Em seu retorno à Série Ouro do carnaval carioca, a São Clemente apresentou o enredo “O Achamento do Velho Mundo”, de autoria do carnavalesco Jorge Luiz Silveira. A proposta da agremiação foi de realizar uma viagem imaginária na avenida, misturando o tempo e o espaço. É uma expedição indígena partindo das praias de Pindorama até o Velho Mundo, numa espécie de ‘achamento às avessas’ que se torna possível devido a magia dos desfiles das escolas de samba.
“Quando o tambor tocar, quebra até o chão! Samba de ladinho, vem pro batidão”, diz o samba-enredo da São Clemente. A terceira alegoria veio toda revestida em tons de azul, preto e prata, recebendo o nome de “Vem pro Batidão – Um Baile para Jaci”. O carro é uma grande festa realizada pelo povo de Pindorama no velho continente, aos moldes do caloroso verão de Botafogo.
A estética tribal e futurista deu o tom da alegoria, que deu um show de brilho iluminação, mesmo desfilando com o dia já raiando. Na parte frontal do terceiro carro, havia quatro tambores e um grande ‘paredão treme-terra’, típico dos bailes funk do Rio de Janeiro. Três esculturas de rostos indígenas com um fone de ouvido ‘on-ear’ também faziam parte do carro. Nas laterais, três estrelas faziam a decoração da parte inferior.
Hágatta Gomes, de 35 anos, é passista da escola, mas neste carnaval veio em cima da alegoria como composição. Ela afirmou gostar de ouvir todos os estilos musicais. “Hoje em dia está tudo misturado… Sou carioca, né?”. As composições estavam vestidas de “As Preparadas”, fazendo referência a uma conhecida música de funk.
Outra musa que veio como composição é Jéssica Fernanda, de 35 anos, que desfilou na São Clemente pela primeira vez em 2008. Cria de favela, ela confessou ter o costume de ouvir bastante funk. “Eu curto funk sim… Hoje, só não tenho ido à baile, mas ja curti muito”. Ela ainda revelou que não tem muita preferência musical: “o que tocar estou lá dançando”.
Integrantes da velha guarda da São Clemente também compunham o terceiro carro. Lizete da Conceição, de 80 anos, é uma das fundadoras da escola de Botafogo. Desfilando na preta e amarela desde os 15 anos de idade, dona Lizete aprova a interação entre os ritmos do samba e do funk, a exemplo da bossa da Fiel Bateria de mestre Caliquinho: “é muito bom, eu gosto bastante e ainda me divirto”.
Bruna Almeida desfilou no chão, diante da terceira alegoria, vivendo o papel de Jaci, com a fantasia “A Dona do Baile”, interagindo com público que ainda marcava presença na Sapucaí. O destaque central do alto do carro era Nilcemar Pires, representando “A noite”.