Quando uma escola opta por reeditar um desfile na avenida ela assume o risco da comparação com uma apresentação de sucesso, seja dela própria ou de outra agremiação. A São Clemente escolheu por reeditar o seu mais bem sucedido desfile (‘E o samba sambou’ de 1990) em 2019 na volta de uma reedição ao Grupo Especial depois de dez anos.

Em entrevista concedida ao site CARNAVALESCO, Jorge Silveira afirma que não teme qualquer tipo de comparação e deixa claro que seu enredo é uma releitura de livre adaptação ao trabalho apresentado pelos artistas Carlinhos D’Andrade, Roberto Costa e César Azevedo, que foram os responsáveis pelos enredos satíricos que marcaram os desfiles clementianos.

– Essa percepção de repetição foi destruída com a divulgação da sinopse. Eu estou fazendo uma nova crítica, me utilizando da obra por ela ser atemporal. Não enxergo dificuldade, vejo como vantagem o tema já ter sido apresentado com um discurso diferente do meu. Foi um dos grandes momentos da escola, tenho liberdade para reinventar. Vamos flertar com o enredo de 1990 mas não será releitura literal. Iremos atualizar a temática. Houve um discurso profético e vamos reafirmá-lo adequando a 2019 com novas distorções. Não é só reeditar o samba. Foi um desfile bastante literal na ocasião. As formas foram construídas com muita inteligência, buscando o entendimento direto. Essa mesma clareza eu vou buscar como leitura e vou fazer piada e gozação – esclarece o carnavalesco.

‘Manifesto pelo carnaval’

O presidente Renato de Almeida Gomes, o Renatinho, complementa a explicação de seu carnavalesco e pondera que embora não seja um enredo totalmente político, a São Clemente buscará fazer um manifesto pelo carnaval quando passar pela avenida em 2019.

– Decidimos reeditar porque acho um dos enredos mais atuais do carnaval. Se os jurados julgarem de uma forma coerente iremos impactar a avenida. A Tuiuti trouxe um aspecto politico e se deu bem. Faremos um manifesto político do carnaval no nosso desfile. A São Clemente cresceu e não pode ser julgada como foi em 2018. Não gostei – dispara Renatinho.

O mandatário da preta e amarela da Zona Sul esclarece que os compositores do samba que estão vivos e os familiares daqueles que já se foram foram contactados para o recebimento dos direitos autorais do samba-enredo cantado em 1990.

– São dois compositores vivos e os filhos daquele que já se foram já foram contactados. Vamos fazer uma parceria. Estipulamos um valor legal para eles. É um montante bacana. Ajuda as famílias. Helinho e Chocolate são ícones da nossa escola e desfilarão conosco – promete.

Em 2019 a São Clemente terá em sua equipe dois importantes personagens do carnaval. O intérprete Bruno Ribas e a porta-bandeira Giovana. Renatinho considera que ambos não podem ficar fora dos desfiles.

– São opções de crescimento. O Bruno não pode ficar de fora do carnaval, assim como a Giovanna, nossa porta-bandeira, o Scapin coreógrafo. Essas pessoas são ícones do carnaval. Faço minha parte como gestor e sambista. Meus quesitos estão reforçados – alerta.

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