versátil para chegar próximo daquilo que sonhou”, falou Alex.

O carnavalesco do Império evitou falar sobre o futuro. Alex prefere se preocupar em entregar um grande carnaval e só depois disso definir quais serão os próximos passos:

“Eu acho que o futuro a Deus pertence. A gente pode imaginar coisas, mas elas só acontecem. Vai chegar o momento do sim ou não. Mas, por enquanto, não há nada. O que me importa é que a gente está chegando perto do carnaval. Eu quero terminar de maneira tranquila, quero que fique mais próximo daquilo que sonhei. Que a escola faça um belo desfile, e que a gente consiga o melhor resultado. A partir daí, o que vier é lucro”, disse o artista.

Em seu desfile, o Império Serrano levará três alegorias, um tripé, além de um elemento cenográfico para sua comissão de frente.

Conheça o desfile da escola

Setor 1: “Nós vamos começar com esse cerimonial que é o xirê, onde a gente vai trazer os orixás e contar a história de cada um como fundador, como rei, pertencente de alguma cidade, algum reino que compunha esse grande império yorubá, que é o Ilu-Obá Oyó, que o Império Serrano está reverenciando. Nós abrimos com Exu naturalmente, porque sem Exu nada se começa. Então, a gente traz um tripé com Exu em um Itã, pois dizia no Orum que ele batia, que ele batucava, ele cantava para os orixás. E um dia, os orixás pediram para ele parar de fazer aquela cantoria toda. Quando pediram para ele retornar, ele disse que não faria mais. Deu o cargo a Ogan para fazer isso. E aí surge a figura de Ogan, que é o cargo de santo que faz a festa, que faz a cantoria, que bate. Em seguida, com seus irmãos, com Ogun e com Oxóssi, que é o carro Abre-alas. São os reinos referentes a Ogun e a Oxóssi. Um dado muito interessante é a própria figura de Ogun representada de uma maneira diferente. Para ele ganhar o reino dele, ele teria cortado a cabeça de um rei e oferecido para o seu pai. Horrorizado, não podia ver a cabeça do outro rei, mas permitiu, deu a ele algum reino”.

Setor 2: “Depois, a gente vem com uma sequência de orixás, que são Obaluae, Ossain, a bateria, que é o Ogan, e Oxumaré. E vem com o carro de Dan, de Daomé, que são as sete serpentes que formam arco-íris. Em seguida, a gente vem com todo o reino de Oió, vem com Xangô e suas mulheres, Oxum, Obá e Iansã. E com o segundo casal, com Orunmilá, é o Itã de Euá. E vem com o tripé de Xangô, o quarto alafim de Oió”.

Setor 3: “Na parte final, a gente encerra com Logun Edé, Nanã e Iemanjá, e traz a figura de Oxalufã, e encerra com o carro dos orixás funfum, que são os orixás brancos. A própria escola, pegando a coroa de Oxalá, consagrando o Império Serrano e trazendo membros da sua velha guarda, seus fundadores, que são grandes figuras. A gente fala dessa espiritualidade que também pertence ao Império, de grandes figuras do Império que fundaram a escola e que tiveram o cargo de santo, mães de santo, não exatamente do Candomblé, mas de casas de Umbanda e da própria figura do Mano Eloy, um dos fundadores da escola, que foi um dos primeiros a divulgar as canções dos orixás gravados em LP. Então, a história do Império Serrano é também muito forte com essa relação de fé africana. O enredo conta a história de como surgiu o Candomblé no Brasil”.

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