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Saravá, Seu Zé! Barroca Zona Sul homenageia popular entidade em desfile digno do mestre dos malandros

A Faculdade do Samba Barroca Zona Sul foi a quinta escola a desfilar no Sambódromo do Anhembi na segunda noite. Trazendo nada menos que Zé Pilintra como homenageado no enredo “A Evolução está na sua fé… Saravá Seu Zé!”, a verde e rosa apresentou grande desempenho ao longo de exatos 65 minutos de desfile. * VEJA FOTOS DO DESFILE

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A aura de Zé Pilintra esteve presente na avenida. Conteve a ansiedade de mais um atraso no início em função de sujeira na pista, e fez com que a Barroca passasse na avenida sem tomar conhecimento do fato de ser a única agremiação da noite sem algum título do Grupo Especial. Fez um desfile de excelente qualidade, com destaques para a comissão de frente, que veio com Carlinhos de Jesus como coreógrafo e dançarino, o fascinante conjunto de alegorias e a harmonia fantástica da comunidade da Zona Sul. Em uma noite marcada por estrelas brilhando, certamente a Barroca foi uma delas.

Comissão de Frente

Malandragem é o que não faltou na comissão de frente da Barroca, que veio encenando a “Devoção a Zé Pilintra… Do Brasil para o mundo”. Os dançarinos vieram caracterizados como os devotos da entidade espalhados pelo mundo, com uma vestimenta padrão que mudava apenas a cor da gravata para se referir a todos os continentes, com uma peça central representando um devoto da própria escola. A grande surpresa, guardada até o último instante, foi um elemento alegórico que trouxe um personagem extra: O próprio coreógrafo da trama, o consagrado Carlinhos de Jesus, onde não só distribuiu flores e cartas para o público como interagiu diretamente com a dança ao longo de três passagens do samba.

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Com uma dança ousada e ensaiada exaustivamente, carregada da genialidade do artista carioca, a comissão surpreendeu o público. Foi o prelúdio de um grande desfile e uma forma impor a presença da tradicional verde e rosa paulistana.

Mestre-Sala e Porta-Bandeira

O primeiro casal da Barroca, Igor Sena e Camila Pancini, veio representando o “Auto da Compadecida – Zé Pilintra & Nossa Senhora”, onde de acordo com a interpretação, a entidade foi recebida no Reino Divino pela mãe de Cristo e o encarregou de ser um mensageiro de luz, para que as pessoas na Terra não cometessem os mesmos pecados que ele cometera em vida.

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A vestimenta do casal veio fabulosa e casou com a dança impecável da dupla. Giros síncronos e passos ensaiados ao longo dos versos do samba deram um elemento a mais. Com muita empolgação, seguiram transmitindo a energia positiva da comissão e complementaram a forte cabeça da escola.

Harmonia

Chega a ser impressionante imaginar que é apenas o segundo carnaval da Barroca Zona Sul no Grupo Especial depois de tantos anos. Uma comunidade aguerrida, que cantou o samba a plenos pulmões e com isso permitiu que a bateria até mesmo arriscasse bossas ousadas, muito bem respondida por todos. O coral da verde e rosa ditou a trilha sonora do espetáculo, e foi um grande ponto de destaque.

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Enredo

A Barroca procurou contar a história de José dos Anjos ainda em vida, antes de subir aos céus e se tornar uma das mais populares entidades da legitimamente brasileira umbanda. O líder maior da gira dos malandros foi recebido no Sambódromo do Anhembi com ritual de louvação digno de sua figura. A história prosseguiu contando desde a saída dele do sertão nordestino até a chegada ao Rio de Janeiro, onde virou peça icônica da boemia da noite carioca em meio a bares e cassinos. O terceiro setor falou sobre a consagração de Zé Pilintra como entidade espiritual, e o desfile foi encerrado com um pedido pelo fim da intolerância religiosa e exaltando o povo das favelas.

Todos os elementos do desfile, comissão de frente, alegorias e alas, transmitiram suas mensagens com bastante facilidade e uma beleza simples, mas emblemática. A Barroca apresentou um grande tema e foi feliz na sua representação.

Evolução

Uma evolução em grande parte positiva da escola, mas com dois momentos a serem observados. A estratégia para o recuo da bateria não foi das melhores, e os ritmistas foram inseridos entre duas alas comuns, sem passistas ou destaques que pudessem ajudar a encobrir o vão antes da escola se reunir, fazendo com que um espaço de uma ala se abrisse em frente ao segundo módulo. Já no quarto módulo, a escola deu uma acelerada no ritmo para conseguir fechar o portão em cima do tempo máximo, o que seria uma boa estratégia se não fosse o primeiro erro. Pode acabar perdendo décimos por uma causa muito banal.

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Samba-Enredo

Cravado por muitos como o melhor samba do ano, o rendimento do samba cumpriu as expectativas do que se espera de uma obra de nível tão elevado. O canto foi alto, com a comunidade bastante envolvida. Casou perfeitamente com as passagens dos setores e foi ganhando o público conforme a escola passava. Dificilmente perderá pontos na apuração.

Fantasias

Surpreendentes e de fácil leitura, as roupas dos componentes da Barroca Zona Sul eram leves e no geral ajudavam no envolvimento dos componentes com o desfile. Dançavam todos sem medo de serem felizes e conseguiram fazer do carnaval a diversão que se espera dele. O grande destaque fica para as fantasias do último setor, um grau acima das demais e que transmitiram mensagens até mesmo complexas com um simples olhar, como foi o caso da ala da intolerância religiosa.

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Alegorias

As alegorias foram um show à parte. O Abre-alas lembrou muito um autêntico terreiro de umbanda preparado para o ritual de invocação de Zé Pilintra, que veio sentado em um trono simples como o povo que ele defende, mas na forma de uma enorme escultura toda trabalhada no veludo e com uma face muito bem trabalhada.

O segundo carro veio representando os famosos arcos da Lapa e a boemia carioca, onde Zé Pilintra deixou a sua marca. Um carro simples de acabamento, mas de mensagem fácil de ser captada, contando com vários malandros, damas da noite e mesas de bar.

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O terceiro carro representou um terreiro de umbanda por si só, todo trabalhado em branco e com uma enorme escultura de Oxalá, segurando seu cajado. Uma alegoria imponente e bela, com exceção da posição incomum do destaque, que veio de costas na parte da frente. A ideia dessa representação, cujo queijo veio com um grande globo terrestre, era de demonstrar respeito ao orixá.

A alegoria final foi composta por um letreiro frontal onde se lia “Saravá Seu Zé”, com o meio preenchido com uma favela de barracas todas em verde e rosa com um Cristo Redentor atrás, e a mensagem “Quem me protege não dorme” em suas costas.

Outros destaques

Como se não bastasse fazer uma grande apresentação em um dia difícil, a Barroca conseguiu segurar a ansiedade de ter que esperar mais um caso de derramamento de óleo ocasionado pela escola anterior. Hoje mais leve, atrasou o desfile em cerca de meia hora, mas não atrapalhou.

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Mas sem dúvidas, Carlinhos de Jesus foi o responsável por fazer todos os olhares se virarem para a Faculdade do Samba. Além do excelente desempenho da comissão de frente, foi um dos grandes responsáveis por fazer o público cair no samba e se render a homenagem a Zé Pilintra, que abençoou o desfile da Barroca Zona Sul logo após ter desfilado lá no Rio de Janeiro com Exu pela Grande Rio. Será que pegaram a ponte aérea para seguir brincando o carnaval? Veremos o resultado disso na próxima terça-feira.

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